Real Life - Wantasha

63- Arco-íris

Wanda POV.

Eu nunca fui do tipo de pessoa de ter uma rotina, afinal, a minha vida de atriz não permitia isso. Ficava meses gravando algum projeto em horários e em dias alternados, e depois passava meses sem trabalhar com atuação. Isso significa que eu estava realmente sofrendo com uma bebê recém nascida em casa.

A pediatra deixou claro que era necessário criar uma rotina para e bebê e para nós, mas na prática era muito mais difícil.

Na nossa primeira noite, depois de nos despedirmos dos nossos familiares, a nossa bebê já estava em seu quarto, após um tempo de sua mamada e devidamente vestida para um sono confortável.

Natasha estava irredutível na idéia de fazê-la dormir lá, mas eu conhecia minha esposa o suficiente para saber que aquilo não duraria por tanto tempo.

-Por que ela sente tanta fome durante a madrugada? - Natasha murmurou. Nossa bebê em seu colo pela segunda vez na mesma noite e seu rosto amassado por ter o sono interrompido. Ela caminhou até mim e entregou a bebê.

-Se ela estivesse na nossa cama isso seria bem mais fácil. - a respondi levemente irritada com a sua reclamação, afinal, foi ela quem escolheu aquilo.

-Me chame assim que ela estiver satisfeita. - ela falou enquanto contornava a cama e se jogava em seu espaço.

Natasha Romanoff dormia feito uma pedra. E isso acontecia desde o início do nosso relacionamento, então eu sabia que ela não iria aguentar andar por aquele corredor três vezes durante a noite. Ela só não arregou naquela noite e permitiu que a bebê ficasse na cama por conta do seu orgulho.

Cinco dias se passaram e ela ainda mantinha a mesma opinião, mas naquela tarde, enquanto minha sogra me fazia companhia, Natasha disse que iria sair por menos de uma hora.

-Onde Natasha foi? - minha sogra questionou assim que entrou no quarto da Liz. Eu estava sentada na poltrona de amamentação e minha filha, como sempre, estava grudada em meio seio direito.

-Acho que foi na empresa. - dei de ombros. - Se eu pudesse também faria isso. Sinto falta de respirar novos ares.

Por mais que eu amasse a nossa vida, amasse minha filha e amasse minha esposa, por mais que eu estivesse completamente apaixonada pela sensação de segurança que o nosso lar me trazia ou o amor palpável que estava impregnada no oxigênio da nossa casa, eu ainda sentia falta de ter o meu momento, de pensar em mim.

-Não é justo que você viva presa aqui e ela fique saindo. - minha sogra bufou enquanto se aproximava de nós em passos silenciosos. - Vou falar com ela.

-Não precisa. - neguei prontamente, não queria que a minha esposa de 30 anos levasse sermão da minha sogra. - Afinal, eu não estou sozinha. - ter a nossa família tão próxima de nós naquele período era maravilhoso. - Eu realmente agradeço ao que a senhora está fazendo por nós. Não sei o que faríamos sem o seu suporte.

-Tudo por vocês. - ela sorriu e se abaixou levemente para deixar um beijo na minha cabeça e depois na cabeça de Liz. - Não existe motivos para agradecer, eu faço isso por amor.

A história de que sogra e nora deveriam se odiar era passado. Não havia a menor possibilidade de eu sentir nada além de sentimentos positivos pela minha sogra, que antes de ser sogra, foi uma grande tia que cuidou de mim por toda a minha infância e parte da minha adolescência.

Se passaram bons minutos até que Natasha estivesse de volta, indo diretamente ao quarto de Liz, onde eu passava a maior parte do tempo. Mas minha pequena já não estava mais mamando, e sim deitada sob o peito em um sono tranquilo.

-Como meus amores estão? - Natasha perguntou, se aproximando de nós em passos rápidos, como se os minutos fossem longos o suficiente para fazê-la sentir uma saudade quase que insuportável.