Real Life - Wantasha

51- Derretimento

Wanda POV.

O resto do meu dia foi resumido em: reuniões.

Eu recebi o roteiro do filme de T'Challa que ainda não tinha um nome definido, e por mais ansiosa que eu estivesse para ler, precisei o guardar na bolsa, não tinha tempo.

E era tão difícil manter o foco quando uma das minhas missões do dia era: falar com Natasha.

E por mais que eu tentasse a todo custo manter minha mente focada no trabalho, Natasha sempre vinha a mente.

Como ela está?

Eu acordei com uma mensagem da minha sogra dizendo que Natasha estava melhor e que iria para casa, mesmo com uma Melina insistente dizendo para ela ficar.

Natasha era teimosa.

E depois de cumprir com a minha agenda do dia, eu fui para casa.

Já era noite e eu precisava fazer aquilo que passei o dia pensando. E esse foi o motivo de eu entrar em um pé em casa e sair no outro.

Não me dei ao trabalho nem de tomar banho.- o que era um milagre para mim - E a escolha da roupa foi rápida.

Depois de poucos minutos eu já estava fazendo o caminho tão conhecido por mim, mas tão pouco feito nos últimos dias.

A cada quilômetro de carro, eu sentia meu coração bater mais forte. Eu estava prestes a vê-la e a esclarecer o que havia para ser esclarecido.

E quando eu parei o carro em frente a sua casa, eu travei.

Eu não conseguia sair do carro. Eu encarava fixamente aquela grande e bela casa.

E a voz da doutora Shawn voltou a ecoar em minha mente.

"-Vocês estão tornando as coisas muito mais difíceis do que realmente são, e você precisa entender que vai chegar a uma estaca onde conversa nenhuma vai salvar vocês."

Na verdade, essa era uma das coisas que eu me responsabilizava. Eu era mulher o suficiente para assumir que quem dificultou tudo nos últimos dias, fui eu.

Fui eu que me neguei a falar.

Fui eu que me afastei.

A culpada era eu. E se mesmo depois da conversa, o nosso relacionamento chegasse ao fim, essa era uma das culpas que eu iria carregar.

Eu seria a responsável por deixar o amor da minha vida ir.

Eu passei mais tempo dentro daquele carro encarando a casa, do que levei para me arrumar.

Respirei fundo ao sair do carro, caminhei lentamente até a casa, tentando a todo custo prolongar a caminhada, mas não havia mais o que fazer, eu estava parada em frente a porta.

Minha única opção era correr ou apertar a campainha.

Tudo o que fiz nos últimos meses foi fugir, eu não poderia fazer isso dessa vez.

E isso me levou a apertar a campainha.

Plin.

Um arrepio percorreu meu corpo quando eu escutei passos se aproximar da porta.

-Isso foi hilário... - Natasha disse para alguém que estava dentro da casa enquanto abria a porta, sua gargalhada rouca ecoando por todo o local e causando em mim um leve descompasso na respiração. Eu não pude deixar de reparar na garrafinha de cerveja que estava em sua mão livre, a outra estava na maçaneta.

Sua expressão foi de choque total quando nossos olhos se encontraram, e eu vi sua boca abrir e fechar algumas vezes.

-W-wanda... - ela conseguiu falar meu nome depois de alguns segundos em silêncio. Seu tom de voz era de surpresa, assim como sua feição.