Capítulo Vinte e Seis

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Universidade de Harvard
Cambridge, Massachusetts

Alguns dias depois...

—Entre — A voz levemente acentuada de Cecilia Marinelli respondeu à batida de Ana.

Ana abriu a porta e enfiou a cabeça dentro do escritório.

— Olá ,Cecilia. Você tem um minuto?

Ao ver Ana, a expressão de Cecilia mudou. Ela assentiu rigidamente e gesticulou para Ana entrar.

Ana ficou intrigada com a reação dela. Ela ficou sem jeito, até que Cecilia finalmente a convidou para sentar-se.

Cecilia era pequena, com olhos azuis brilhantes e cabelos escuros e curtos. Ela era da Itália, originalmente, e chegou à Harvard no mesmo ano que Ana.

— Pensei que você estivesse de licença maternidade. — Cecilia tirou os óculos e os colocou em sua escrivaninha. Ela não sorriu.

— Eu estou. Eu esperava poder falar com você por um minuto.  — Ana apertou as mãos no colo. Sentindo-se nervosa.

— Eu ouvi as notícias, é claro. A administração está anunciando Christian como um dos seus mais importantes ex-alunos. Parabéns pela Sage Lectureship. — O tom de Cecilia não combinava com suas palavras.

— Obrigado. Ele está muito empolgado.

— Eu vi o tópico dele para as palestras — As bordas da boca de Cecilia se abaixaram. — Está interessante, mas muito romântico. Além
disso, os níveis de leitura de Dante são muito comuns. Eu esperava mais, muito mais.

Ana ficou atordoada. Cecilia e Christian sempre foram amigáveis. A crítica dela foi afiada.

Alheia à reação de sua aluna, Cecilia continuou.

— Então você e Christian estarão pendulares no próximo ano, enquanto ele estiver em Edimburgo.

— Não. — Ana quase gaguejou. — Bem, é sobre isso que eu queria perguntar. Eu...

— Você não pode tirar outra licença. — interrompeu Cecilia, passando para o italiano. — Não após a sua licença de maternidade. Você precisa fazer cursos no próximo outono e montar sua proposta de dissertação.

O olhar de Ana caiu para as botas, imaginando o que ela havia feito para ofender Cecilia. Elas tiveram uma conversa calorosa por telefone quando Ana explicou que estava tirando uma licença de maternidade. E elas trocaram e-mails igualmente agradáveis sobre o workshop do professor Wodehouse.

A frequência cardíaca de Ana aumentou enquanto ela pensava em como poderia suavizar as coisas com sua supervisora.

— Eu já comecei a trabalhar na lista de leitura que você me deu para minha proposta de dissertação. — Ela se ofereceu.

— Você também deve trabalhar na lista de leitura do workshop de Don Wodehouse. Vou mandar para você.

— Obrigado. — Ana se iluminou. — Vi o professor Wodehouse em Edimburgo. O aluno dele, Graham Todd, leciona lá .

— Eu conheço Graham. — A expressão de Cecilia relaxou. — E é bom você conhecer Don. E importante mostrar a todos que leva seus estudos a sério e que você não está simplesmente reciclando as ideias de Katherine Picton. Ou as de seu marido. — Ana quase engasgou.

— Cecilia, eu fiz algo errado?

— Na verdade, você fez algo certo. Você ofereceu uma nova perspectiva sobre o caso de Guido Montefeltro na conferência de Oxford no ano passado, em vez de confiar no trabalho de Katherine ou Christian. Por isso a Wodehouse notou você . Mas à s vezes, fazer excelentes trabalhos não é o suficiente. — Cecilia parecia amarga.

— Você tem que ser focada. Você tem que ser disciplinada. Você tinha uma bolsa de estudos neste departamento, que concedemos a outro aluno enquanto você estava de licença. Agora você quer outra licença para poder ir a Edimburgo? Sinto muito, mas não posso apoiar isso.

Ana começou a torcer as mãos.

— E se eu não tirar uma licença, mas apenas me matricular em Edimburgo para o semestre de outono? Graham Todd me apresentou a alguns dos membros de seu departamento. Posso descobrir o que eles estão ensinando e fornecer as descrições do curso para avaliar se os créditos podem ser transferidos.

Cecilia se irritou.

— Edimburgo não é o mesmo que Harvard.

Ela apontou na direção do escritório de Greg Matthews, o presidente de seu departamento.

— Eu duvido que Greg aprovaria você a termine suas aulas em Edimburgo.

Ana se inclinou para frente.

—Cecilia, por favor. Eu poderia descobrir
quais são os cursos e mostrá -los a você ?

Cecilia olhou-a por um momento.

— Eu não faço promessas.

— Você sabia que o reitor ligou para Greg no dia em que Sage Lectures foram anunciados, questionando por que ninguém neste departamento foi nomeado como Sage Lecture nos últimos quinze anos?

Ana vacilou.

— Eu não sabia disso. Sinto Muito.

— Eu também. — Os lábios de Cecilia torceram ironicamente. —Christian é um aluno deste departamento. Portanto, o reitor e a cadeira podem reivindicá -lo. Greg me disse que Christian solicitou a cadeira dotada que Harvard me deu. Agora, o reitor acha que Greg cometeu um erro.

— Eu ganhei esta posição. — O tom de Cecilia ficou duro. — Estou mais adiantada em minha carreira do que Christian e eu temos mais publicações. Agora Greg está trazendo Katherine para o departamento. Por quê?

Ana respirou fundo.

— Eu não sei.

— Eu ganhei minha cadeira dotada. Eu deixei Oxford para vir para cá . Mas isso não conta para o reitor. Ele insiste que sua faculdade deve ganhar todos os prêmios. Ele diz que a Universidade de Boston o envergonha.

Os olhos de Ana se voltaram para a porta do escritório, que estava parcialmente aberta. Essa conversa não saiu como planejado. Não mesmo.

Cecilia baixou a voz.

— Você está de licença maternidade e deve retornar no outono. Como você acha que vai parecer se o aluno mais importante, meu aluno, for para Edimburgo? Ao mesmo tempo em que eu sou preterida para as Sage Lectures, ao mesmo tempo em que Katherine é convidada a se juntar ao meu departamento? Não. Você deve terminar seu curso aqui.

Ana sentiu algo como desespero assentar em seu estômago. Ela assentiu, preocupada que se ela abriu a boca, ela começou a chorar.

Cecilia colocou os óculos novamente.

— Katherine está na casa dos setenta. Ela pode optar por se aposentar a qualquer momento. E sua vida está entrelaçada com a dela o suficiente, já que ela é madrinha do seu filho. Se eu decidir deixar você como estudante...— A voz dela sumiu.

O tempo parecia diminuir. O peito de Ana ficou apertado enquanto tentava respirar. Ela sentou calmamente, se perguntando se tinha ouvido o que pensava ter ouvido.

No espaço de algumas frases, Cecilia deixou cair o equivalente a uma (n acadêmico) bomba de hidrogênio. Embora ela não estivesse afirmando com certeza que deixaria Ana como uma estudante, ela estava ameaçando. Perder um supervisor de graduação no meio de um programa teria consequências devastadoras para qualquer aluno, especialmente se não houvesse garantias que ela encontraria outro supervisor.

Cecilia se levantou.

— Então, você deve continuar lendo em preparação para sua proposta de dissertação. E enviarei a você a lista de leitura do workshop de Don Wodehouse.

Ana balançou a cabeça e agradeceu humildemente à supervisora antes de fugir para o corredor.

Ela caminhou rapidamente na direção do banheiro feminino mais próximo e conseguiu se esconder sem que ninguém visse suas lágrimas.

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