Capítulo Quarenta e Sete

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— E a sua família? Elas estão bem? — Nicholas Cassirer parecia horrorizado.

— Anastasia está abalada, mas elas estão bem — Christian fechou cuidadosamente a porta do banheiro na suíte do hotel, para não as incomodar.

Clare agora estava dormindo em seu cercadinho e Anastasia desabou na cama king—size. Passava das cinco horas da manhã em Boston e faltava pouco para o meio dia em Zurique, a casa de Nicholas.

Christian continuou.

— Eu já falei com o homem que você recomendou para a vigilância. Ele está nos Alpes, assistindo a família Talbot esquiar. Não houve nenhuma reunião clandestina ou comportamento suspeito.

— Qual foi a avaliação de Kurt?

—Ele acha que a invasão não tem nada a ver com Jack. Mas ele se ofereceu para fazer contato.

—Eu confiaria nos instintos dele. Pode ser uma boa ideia deixar que ele dê uma palavra. Ele pode ser muito persuasivo.

—Eu vou checar Kurt hoje.

— O que você descreveu soa como o trabalho de um ladrão de arte profissional.

— Sim, mas qual profissional invade uma casa ocupada? — As palavras de Christian deixaram sua boca tarde demais. Ele fechou os olhos. — Meu amigo, desculpe. Eu não estava pensando.

Nicholas mudou de assunto.

— O intruso verifica todas as obras de arte da sua casa, mas ignora joias e dinheiro. Então ele não é um oportunista. Estou confuso que ele não tenha levado nada. Talvez ele esteja planejando voltar.

— E disso que eu tenho medo.

— Ou ele não encontrou o que estava procurando.

Isso deu a Christian uma pausa.

— As peças mais valiosas que possuo
estão no Ufizi.

— Sim, eu sei —, disse Nicholas — A exposição, com seu nome em anexo, chamou atenção internacional. Alguém pode ter se inspirado a visitar sua casa e inspecionar sua coleção pessoal.

—Ladrões de arte profissionais geralmente têm como alvo obras especı́ficas para compradores especı́ficos. O ladrão sabe que você possui as ilustrações de Botticelli e supõe que você tenha outras peças valiosas em seu poder. Ele faz um inventário para poder se aproximar de um colecionador.

— Você acha que ele vai voltar?

— Se ele encontrou algo que pode vender, sim. Ele pode ser da Itália, ou falar o idioma pode ter sido uma jogada calculada para apontá—lo para a Itália. Mas isso não importa. Quando se trata de obras de arte, o mercado negro é internacional.

Christian esfregou a testa.

— Qual é a sua recomendação?

— Você gostaria de compartilhar seu inventário? Talvez eu consiga discernir em que o ladrão está interessado.

— Certamente.

— Eu acho que você e Anastasia deveriam trabalhar com um artista para produzir um retrato falado do intruso. Eu tenho um contato na Interpol. Eles podem reconhece—lo.

— Nós vamos cuidar disso — Christian abriu sua bolsa de laptop e retirou uma bola de tecido — Há mais uma coisa. Acredito que o ladrão deixou um cartão de visita.

— Que tipo de cartão de visitas?

—Parece um memento mori renascentista. E uma pequena escultura de uma caveira de um lado e um rosto do outro. Pode ser verdadeiro, eu não sei.

— Você pode enviar uma foto?

— E claro — Christian rapidamente tirou uma foto com o telefone e mandou uma mensagem para Nicholas — Encontrei no meu quarto, depois do arrombamento.

Nicholas cantarolou enquanto examinava a foto.

— Por que você não entregou à polícia?

— Porque eu não queria que ele fosse etiquetado, ensacado e colocado em uma sala de provas. E mais útil se puder ser autenticado e rastreado.

— Posso recomendar alguém do museu da minha família em Colônia. Mas é melhor você se aproximar do Dottor Vitali na Ufizi. Ele pode ser capaz de rastrear a procedência para você.

— Itália, mais uma vez —, Christian murmurou.

— Devo dizer que o cartão telefônico muda minha avaliação.

— De que maneira.

—Faz a invasão parecer pessoal. Se o memento mori foi deixado intencionalmente, poderia ser um aviso. Uma ameaça de morte. Existe alguém, além do ex—namorado, que gostaria de prejudica-lo?

— Não — Christian respondeu rapidamente — Ninguém.

— Você não ofendeu alguém com conexões poderosas? Alguém no mundo da arte?

— Não. Eu sou professor. Eu vivo a vida de um acadêmico. As únicas pessoas que ofendo são as que ignoram Dante.

— Mas isso deve ser um grupo pequeno e, como você sabe, os acadêmicos raramente contratam proissionais para invadir casas e examinar obras de arte. Meu conselho é atualizar seu sistema de segurança. Telefonarei para a equipe que trabalhou na casa dos meus pais e pedirei que os visitem nos Estados Unidos, como um favor pessoal.

Quaisquer que fossem suas suspeitas sobre as conexões de Nicholas Cassirer, Christian não recusaria uma oferta tão generosa.

— Obrigado — Christian aceitou rapidamente — O Natal está próximo. Quando você acha que eles estarão disponíveis?

— Vou coloca-los em um avião hoje à noite.

— Eu aprecio isso — Christian encontrou sua voz estranhamente rouca —Se houver algo que eu possa fazer, basta perguntar.

— Sinto muito que isso tenha acontecido. Vou ligar para o meu contato na empresa de segurança agora. Ele entrará em contato.

— Obrigado.

— E Christian? Eu recomendaria enviar seu memento mori para os Ufizi o mais rápido possível. Pode ser a pista que você está procurando.

—Eu vou. Obrigado — Christian desconectou e saiu do banheiro.

Ele se sentou em uma poltrona e bateu o celular no queixo, pensando.

Nicholas lhe dera muito sobre o que pensar, principalmente a possibilidade de haver uma conexão entre o assalto e a exposição no Ufizi.

Mais uma vez, Christian ficou intrigado que invasor não tenha levado nada. Quase todas as obras de arte estavam no térreo, o que y que o ladrão poderia ter arrombado, retirado várias peças e saído  sem ter alertado ninguém de sua presença.

O ladrã o devia estar procurando por alguma coisa — algo especı́fico ou fazendo um inventário da casa. Se fosse algo especı́fico, ele provavelmente não o encontrara, caso contrário ele teria pegado. Se ele estava fazendo um inventário, pretendia voltar.

Se o invasor quisesse entrar na casa simplesmente para aterrorizá — los, ele teria feito isso. Como foi, ele usou pouca violência, nenhuma arma além dos punhos, e deixara Anastasia e Clare intocadas. No entanto, o memento mori pode ser interpretado como uma ameaça.

E foi uma ameaça dirigida a ele, já que a peça foi deixada ao seu lado da cama.

Christian se perguntou se as regras de envolvimento do intruso eram auto impostas ou impostas por alguém que o havia enviado.

O professor não tinha respostas para essas perguntas, mas seu intelecto talentoso continuou a examinar tudo repetidas vezes, até que finalmente caiu na cama apó s o nascer do sol, exausto.

A Promessa de Christian - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora