Capítulo Sessenta e Quatro

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Os conventos do Magdalen College eram incrivelmente pitorescos.

Ana inclinou-se atraves de uma das arcadas abertas para o espaço arejado, procurando as pequenas esculturas de pedra que estavam ao longo das paredes. C. S. Lewis, o professor e autor, havia sido inspirado a incorporar as mesmas esculturas em O Leão, a Bruxa e o Guarda-roupa, um dos livros favoritos de Ana.

Em sua primeira visita a Oxford, ela e Christian haviam permanecido na faculdade. E ela saiu da cama tarde da noite para olhar as esculturas. Mas ela não ousaria pisar no gramado excepcionalmente bem cuidado a luz do dia, por medo de ser despejada.

Sua conversa com Cecilia repetia em sua mente, mais e mais. Ana se perguntou se poderia ter lidado com isso de maneira diferente. Ela se perguntou se Cecilia teria sido mais receptiva se ela tivesse abordado o assunto mais cedo.

Trabalhar com a professora Picton era uma honra, e claro, mas Ana gostava de trabalhar com a Cecilia. Ela a considerara uma amiga. Sua despedida hostil iria assombrar o resto de seus estudos de pós-graduação e agora sua carreira. Mesmo a magica de Katherine não poderia impedir Cecilia de falar ironicamente sobre Ana e seu projeto, se assim o desejasse.

A academia era muito parecida com um feudo.

— Procurando por Aslan? — Uma alegre voz a chamou.

Um homem alto e de ombros largos se aproximou ao lado dela. Ana olhou para o rosto de José Rodriguez e sentiu uma gratidao instantanea.

"Eu desejo."

O comportamento alegre de José mudou quando ele viu seus olhos lacrimejastes.

— O que ha de errado?

— Cecilia não aprovaria meu semestre em Edimburgo. Quando eu disse a ela que iria trocar de supervisores, ela disse que nao atuaria no meu comite de dissertação e que não escreveria uma carta de recomendação para mim no mercado de trabalho.

— Merda. Sinto muito. — José se moveu para se apoiar no mesmo arco que Ana. Ele eniou a mão no bolso da calça jeans e produziu um lenço de papel. — Aqui.

— Obrigado. — Ela o pegou com gratidão e limpou o nariz.

— Você não acha que Cecilia vai mudar de ideia?

— Ela estava bastante inlexıvel.

José amaldiçoou.

— E ridículo. Você esta no seu ultimo semestre do curso. Edimburgo tem um programa em italiano e Graham esta la. Qual e o problema da Cecilia?

— E uma longa história, mas basicamente acho que ela esta chateada por não ter sido escolhida para as palestras. Nosso reitor deu a ela um pouco de estresse e acho que ela está jogando-o em mim.

— Isso e besteira.

— Estudantes de pós-graduação são peões. Ou coelhos.

José a lançou um olhar interrogativo.

— Você não conhece a parabola do coelho e da maquina de escrever? —, Perguntou Ana.

José balançou a cabeça.

— O coelho esta em sua toca, digitando furiosamente em uma maquina de escrever. Ela digita por dias e noites e, inalmente, quando termina, surge com seu projeto. E há um leão sentado do lado de fora da sua toca, que tem assustado a todos.

— E o leão come o coelho, - disse José.

— Não. O leão protege o coelho, para que ele possa concluir o seu projeto.

A Promessa de Christian - Livro 4Onde histórias criam vida. Descubra agora