Capítulo 14:

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O jantar foi... interessante, pra dizer o mínimo.

Estava tudo sob controle no começo, ou o que você podia chamar de sob controle. Seb parecia estar dando em cima de mim de propósito, enquanto Flora observava com um olhar nada amigável. Tive a impressão de que ela iria sair do seu lugar e ia usar uma faca de manteiga para esfaquear o ruivo.

Me distraí com o Primeiro-Ministro mostrando uma foto da filha dele, uma garotinha de nove anos que era muito parecida com a mãe. Os dois falaram que ela estudava na Academia Real de Genovia, e que era um prodígio das artes. Eles pareciam tão orgulhosos que não pude deixar de me sentir feliz por eles também.

E claro que Flora ainda estava planejando o assassinato de Seb há algumas cadeiras de distância. Eu não fui a única a notar, já que vi Alex falando algo em seu ouvido e ela tomou um pouco de vinho desviando o olhar.

Consegui passar da entrada e do prato principal sem incendiar ninguém e sem Seb ter tocado fogo no kilt do Príncipe Alex, ele estava muito ocupado dizendo o quão linda eu era, e como meus olhos eram brilhantes, e se eu gostaria de conhecer o hotel que ele estava ficando depois do jantar.

O encarei e peguei a minha taça de vinho — mas também a única que eu tinha permissão de tomar naquele jantar — desviando o olhar para Flora, que fingia não estar nos olhando.

— Não precisa, eu já conheço o quarto da sua irmã muito bem. — Falei despreocupadamente e ele engasgou com a comida. Arregalei os olhos e coloquei a mão na boca dramaticamente. — Meu Deus, Príncipe Sebastian, você está bem? — Perguntei, a voz falsamente preocupada como eu já tinha visto Flora fazer tantas vezes.

Ele continuou tossindo e eu lhe dei um tapa forte nas costas. Ele me encarou indignado, aceitando a taça cheia de água que um garçom tinha lhe passado.

— Eu estou bem, estou bem. — Ele disse para as pessoas que tinham se virado para ver o que tinha acontecido. — Foi só um susto.

Seb me encarou pelo canto do olho, mas eu engajei numa conversa com a esposa do Primeiro-Ministro e o ignorei. Então um garçom veio e tocou no meu ombro de forma sutil.

— Perdão por interromper, Vossa Alteza, mas Vossa Majestade está te chamando. — Ele disse e eu pedi licença antes de ficar de pé e ir até a ponta da mesa. Me ajoelhei ao lado de Grandmère e de Lydia.

— Está tudo bem? — Perguntou baixinho.

— Claro, claro. Tudo ótimo. — Respondi e minha avó trocou um olhar com Lydia, que sorriu e colocou uma mão no meu ombro.

— Se precisar de qualquer coisa avise, querida. — Ela pediu e eu concordei, ficando de pé e indo voltar para o meu lugar.

— Licença. — Ouvi a voz de Flora falando para as pessoas com quem ela estava sentada e ela ficou de pé, nossos olhares se encontraram e ela indicou para a porta que levava ao banheiro. Olhei para a minha avó e ela apenas indicou rapidamente para eu seguir a loira e assim fiz.

O banheiro da sala de jantar do consulado tinha um lustre, o que sempre me pegava de surpresa. Flora estava apoiada na pia e sorriu ao me ver.

— Você acha mesmo que eu não te vi com ciúmes? — Falei e ela me olhou desentendida.

— Ciúmes? Por que eu sentiria ciúmes? — Perguntou cruzando os braços.

— Porque seu irmão está dando em cima de mim desde cedo e parece que você vai o assassinar. — Falei me olhando no espelho e não reconhecendo a pessoa que me encarava de volta, então desviei o olhar antes que eu tivesse uma crise existencial.

Flora deu risada e negou com a cabeça.

— Acho que você está passando muito tempo comigo. — Falou, e eu me aproximei. Eu estava usando saltos, então eu deveria estar mais alta, mas Flora estava usando saltos também, o que não ajudou muito o meu lado.

Me, a Princess? - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora