Capítulo 18:

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— Millipeia, podemos conversar? — Meu pai perguntou do outro lado da minha porta. Ele tinha batido algumas vezes antes de entrar. — Por favor, me diz que não tem cocaína dentro desse livro.

— Quê? Claro que não! De onde você tirou isso? — Perguntei erguendo a cabeça da minha mesa, e onde um dos meus livros novos estava aberto.

— Ah, graças a Deus. — Ele suspirou aliviado. — Podemos conversar? — Ele perguntou de novo.

— Claro, pai. — Falei fechando o livro, ele se sentou na minha cama. Parecia preocupado e eu comecei a me preocupar também. — Aconteceu alguma coisa?

— Anna está grávida. — Ele disse de uma vez. — E eu a pedi em casamento.

— Você pediu? — Perguntei arregalando os olhos.

— Eu sei que somos só nós dois contra o mundo desde o início, com toda aquela coisa de sua mãe ser uma princesa e termos decidido que seria melhor se você crescesse fora de toda aquela loucura, e depois ela morreu. — Ele fez uma pausa, como se ainda fosse dolorido falar de como minha mãe tinha praticamente lhe abandonado com um bebê. — Enfim, não é sobre isso que eu quero falar. O que eu quero falar é que, querendo ou não, você está passando por mudanças que eu só posso imaginar ultimamente e essa será outra mudança drástica. — Meu pai parou de novo, mas eu falei nada, esperando que ele continuasse a falar, ele se sentou na minha frente e segurou nas minhas mãos. — Eu não vou te amar menos ou vou deixar de te amar por causa disso, você vai ser a rainha de um país algum dia e continuará sendo a minha garotinha.

Eu o abracei sem falar nada, percebi como seus ombros ficaram tensos por um segundo que ele não estava esperando um abraço sem que eu falasse nada antes.

— Você está brincando? Vai ser incrível! Você acha que eu aguento olhar pra cara da Flora o dia todo? — Perguntei, sabendo que ela tinha ido se despedir de sua família então ela não tinha chances de escutar isso.

E eu aguento sim olhar para cara de Flora o dia todo, muito obrigada.

— Você acha mesmo? Você não está preocupada ou com ciúmes? — Meu pai perguntou confuso, eu dei de ombros.

— Por que eu estaria? Eu adoro a Anna e estava mais do que na hora de vocês dois se casarem. — Falei em tom de brincadeira, apesar de estar falando sério. — Vocês foram feitos um para o outro, além do mais, eu sempre quis ter um irmão ou uma irmã.

— Ah eu lembro de você com seis anos me pedindo um irmãozinho. — Meu pai disse sorrindo. — O pedido tinha prazo de validade? — Comecei a rir, mas meu pai ficou de pé e eu o abracei de novo, ele me abraçou de volta.

Acho que eu estava com saudade de abraçá-lo, acabamos nos afastando um pouco desde que Grandmère tinha aparecido por aqui.

— Quanto tempo Anna está? — Perguntei quando nos soltamos, ele deu um sorrisinho sem graça.

— Três meses. — Ele coçou a cabeça careca. — Ela já desconfiava há algum tempo, mas com tudo que aconteceu, ela decidiu esperar para ter certeza.

— Caramba, eu não fazia ideia. — Falei, meu pai me olhou com aquele olhar de "dá pra acreditar?".

— Muito menos eu. — Ele suspirou. — Mas está tudo bem, vamos ficar um tempo sem os Acampamentos da Família Quint. — Ele disse e eu ergui as sobrancelhas, cruzando os braços.

— Então o do mês passado foi o último? — Perguntei, sabendo de que não daria tempo para haver um acampamento de qualquer jeito. Quer dizer, estávamos em novembro, Flora tinha chegado em outubro, dois meses depois do começo das aulas, e o baile seria no começo de Dezembro. Minha avó e Flora passariam o resto do mês me preparando incansavelmente para esse baile, eu provavelmente não teria tempo nem para respirar.

Me, a Princess? - RocksaltOnde histórias criam vida. Descubra agora