— Millipeia, podemos conversar? — Meu pai perguntou do outro lado da minha porta. Ele tinha batido algumas vezes antes de entrar. — Por favor, me diz que não tem cocaína dentro desse livro.
— Quê? Claro que não! De onde você tirou isso? — Perguntei erguendo a cabeça da minha mesa, e onde um dos meus livros novos estava aberto.
— Ah, graças a Deus. — Ele suspirou aliviado. — Podemos conversar? — Ele perguntou de novo.
— Claro, pai. — Falei fechando o livro, ele se sentou na minha cama. Parecia preocupado e eu comecei a me preocupar também. — Aconteceu alguma coisa?
— Anna está grávida. — Ele disse de uma vez. — E eu a pedi em casamento.
— Você pediu? — Perguntei arregalando os olhos.
— Eu sei que somos só nós dois contra o mundo desde o início, com toda aquela coisa de sua mãe ser uma princesa e termos decidido que seria melhor se você crescesse fora de toda aquela loucura, e depois ela morreu. — Ele fez uma pausa, como se ainda fosse dolorido falar de como minha mãe tinha praticamente lhe abandonado com um bebê. — Enfim, não é sobre isso que eu quero falar. O que eu quero falar é que, querendo ou não, você está passando por mudanças que eu só posso imaginar ultimamente e essa será outra mudança drástica. — Meu pai parou de novo, mas eu falei nada, esperando que ele continuasse a falar, ele se sentou na minha frente e segurou nas minhas mãos. — Eu não vou te amar menos ou vou deixar de te amar por causa disso, você vai ser a rainha de um país algum dia e continuará sendo a minha garotinha.
Eu o abracei sem falar nada, percebi como seus ombros ficaram tensos por um segundo que ele não estava esperando um abraço sem que eu falasse nada antes.
— Você está brincando? Vai ser incrível! Você acha que eu aguento olhar pra cara da Flora o dia todo? — Perguntei, sabendo que ela tinha ido se despedir de sua família então ela não tinha chances de escutar isso.
E eu aguento sim olhar para cara de Flora o dia todo, muito obrigada.
— Você acha mesmo? Você não está preocupada ou com ciúmes? — Meu pai perguntou confuso, eu dei de ombros.
— Por que eu estaria? Eu adoro a Anna e estava mais do que na hora de vocês dois se casarem. — Falei em tom de brincadeira, apesar de estar falando sério. — Vocês foram feitos um para o outro, além do mais, eu sempre quis ter um irmão ou uma irmã.
— Ah eu lembro de você com seis anos me pedindo um irmãozinho. — Meu pai disse sorrindo. — O pedido tinha prazo de validade? — Comecei a rir, mas meu pai ficou de pé e eu o abracei de novo, ele me abraçou de volta.
Acho que eu estava com saudade de abraçá-lo, acabamos nos afastando um pouco desde que Grandmère tinha aparecido por aqui.
— Quanto tempo Anna está? — Perguntei quando nos soltamos, ele deu um sorrisinho sem graça.
— Três meses. — Ele coçou a cabeça careca. — Ela já desconfiava há algum tempo, mas com tudo que aconteceu, ela decidiu esperar para ter certeza.
— Caramba, eu não fazia ideia. — Falei, meu pai me olhou com aquele olhar de "dá pra acreditar?".
— Muito menos eu. — Ele suspirou. — Mas está tudo bem, vamos ficar um tempo sem os Acampamentos da Família Quint. — Ele disse e eu ergui as sobrancelhas, cruzando os braços.
— Então o do mês passado foi o último? — Perguntei, sabendo de que não daria tempo para haver um acampamento de qualquer jeito. Quer dizer, estávamos em novembro, Flora tinha chegado em outubro, dois meses depois do começo das aulas, e o baile seria no começo de Dezembro. Minha avó e Flora passariam o resto do mês me preparando incansavelmente para esse baile, eu provavelmente não teria tempo nem para respirar.
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Me, a Princess? - Rocksalt
Hayran KurguMillie Quint era só uma garota normal até que com a chegada de sua avó nos Estados Unidos ela descobre que é a herdeira de um pequeno país europeu. E como se não bastasse, outra princesa é transferida para o seu colégio bagunçando ainda mais seus p...