— Espera aí! – Leon levantou a voz surpreso. – O que o Mago Negro de Ekhbart tá fazendo neste fim de mundo?!
— Shhh! – Calvin fez sinal de silêncio para o homem de cabelo grisalho e cochichou. – Não podemos conversar aqui. Precisamos ir a um lugar mais isolado para falar sobre o que me motivou a procurá-los.
— É tão confidencial assim? – Maximilien indagou.
— De certo modo sim. É sobre o retorno a Ekhbart.
— Como sabe...? – Leon tentou perguntar.
— Sou um mago – Calvin interrompeu bem-humorado. – Posso ler os pensamentos de qualquer um que eu quiser.
Os quatro homens decidiram sair de dentro da taverna e, sob a luz da lua cheia, caminharam até fora do vilarejo, onde encontraram alguns gravetos e acenderam uma fogueira no intuito de iluminá-los. Sentaram ao redor das chamas e Maximilien, Leon e Ambrose encaravam Calvin, ansiosos por respostas.
— Para retornar a Ekhbart, obviamente será necessário que os três tenham espadas e aliados. Creio que certamente vocês três saibam disso.
— Sabemos, sim. – Leon afirmou a Calvin. – Isso é bem óbvio, convenhamos.
— Eu imaginava. – pousou seus olhos cinzentos sobre Maximilien. – Príncipe Maximilien, por favor, mostre-me o anel que possui.
O jovem fez o que lhe fora pedido e o Mago Negro perguntou:
— Consegue tirá-lo para que eu possa ver mais de perto?
— Lamento, mas é impossível. – Maximilien respondeu. – Já tentei tirá-lo quando houve uma época de fome aqui na região para vender e conseguir alimento, mas não sai do dedo de jeito nenhum.
— Será que ele ficou apertado, Max? – Leon perguntou.
— Não, não o sinto apertado. Mas toda vez que eu faço menção de tirá-lo, ele aperta na hora, parece que tem vida própria... Como se ele não quisesse sair, se é que isso é possível.
— Esse anel não é um anel comum. – o Mago Negro sentenciou enquanto olhava atento o diamante incrustado na joia. – Ele só sairá de onde está após a sua morte.
— Mas... Como o meu pai tirou do dedo dele para me dar esse anel?
— Eu já ouvi histórias desse anel. Uma delas diz que ele sai ao sinal de morte iminente de seu possuidor. Ele não precisa estar necessariamente morto.
— Então isso quer dizer que ele já sentia que estava prestes a morrer. – Maximilien olhou para o anel enquanto dizia sua conclusão.
— Sim. E ao que parece ele queria resguarda-lo de alguma coisa. Assim como não consegue tirá-lo, é impossível outra pessoa o usar. Um mago colocou nele um encantamento que faz com que apenas um legítimo Turner possa usá-lo. Apenas aquele que possui o sangue real dos Turner pode ser seu possuidor.
— Isso quer dizer que o Max tem aí no dedo uma prova cabal de que é filho único do Ed? – Leon indagou.
— Mais do que isso. – Calvin afirmou. – Ele tem uma pista para encontrar a lendária espada da Fênix Imortal.
— Pensei que isso fosse apenas uma lenda! – o príncipe se surpreendeu.
— Algumas lendas são verdadeiras. – o mago disse. – Acontece que o tempo as encarrega de fazer com que se tornem apenas narrativas fantasiosas. E no caso da espada, ela realmente existiu, só que não é vista há pelo menos dois séculos. Essa espada foi forjada há uns quinhentos anos, à mesma época que o anel e os dois receberam magia de um mago, para que somente aqueles com sangue real os utilizasse, talvez uma forma de evitar fraudes envolvendo bastardos. Conta-se que a espada de algum modo foi perdida em uma caverna e nunca mais foi achada.
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Exilium
FantasyUma ascensão antecipada ao trono. Uma traição. A queda. O exílio. Dez anos se passaram desde sua queda e sua condenação injusta ao exílio. Com sede de vingança, Maximilien Turner retorna ao reino de Ekhbart, disposto a retomar o que é seu de direito...