Capítulo 23: Em Fallenstar

10 4 98
                                    

Depois de quase um dia inteiro de viagem de liteira, Melissa reconhecia aquelas muralhas e o grande estandarte principal à entrada. A fulgurante estrela prateada de sete pontas se destacava em relação ao fundo azul-marinho salpicado de estrelas prateadas menores. Reconhecer Fallenstar, a terra pertencente aos Starr, a deixava mais aliviada.

A pequena comitiva vinda de Elibar adentrava a primeira muralha, para depois seguir até o castelo onde vivia Lorde James Starr. Nunca, em tanto tempo, havia se sentido tão aliviada por estar chegando àquele lugar.

A viagem até Fallenstar só fora possível graças a um pouco de persuasão, argumentando que precisaria de outros ares para se recuperar da perda do bebê, e que estaria mais segura nas terras de seu pai do que no palácio. Também poderia ter contribuído o fato de que, na manhã seguinte, Edwin partiria para a região fronteiriça com Zordaris, que era alvo de disputa com o reino vizinho.

Com seu foco na investida que lideraria contra o reino vizinho, não duvidava que ele queria ficar livre dela o quanto antes.

Tinha que aproveitar bem a estadia em Fallenstar, pois planejava mais do que apenas um período fora do palácio... Seu plano era bem mais ambicioso e arriscado.

*

No pátio da propriedade dos Griffin, cavaleiros livres e juramentados treinavam suas habilidades de luta com espadas. Maximilien também estava praticando com a espada, junto com Leon, mas ambos saíam exaustos. Treinavam intensamente, à medida que começavam a se reunir na Planície dos Grifos todos os aliados que até então conseguiram reunir, dentre eles grandes senhores, senhores das casas menores e seus respectivos vassalos, com milhares de espadas dispostas a batalhar pela causa do príncipe que retornara do exílio.

Não só acreditavam que Maximilien Turner era o verdadeiro rei de Ekhbart, como até mesmo odiavam Edwin e seu governo, que levavam o reino à ruína. Mas, claro, havia no meio desse grupo aqueles que tinham seus próprios interesses e que desejavam vantagens.

Deveria saber administrar tudo isso, se quisesse que sua recondução ao trono fosse bem-sucedida, à prova de qualquer eventual tentativa de traição.

Começaria a testar a sua liderança a partir de agora, saindo da Planície dos Grifos. Aproximava-se a hora de fazer os primeiros movimentos, agora que Edwin estava distraído com mais uma batalha.

Poderiam tomar Elibar logo de início, mas provavelmente seria uma manobra arriscada. A capital do reino era cercada de aliados do atual rei, que eram numerosos. Precisaria conquistar mais aliados, fazer com que pelo menos uma parte dos aliados de peso de Edwin virasse a casaca.

Além disso, precisava ter um local fixo para reunir outros aliados. Precisava de apoio não somente para destronar o rei-bastardo, mas também para governar Ekhbart após isso. Uma base sólida de apoio era necessária.

Escolhera a dedo os homens que seriam integrantes de seu conselho. Eram homens que ele sabia que poderiam ser dedicados a ele e ao seu reinado.

Ele e Leon – agora oficialmente comandante de sua guarda recém-montada – se dirigiram até o salão principal, pois precisavam se reunir logo, para acertar os últimos detalhes para saírem da Planície dos Grifos. Os integrantes do conselho já os aguardavam em seus lugares.

À exceção de Calvin, que estava ausente por estar em Elibar, os demais integrantes se faziam presentes. Estavam Ludwig Krause e Joster Roth, que eram do conselho de Edwin, além de Ambrose.

O novo rosto daquele grupo era de um homem mais jovem que os veteranos lordes vindos de Elibar. Ele era o senhor da Planície dos Grifos, Lorde Landon Griffin. Tinha cerca de trinta e cinco anos, cabelos curtos, negros como a noite e olhos profundos, da mesma cor. Possuía uma estatura mediana e um corpo mais esguio.

ExiliumOnde histórias criam vida. Descubra agora