Capítulo 9: O anel de Maximilien

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Os dois homens encaravam o jovem à frente com surpresa. Apesar de reconhecerem facilmente os traços de seu rosto, percebiam que havia nele algo de diferente. Sabiam que ele havia, de certa forma, mudado. O tempo mudava as pessoas, mas o que poderia ter mudado naquele jovem em dez anos?

O que poderia ter mudado do rapaz de dezoito anos para o homem dez anos mais velho? De algum modo, sabiam que havia mudanças para além da aparência maltratada. Talvez um ressentimento contido, ocultado por uma aparente conformidade com seu destino. Mas, naquele momento, seus olhos permaneciam levemente arregalados devido à surpresa que ainda o dominava ao reconhecer aqueles dois homens.

Ambrose e Leon não titubearam e iam fazer menção de se ajoelharem diante dele, que os impediu:

— Não façam isso!

— Por quê? – Leon questionou meio surpreso. – É o nosso príncipe!

— Não, eu não sou. Sou apenas um exilado... Um mísero exilado que tentou várias vezes fugir desta porcaria de lugar e que resolveu aceitar seu destino.

— Mas o anel que o Ambrose viu...

— Eu sei. Mas aqui isso não faz muita diferença. Não quando se fica vários anos ininterruptos acorrentado sob o sol, a lua ou a chuva quebrando pedras para conseguir metais.

Ambrose riscou alguma coisa em um pedaço de papel de pão com um pedacinho de carvão – que trazia consigo – e entregou a Maximilien:

"Mas em Ekhbart esse anel fará diferença. Foi mais do que um presente de seu pai."


— Maximilien... – ele sorriu enquanto tirava um anel do dedo anular da mão direita. – Eu tenho um presente para você.

— Um presente? – Maximilien perguntou intrigado. – Mas, pai...

— Eu sei. O seu aniversário é daqui a quinze dias... Quando você chegará à maioridade. Só que temo não poder viver até esse dia. – os olhos verdes de Edward pousaram na joia em sua mão, para depois fitarem os olhos igualmente verdes do garoto. – Por essa razão, eu quero pessoalmente dar esse presente ao meu filho, pois não gostaria que outro fizesse por mim. Quero dar a você este anel, que passou por todas as gerações de nossa família, e dizer que tenho muito orgulho de ter um filho como você, Maximilien Turner. E eu desejo que os deuses que regem este mundo estejam te abençoando como me abençoaram, e que eles te protejam de todo e qualquer mal... E que a Fênix Imortal, símbolo de nossa Casa, sempre te reerga quando necessário, fazendo-o renascer das cinzas. Que você tenha uma vida muito mais longa do que a minha!

Edward pediu para que Maximilien estendesse sua mão direita a ele, que, com a mão meio trêmula devido ao seu estado debilitado, colocou o anel de ouro branco com diamante azul no dedo anular da mão direita do jovem. Em seu rosto pálido, um largo sorriso apareceu, fazendo com que os olhos verdes recuperassem parte do brilho que existia tempos atrás, antes de ele adoecer e ficar limitado à cama.

— Maximilien, meu filho... Só você é sangue do meu sangue, e nada nem ninguém serão capazes de provar o contrário. Este anel será uma prova irrefutável de que você é único... E uma prova indestrutível do quanto eu o amo como pai, desde que foi gerado no ventre de sua mãe.

— Pai... – Maximilien estava tocado por aquelas palavras de Edward. – Nem sei o que dizer...! Obrigado!

— Continue me orgulhando, filho... Não importa se eu estou aqui, ou não. Sei que será um grande homem!

A reação do jovem, sem palavras após receber o presente do pai, foi pegar a mão dele e a beijar respeitosamente. Preferia abraça-lo, mas nas circunstâncias de momento isso não era possível. Porém, era uma demonstração de carinho de um filho para com o pai.

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