Capítulo 5: O dom de Luke e a proposta de Edwin

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— O que é tão urgente para interromper minha reclusão, Albers? – Calvin questionou com cara de poucos amigos. – Sabe muito bem que devo ficar durante esse tempo completamente recluso...

— ... Sem qualquer contato com o mundo exterior e qualquer coisa que dele provenha. – Luke completou. – Eu sei. O senhor sabe que eu não seria imprudente de vir aqui interrompê-lo se não fosse algo realmente necessário e urgente.

— Bem... Já que me interrompeu, quero saber o que o traz aqui com tanta urgência, que não pôde esperar pelo fim da minha reclusão. – o homem de preto terminou de abrir a porta. – Saia desse frio, garoto.

O jovem albino retirou a capa e entrou. Passaram pelo hall até chegarem a uma sala com a lareira acesa. Calvin aproveitou e, antes de se sentar, colocou mais lenha ao fogo, para aquecer o ambiente em meio ao inverno rigoroso. O mago se sentou em uma das poltronas e convidou o jovem a fazer o mesmo.

Calvin Barnes era um homem bastante respeitado em Elibar. Nascido em uma casa da nobreza, ele era o filho mais jovem de Lorde Gregory Barnes e Lady Melinda Barnes. Com a morte dos pais, cerca de quinze anos atrás, seu irmão mais velho, Joshua, herdava o título do pai, sendo o atual Lorde Barnes. Desde os quinze anos, Calvin se dedicava a aprender tudo sobre magia com o seu antecessor, Harold Dempsey. Com a morte de seu mestre, ele assumira as vestimentas negras, costume do principal mago de Ekhbart, cujo papel no reino era de transmitir mensagens dos deuses e usar seu dom de magia para o bem do reino. Tal costume não se sabia ao certo como surgira, dizia-se que era uma homenagem ao primeiro mago, que passara a usar preto, após perder tudo o que tinha. Desde então, as vestimentas negras eram sinal de desprendimento, principalmente de bens materiais. Aparentemente, isso não condizia com o fato de ele possuir aquela propriedade, porém ele somente vivia naquela moradia por muita insistência de seu irmão mais velho... Mas com a condição de passá-la adiante ao seu sucessor, o que foi aceito por Joshua.

O atual Mago Negro fitou, com seus penetrantes olhos cinzentos, os olhos azuis bastante ansiosos de Luke. Percebeu no jovem a aflição presente e que realmente não viria até ele sem um motivo bem forte.

— Pode dizer o que tem a me contar. – foi direto.

— Então é melhor prestar bastante atenção, porque durante esses dias de sua reclusão, muita coisa aconteceu.

— Conte-me, por favor.

O jovem aprendiz de mago contou tudo desde a morte do rei Edward, passando pela coroação que deveria ser de Maximilien, mas que acabou sendo do autoproclamado rei Edwin, até as suas visões e as frases perturbadoras que proferira de forma inconsciente, e que lhe foram repetidas por sua irmã.

— "Um dragão cinzento paira nos céus de Ekhbart..." – o Mago Negro repetiu.

— Isso. – Luke confirmou.

— "Ontem choveu esperança... Mas a partir de hoje veremos florescer desgraça..."

— Exatamente.

Calvin quedou-se pensativo por alguns instantes, absorvendo as informações que ouvira de seu pupilo. Ficou surpreso com os últimos acontecimentos relatados, embora já esperasse a morte do rei Edward, que estava muito debilitado quando do início de sua reclusão. Porém, o restante fora uma grande reviravolta, visto que o esperado, obviamente, seria Maximilien assumir o lugar do pai.

Assim como Luke, ele também via com estranheza a alegação de que Maximilien seria um usurpador e as outras atitudes do novo rei de Ekhbart. Ainda havia muita coisa que provavelmente o garoto não sabia, mas a julgar pelas visões por ele narradas, as coisas não iriam ficar bem... Sobretudo para o reino.

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