Capitulo Quatorze

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Anthony

— Tudo está resolvido. Consegui contornar a situação com Maggie.

— Maggie é perigosa Anthony, não é o tipo de pessoa que blefa.

— Mãe, eu sei o que estou fazendo.

— Você já parou para pensar no que a Kate irá fazer quando descobrir?

— Não, posso imaginar que ela vai me odiar.

— Sim filho, ela vai odiar você. Se a ama como diz, deve dizer a verdade.

— Eu direi mãe, só não preciso fazer isso agora. Eu ainda tenho tempo e preciso que a Kate confie em mim.

Norah me olhou dos pés a cabeça com aquele olhar de reprovação. Idêntico ao que fazia quando eu jogava bola proximo aos vasos gregos raros.

— Depois não diga que eu não avisei.

— Eu irei resolver, não se preocupe.

— Seja rápido. Eu tenho medo que você se machuque tanto que não possa...

— Mãe, não sou mais o menino frágil que precisava de suporte para tudo. Eu consigo controlar as minhas emoções agora, sou adulto e não estou mais doente.

Norah me fez pensar na repulsa e ódio com o qual Kate irá me tratar assim que souber de tudo. No mínimo, ela irá se afastar. Estavamos na biblioteca enquanto minha mãe argumentava preocupada. A senhora Stevens, a governanta, trouxe um par de xicaras com chá de camomila. Procurei animá-la, dizendo que não seria difícil fingir na pre­sença de Kate que estava tudo bem, mas não me sentia mais confiante. Tinha a ligeira e trépida sensação de que logo, tudo desandaria.

— Pense que ela pode se apaixonar por mim — aconselhei. — E finalmente terei uma familia de verdade.

Nora não gostou do sarcasmo com que me referia ao acordo, mas estava decidida a ter paciência.

— Você vai se machucar feio filho, infelizmente não poderei fazer nada.

— Chega dessa mãe. Parece que está torcendo para que algo ruim aconteça...

Eu sabia que Norah estava sempre a observar como Kate se comportava em nossa casa, e como nos davamos. Tenho que me concentrar na parte material do contrato.

Por outro lado, não quero que Kate sofra ao descobrir a verdade. Elajá passou por maus momentos, e não era justo que ficasse mais magoada. E quanto a Maggie? Não me interesso pelos sentimentos dela. Se ela era capaz de se sujeitar a uma chantagem destas deveria estar pronta para enfrentar as consequências.

— Irei para o meu quarto. Peça que me chamem na hora do jantar.

— Está bem — concordei.

A senhora Stevens ficou me encarando enquanto tomava o chá. Era uma mulher forte e decidida, de cabelos grisalhos e um sorriso largo.

— O que foi Emma?

— A senhora Carter irá demorar?

— Não sei. Ela deve voltar cedo, porque?

— Gostaria de saber o que devo fazer para o jantar.

O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora