Capítulo Vinte e oito

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Kate

De repente, após tomar o terceiro gole rindo frenética com Norah, Meggie começou a ficar estranha. Muito pálida, ela deixou a taça cair no chão, se estilhaçando em muitos pedaços junto ao pouco liquido que ela ainda não tinha bebido. Séria, ela segurou a garganta com as mãos.

Norah continuou olhando-a, com um leve sorriso de satisfação com a sua taça entre as mãos. Eu olhei para as duas não entendendo bem o que acontecia, mas imaginando superficialmente que se tratava de algo muito sério.

— M-a-l-d-i-t-a. — Meggie falou com a voz entrecortada.

— Achou mesmo que eu fosse permitir que meu filho casasse com uma víbora como você?

— S-o-c-o-r-r-o. — Meggie implorava enquanto caia no chão.

— Senhora! — A empregada desabou em seus pés, tentando mantê-la acordada. — Eu vou buscar ajuda.

Quando ela correu em direção ao telefone, Norah esticou a perna dando-lhe uma rasteira, fazendo-a ficar prostrada no chão e com os olhos esbugalhados em sua direção.

— Você não vai a lugar nenhum. Vai ficar bem onde você está. Pegue a faca Kate e cuide dessa aqui! — Ordenou a mim.

Eu fiquei parada sem entender absolutamente nada e também assustada com o comportamento dela.

— Você não me ouviu?

Antes que ela repetisse, peguei a faca em cima da mesa e apontei para a empregada que imóvel permanecia assustada no chão.

— O que você ainda não percebeu Margareth? — Norah disse enquanto se aproximava de Meggie, pondo a cabeça dela no seu colo. — Que você perdeu ou que vai morrer?

— Eu.... Vou.... Morrer?

— Vai sim. Eu envenenei você.

— Maldita...

— Sim, mas não tanto quanto você. Eu morei muito tempo na Grécia, sei muitas das suas histórias. Sabia que Sócrates morreu envenenado, assim como você está morrendo? Com a mesma toxina: cicuta. Primeiro, é a paralisia no corpo. Sua mente ficará alerta algum tempo até que a sua respiração cesse.

— Não... Vai... Se.... Safar...

— Lá, é muito fácil conseguir esse elixir eliminador de pragas como você.

— "E agora chegou a hora de nós irmos, eu para morrer, vós para viver; quem de nós fica com a melhor parte ninguém sabe, exceto os deuses." — Sussurrou já sem forças Meggie.

Norah começou a chorar compulsivamente e de repente não conseguia controlar seus nervos. Eu conseguia entender que ela se sacrificou por mim e Anthony e o que ela acabara de fazer ia contra toda a sua capacidade humana e moral. De longe, dava-se para perceber o quanto era bondosa, delicada e integra. Incapaz de fazer mal à uma mosca que dirá matar alguém tão friamente. Eu estava realmente chocada, mais ainda por ter duvidado dos seus bons sentimentos para comigo.

Eu me aninhei junto a Norah, que recostou a cabeça em meu ombro chorando copiosamente. Eu apenas alisei seus cabelos enquanto a empregada ainda assustada, consumia seu choque prostrada no chão, os olhos vidrados no cadáver de Meggie.

— Mãe?! — Anthony adentrou a sala de jantar olhando tudo rapidamente. Seu olhar percorria cada canto da casa.

Sobrancelhas levantadas em resposta, boca curvando-se num sorriso cruel e absolutamente desprovido de hu­mor, ele deu um passo à frente.

O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora