Capítulo Vinte e Dois

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Desde que voltamos de Londres, após a destruição de tudo que julguei improvável nessa vida precisei pisar em ovos com relação a Anthony. Acima de tudo, sabia que não deveria contar a ele nada sobre Meggie ou exigir nada que fosse a respeito dela. Em vez disso, apenas resolvi devotar toda a minha atenção, toda a minha emoção, à alegria pelo milagre que aconteceu com ele e me esforçar para fazer esse casamento dar certo.


Foi muito difícil tomar conta da empresa sozinha, sem muita experiência. Papai fez o que pôde para me dar apoio e incentivo, como sempre. Em relação a tudo o que aconteceu, resolvi deixar para trás. Não me permiti tocar mais no assunto, sequer esclarecer nada com papai. Na primeira vez em que vi Anthony na cadeira de rodas, perto da escada, me fez sentir um remorso inexplicável. Essa condição, no entanto, não tirou sua imponência e charme.  Eu sabia que a forma com a qual ele me olhava, me dava o perdão que eu necessito para que o nosso amor floresça.  Fui irre­dutível, teimando que ficarei ao seu lado durante o tratamento.


— E se a próxima operação não der certo?

— Dará certo.

— Como pode ter certeza?

— Eu sei que sim. Da próxima vez em que você for se operar, estarei ao seu lado.

— Eu quero estar de pé logo, andando. Eu prometo que voltarei a andar. Lembrar que prometi isso a você me dará mais incentivo ainda.


E agora, seremos felizes e nada po­derá impedir isso.


Durante os dias que se seguiram, me dediquei inteiramente ao trabalho. Organizou a equipe, plane­jei um cronograma e arregacei as mangas. Jamais tive tantas pessoas para mim, sequer nunca trabalhei antes e isso estava me empolgando muito, o que, por um lado, era um luxo, mas, por outro, um desafio, porque era muito difícil coordenar o trabalho de tantos funcionários. Anthony era o herói desse lugar.

Trabalhava intensamente até as 16h ou 17h, de­pendendo do progresso do dia. Enquanto todos faziam uma pausa no meio do dia, inspecionava o trabalho, que em geral era impecável, garantindo-lhe um progresso mais veloz que o antecipado.

Chegava em casa apenas na hora do jantar. En­tão, como sempre, jantei com Anthony e Norah. Após o relatório dos avanços no pré-operatório e fisioterapia. Tom, ainda se sentia relutante em falar abertamente sobre. Assim, ele passava a maior parte do jantar perguntando sobre a empresa. Depois do café, pedia licença para sair, o que me fazia olhar para a expressão distante que ele sempre lançava.

Não era exatamente agradável e eu entendia perfeitamente como ele se sentia, mas pelo menos agora estávamos começando a nos acostumar com a rotina e a aprender a não se sentir tão constrangida na presença um do outro. Nos amávamos e isso era o que importava.

Contudo, alguma coisa estava diferente esta noite. Terminei a conversa com Norah e me dirigi ao quarto, Anthony estava do lado externo do quarto que dava para o jardim.

— Venha. Vai acabar pegando um resfriado. — Disse, reforçando o convite com um gesto.

— Acha que vou voltar a andar Kate? — Perguntou, enquanto sentava-me diante dele.

— Claro que sim. — Peguei em sua mão. — Como pode ter tantas dúvidas após todos os médicos que consultamos e que disseram o mesmo? — Acrescentei com um sorriso nos lábios.

O ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora