Com o objetivo principal pautado em formar mulheres conteudistas para suas vidas além dos muros, o The Garden possuía políticas de ensino que não se assemelhavam ao comum visto em institutos do mundo todo. Ali, por meio de blocos de aulas, atividades mentais e manuais, e rotina cristã rígida, as jovens mulheres alcançavam seu pontencial máximo. Ao menos aos olhos de Bizzy Forbes Montgomery, uma mulher que mantinha sua postura firme assim como seu olhar.
A verdade sobre a estadia de Addison Montgomery ali era a simples necessidade de agradar e servir, que lhe acompanhara desde seus anos iniciais de vida. Sua mãe nunca fora a mais gentil, mas era visionária o suficiente para garantir que a filha fosse muito bem sucedida. Primeiro no colegial, depois na faculdade e é claro, sua passagem pelo The Garden havia sido impecável. Era vista como exemplo, não que isso lhe agradasse, mas agradava sua mãe.
Ao final da aula do dia, Montgomery saira da sala após duas horas intensas de estudo sobre a poesia feita por mulheres, vendo em sua nova turma um potencial gigantesco. Era muito comum que suas discussões sobre os assuntos tratados durassem bastante tempo, e ali, logo no primeiro dia, a fala elouquente de Meredith Grey a deixara intrigada. Como alguém tão jovem podia desvendar com tamanha facilidade as dores dos poemas lidos?
No tempo livre, fora das paredes grossas do instituto, era possível ver as mais diversas atividades. Após saudarem as imagens santas, as jovens corriam para fora, visando aproveitar o pouco sol que fazia naquela manhã. Junto a elas, as professoras e cuidadoras se alegravam, buscando conversar sobre assuntos triviais. Embora não quisesse se excluir, naquele dia em particular Grey se sentara um tanto distante de todos, abrindo o livro que Addison começara a trabalhar em sua aula.
Nas páginas, era possível ver a marcação feita a lápis, cheia de questionamentos e anotações, pois era assim que ela estudava. A atividade da semana era compor um poema, visceral na medida do possível, sobre amar em qualquer instância. Amplo demais até mesmo para uma primeira aula. Seus olhos sobem do livro para a figura que logo aparecia perto de si com um sorriso, se sentando ao seu lado.
────Você tem olhos especiais, Grey. ────A voz levemente rouca agradava muito os ouvidos de Meredith, lhe fazendo sorrir. ────Gosto quando discussões ascendem para outros níveis, torna tudo mais... ────Sua palavra se perde, mas a menina logo a completa.
────Excitante?! ────Addison arqueara sua sobrancelha no mesmo minuto, sorrindo minimamente.
────Escolha interessante de vocabulário... Mas sim, excitante! Quase passei do horário com vocês hoje! ────A ruiva suspirara, descendo seus olhos para o livro nas mãos de sua aluna, vendo suas marcações em um poema distinto. ──── Diálogo de surdos, não: amistoso no frio/ Atravanco na contramão / Suspiros no contrafluxo. ────Sua voz calma recitava o poema ao olhar nos olhos verdes de Meredith Grey. ──── /Te apresento a mulher mais discreta
do mundo: essa que não tem nenhum segredo. ────Ao término, ela sorri sem perceber o incêndio que havia causado sem avisos.────As palavras ficam doces na sua boca, como se não houvesse um sentido maior em toda essa construção. ────O livro fora fechado, ao que sua mão repousara sobre a capa dura. ────Estou tendo problemas em pensar sobre o que escrever para você... Ainda mais quando evoca segredos o tempo todo em suas divagações. ────Seu olhar cortara da macieira para qual olhava, o repousando novamente em Addison. ────Guarda tantos segredos como eu, professora?
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Eve's Garden ▪︎ MEDDISON
Hayran KurguA tradição era algo que os Grey presavam acima de tudo, criando assim sua única filha segundo os princípios que acreditavam e se apegavam, buscando lhe tornar a imagem e semelhança da perfeição. Por decisão conjunta, Meredith e seus pais optaram por...