Capítulo 7

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Como o combinado, Allifer foi na minha casa após a aula. Fomos juntos e isso já havia virado um hábito, porém foi a primeira vez que ele foi em minha casa desde que apresentamos o trabalho em dupla e não precisávamos mais nos encontrar fora do colégio.Minha casa não era um lugar desconhecido para Allifer, minha mãe também havia se acostumado com sua presença e gostava quando ele ia nos visitar. Ele sabia também onde era o meu quarto, e era lá que estávamos naquele momento.


- Sobre o que você queria falar comigo? - Allifer perguntou meio apreensivo.


- Eu... - Se ele estava apreensivo, então eu estava prestes a explodir. - Me desculpa por isso.


Me aproximei de Allifer e o empurrei em minha cama. Posicionei meu corpo em cima do quadril dele, sentando em seu colo, e comecei a beijá-lo intensamente. Ele cedeu o beijo enquanto afagava seus dedos entre os fios do meu cabelo. Depois de finalizar o beijo, levantei meu corpo e comecei a fitar as expressões faciais de Allifer. Seu rosto manifestava um pouco de vergonha misturado com confusão:


- O que você está fazendo? - Perguntou Allifer, tentando ao máximo evitar contato visual.


- Eu sei quem você é Allifer. Eu sei que você é o suposto "Josh" com quem eu jogava todos os dias, e inclusive sei disso há muito tempo.


- Você sabia? Como?


- Foi naquele dia em que te vi na loja de jogos. Você saiu correndo para eu não descobrir que você gostava de jogos, mas isso estava um pouco óbvio. Talvez você se esqueceu desse dia quando te perguntei se jogava algo. - Comecei a acariciar seu cabelo. - Naquele dia, você derrubou seu celular no chão, você se lembra disso? Por alguma razão, quando olhei para a tela dele, estava aberto o jogo que costumávamos jogar juntos. Foi desde então que eu descobri quem você era.


- Então, quando eu lhe enviei a carta, você já sabia de tudo?


- Sim, eu sabia.


- Isso é constrangedor. - Allifer cobriu seu rosto com suas mãos.


- Sabe... - Peguei uma de suas mãos e a retirei de seu rosto. - Eu sempre achei o "Allifer" interessante fisicamente, mas sempre pensei que eu não teria chance. Já o "Josh", eu o achei interessante pelo jeito de ser dele, sem nem ao menos saber quem ele era. Mas quando eu descobri que os dois eram um só, fiquei surpreso. Eu não imaginava você sendo dócil dessa forma, e muito menos gostando de meninos.


- Mas por que fingiu não saber de nada?


- Eu tinha medo. Eu sei que se nos descobrissem, seria ruim não tanto para mim, mas sim para você.


- Mesmo assim, eu fiquei por tanto tempo ansioso imaginando como seria se nós pudéssemos ser próximos, por isso usei o trabalho como desculpa para me aproximar de você.


- Bom, eu disse que revelaria minha sexualidade se você me revelasse sua identidade, certo? Agora que estou frente a frente com você, revelando tudo, está na hora de dizer a verdade. - Enconstei uma de suas mãos no travesseiro e entrelacei nossos dedos. - Eu sou totalmente gay.


- Então eu tenho chances? - Allifer sorriu esperançoso.


- Eu nunca beijei alguém com tanta vontade quanto te beijei agora a pouco, eu preciso mesmo responder sua pergunta? - Soltei um leve riso. - Eu gosto de você Allifer, eu gosto desde quando eu nem sabia que você e Josh eram, na verdade, a mesma pessoa. Eu me apaixonei por tudo em você e eu quero ficar com você, mesmo que eu tenha medo.


- Diego... - Allifer expôs um sorriso alegre em seu rosto. - Você não tem noção do quanto estou feliz e aliviado. Você é o primeiro garoto para quem eu revelo meus sentimentos e eu estava com tantas inseguranças. Sério, eu não consigo descrever com palavras como estou me sentindo agora.


Allifer me abraçou com força. Logo após o abraço, o mais novo me encarou por alguns segundos e me puxou para um beijo. Foi um beijo intenso e demorado, o beijo que eu havia desejado há tempo.Os beijos começaram a ficar quentes e nossos corpos ficaram abafados.


- Acho que seria bom não nos empolgarmos tanto.. - Disse Allifer em meio a um rosto tímido.


- É, você tem razão. - Dei risada e me levantei. Meses atrás eu acharia impossível imaginar o Allifer tímido, mas agora é a feição que mais adoro nele.


- Ainda podemos ser amigos mesmo depois disso tudo? - Ele perguntou.


- Eu quero ser mais do que seu amigo. - Fiz uma cara de indignação. - Mas acho que não seria bom você ficar tão próximo de mim.


- Por quê? - Allifer me perguntou com um olhar entristecido.


- Algumas pessoas sabem que eu sou gay. Realmente, não sei como você nunca soube. Só não quero que passe pelo o que passei.


Notei que ele abriu a boca para falar algo, mas em seguida, hesitou. - Mas eu não tenho mais meus amigos para conversar.


- Você é popular, consegue amigos fácil fácil.


- Mas eu não quero, depois daqueles bastardos me enganando durante anos. As pessoas só gostam de mim pela popularidade e aparência, eles nunca ao menos me conhecem direito e vêem como eu realmente sou. E é por isso que quero estar do seu lado, você me aceitou e gostou de mim pelo meu interior, sem saber como meu físico era.


Ao falar aquilo, eu enxerguei medo no olhar de Allifer. Uma furia ou talvez insegurança. Talvez passara pela mesma situação com outras amizades e achei que seria algo privado demais para perguntar sobre, então apenas deixei passar.


- Tudo bem, se acalme. - Lhe dei um selinho. - Eu estou aqui, independente do seu corpo ou rosto, ou seja lá o que te faz ser admirado, não foi por isso que me interessei. - Respirei fundo. - Só... tome cuidado. Você é observado por várias meninas e elas podem começar a achar estranho a nossa intimidade do nada.


- Irei tomar cuidado sim, pode deixar. - Allifer sorriu e me puxou para outro beijo.


"Não fale com estranhos na internet!" — Minha mãe me alertava quando eu era mais novo. Mas não somos estranhos se estamos apaixonados.

Não somos estranhos se nos conhecemos Onde histórias criam vida. Descubra agora