Fui correndo até ele sem hesitar, chamando-o em voz alta:
- Allifer!
Ele olhou para mim e se levantou rapidamente. Puxou-me com força e me deu o abraço mais forte que já me dera antes.
Consegui ouví-lo soluçar e senti suas costas tremerem, sabendo assim que estava chorando.
- Eu estou tão feliz que esteja bem, eu estava tão preocupado com você. - Falei aquilo e sem perceber, minha vista estava embaçada pelas lágrimas. - Por que você sumiu daquele jeito? Eu fiquei tão assustado.
- Porque eu te amo, porra. - O mesmo falou em voz alta, me surpreendendo. - Porque eu sabia que não ia conseguir conviver com você sem te tocar, sem falar com você e sem ser seu namorado. Eu não ia aguentar, mas eu também não sabia se eu devia voltar ou não. - O mesmo deu uma pausa para respirar. - Eu colocava na minha cabeça de que não teria chance de você fazer aquilo intencionalmente, porém eu me sentia tão inseguro, porque todos em que eu confiei me enganaram. - As lágrimas passaram a escorrer em seu rosto cada vez mais rápido. - Porque eu vi aquilo tudo com meus próprios olhos. Eu me senti tão...
Segurei seu rosto firme e o puxei para o beijo, interrompendo-o. - Eu amo você, só você - Falei em voz alta. - Foi ele quem fez tudo aquilo, eu nunca faria isso com você. - Colei nossas testas, fitando-o.
- Me desculpa, eu agi como um babaca naquele dia e sumi, e olha pra você agora. - Segurou meu rosto.- Pele pálida e olheiras escuras, eu quem te deixei nesse estado. - Sua respiração estava acelerada por conta de seu nervosismo.
- Calma, você só entendeu tudo errado, está tudo bem agora. - Lhe dei um beijo na testa e o abracei, afagando levemente seu cabelo. - Só volte a ser meu namorado, por favor, ficar essas semanas sem você me provou o quanto eu preciso de você em minha vida.
- Eu nunca deixarei de ser seu namorado. - Allifer me puxou pela cintura e me deu um beijo longo, ali mesmo, na praça, perto do rio, o que me fez lembrar do pedido de namoro.
Um beijo foi o suficiente para fazer nossas lágrimas pararem e nossa respiração se acalmar. Foi o suficiente para fazer toda aquela angústia no peito ir embora.
- Você quer ir a algum lugar pra falarmos sobre isso melhor? Ficamos dias sem conversar, tenho certeza que há o que falar.
- Sim, vamos.
Caminhamos pela praça até chegarmos em uma parte onde tinha alguns pequenos quiosques, sentamos em um deles e começamos a colocar conversa afora.
- E o colégio, teve algo de importante? Não me lembro quando foi a última vez que fui para lá. - Allifer me perguntou.
- Então... - Soltei um pequeno sorriso e cocei minha nuca. - Eu parei de ir para o colégio alguns dias depois que você parou.
- Por quê!? - Perguntou perplexo.
- Eu não conseguia nem comer quanto dormir, eu sabia que não havia condições de estudar dessa forma. Então todas as manhãs, eu acordava cedo e vinha para cá, próximo ao lago.
- Eu consigo ver em seu rosto que está cansado, e consigo ver que emagreceu também.
- Você me parece estar da mesma forma. Onde esteve esse tempo todo?
- Eu fiquei trancado no quarto, todo dia, o dia todo. Não comia, não dormia direito e nem sequer tomava banho todos os dias. Decidi sair hoje para tomar um ar e vim para cá, sempre achei o lago um lugar bom para refletir enquanto se está mal.
- Por isso estamos juntos agora. - Sorri.
- Sim. - Ele segurou minha mão e acariciou-a. - Muitas vezes em que eu me sentia triste, eu vinha e ficava olhando para o lago até me sentir melhor. Por isso achei que seria o lugar ideal para te pedir em namoro, um lugar especial.
Soltei um sorriso largo em meu rosto. - Mas, como estão as coisas na sua casa? Você sabe, sobre o Gabriel...
- Bom, nunca fomos próximos de qualquer forma. Mas acho que o minúsculo laço que existia entre a gente, foi totalmente cortado.
- Deve estar difícil.
- Nem tanto. Como eu não saio do quarto, não preciso me forçar a estar no mesmo ambiente que ele.
- A partir de agora vai ter que conviver com ele.
- Daqui um tempo não vou precisar mais.
- Por quê?
- Segredo. - Allifer sorriu e espalhou meu cabelo. - Espere só mais alguns dias, e aí você descobrirá.
- Tá bom. - Assenti, mesmo com a curiosidade tomando conta de mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Não somos estranhos se nos conhecemos
Romance"Não fale com estranhos na internet!" - Minha mãe me alertava quando eu era mais novo. Decidi bancar o adolescente rebelde e ignorar esse alerta (desculpa, mãe). Diego costumava jogar todo sábado a noite trancado em seu quarto, era uma rotina normal...