- O que você está fazendo? - Perguntei enquanto me afastava rapidamente de Gabriel.
- Sabe, depois daquilo, você sumiu e eu não tive mais nenhuma notícia de você, nunca imaginei que encontraria você de novo sendo namorado do meu irmão. - Ele se tentava se aproximar do meu corpo, a única coisa que eu conseguia fazer naquele momento era inclinar meu corpo para trás cada vez mais. - Mas te vendo agora, me arrependo do que fiz. - Enquanto dizia aquilo, seu olhar passeava por todo meu corpo.
Gabriel me empurrou para o chão e posicionou seu corpo em cima do meu:
- Não quer largar meu irmão e me dar outra chance? - Ele aproximou seu rosto do meu. - Eu posso fazer você sentir coisas que nunca sentiu com ele. - Gabriel começou a deslizar sua mão pelo meu corpo.
Naquela hora eu havia paralizado, não conseguia me movimentar e a única coisa que eu sentia era medo e frustração, ao mesmo tempo raiva ao lembrar de toda confusão que aquele garoto fizera em minha vida um dia.
- O que vocês estão fazendo? - Allifer disse em voz alta enquanto puxava Gabriel para longe de mim. O agarrou pela camiseta e lhe deu um soco. - Você está sempre me colocando em confusões e agora quer roubar meu namorado? Que porra de marmanjo você é? Eu sinto vergonha em te chamar de irmão.
Allifer estava gritando e seu rosto estava vermelho de raiva. Eu já havia o visto com raiva, mas nunca naquela intensidade. Allifer empurrou Gabriel para longe e depois me olhou, apontando para mim:
- E você, venha comigo. - Ele disse com uma expressão irritada e saiu da casa, batendo a porta com força.
Meu coração acelerou, levantei rápidamente e fui correndo atrás dele. Quando cheguei lá fora, Allifer estava encostado em uma árvore. Ele virou seu rosto para mim e eu vi seus olhos cheios de lágrimas.
- Vamos sair daqui. - Allifer agarrou meu pulso com força e começou a andar rapidamente, me arrastando com ele.
- Ei, isso dói. - Reclamei e fui ignorado.
- Aqui já está bom. - Ele parou e puxei meu braço para me soltar de sua mão. Nós estávamos em frente a uma construção em uma rua nada movimentada. Ele se virou para mim e me olhou nos olhos. - Vamos dar um tempo, preciso pensar no que devo fazer com nossa relação.
- Allifer me escuta. - Segurei seu braço, o qual Allifer puxou de volta, afastando-se de mim.
- Porra. - Aumentou seu tom de voz. - Eu estou cansado de ser enganado por todo mundo, achei que você seria uma exceção, mas fui enganado. - Lágrimas não paravam de escorrer de seu rosto.
- Allifer, deixa eu falar com você. - Segurei sua mão.
- Eu não quero falar com você. - Foi a primeira vez em que Allifer havia gritado comigo, me senti assustado e soltei sua mão. - Por favor, pelos próximos dias, não me procure. - Allifer saiu de lá, me deixando para trás. Não tentei evitar, meu corpo havia paralizado desde que gritara comigo.
Allifer sumiu por alguns dias, não respondia minhas mensagens e nem atendia minhas ligações. O mesmo também não estava indo mais para o colégio, o que causou curiosidade em outros alunos, que me perguntavam o que havia acontecido com ele e minha resposta era sempre a mesma: estava doente. Mas quem me dera que fosse apenas isso.
Aquilo começara a me deixar preocupado. Já havia se passado uma semana e eu não tinha nenhum sinal de Allifer. Eu sabia que mesmo se eu tentasse o contatar em sua casa, ele me ignoraria.
Eu já não sabia mais o que fazer. Além de não responder minhas mensagens, ele também não as visualizava, me deixando cada vez mais angústiado.
Desde aquele dia, eu chorava todas as noites me perguntando se eu conseguiria seu perdão e se voltaríamos a ficar juntos. Comecei a faltar as aulas também e até mesmo minha alimentação havia bagunçado totalmente.
Minha mãe havia ficado preocupada comigo, e a resposta que eu sempre dava era que eu estava sentindo pressão psicológica por conta dos estudos, já que ela não sabia sobre meu relacionamento com Allifer.
Duas semanas. Passei a sair toda manhã cedo no horário de aula, assim minha mãe não me questionaria sobre a razão de estar faltando. Eu passava a manhã inteira perto ao rio em que Allifer me pediu em namoro.
Era algo que me machucava e muitas vezes me fazia chorar, mas eu não conseguia evitar fazer o máximo o possível para me lembrar de cada momento nosso.
À noite, eu não conseguia dormir. Eu tinha medo de que ele tivesse feito algo consigo mesmo. Mesmo que Allifer não fosse do tipo que desconta suas emoções em si mesmo, ele ainda era humano e nada era impossível.
Quase três semanas. Minhas olheiras estavam escuras e eu mal conseguia me manter em pé pelo cansaço, mas ainda preferia sair pelas ruas do que ir para o colégio.
Me aproximando do lugar de sempre, lá estava ele, sentado na grama e olhando para o rio. Exatamente no mesmo lugar onde me pedira em namoro.
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Não somos estranhos se nos conhecemos
Romance"Não fale com estranhos na internet!" - Minha mãe me alertava quando eu era mais novo. Decidi bancar o adolescente rebelde e ignorar esse alerta (desculpa, mãe). Diego costumava jogar todo sábado a noite trancado em seu quarto, era uma rotina normal...