Capítulo 12

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-O que aconteceu? - Anna perguntou.

Kia e Párduc haviam acabado de chegar em casa, ele ligou para a família de sua companheira para dizer que eles precisaram ir ao hospital. Em menos tempo do que eles esperavam eles haviam chegado na Land e entrado na casa deles..

-Apenas um susto, Dr. Seiji me recomendou repouso, ele disse que isso pode acontecer novamente se eu não me cuidar.

-Deixem Kia descansar um pouco, podemos conversar na cozinha, eu explicarei tudo a vocês - Párduc interrompeu, tentando aliviar um pouco a tensão de Kiara.

Ela aceitou a ajuda silenciosa dele e foi para o quarto, esquecendo toda a encenação que deveria fazer. Kia segurou o choro durante o banho, ela sabia que Párduc poderia ouvi-la se desabasse ali e ele precisava se concentrar na família dela. A mente dela não processou nada até seu irmão abrir a porta, segurando um copo de leite e esboçando um sorriso cauteloso no rosto.

-Vim ver como você está e deixar isso, mamãe disse que lhe ajudaria a dormir - Evan falou.

-Eu estou bem, nós dois estamos - Kia falou colocando as mãos em cima da barriga plana.

-Você nos deu um baita susto, Párduc está lá embaixo conversando com eles sobre como vai ser a logística de turno para ser sua babá. O que aconteceu realmente?

-Não sabemos ainda, Dr. Seiji pediu uns exames e vamos esperar o resultado para ter certeza.

-Bom, aproveite para descansar e cuidar desse bebê, não vejo a hora de ter uma criança para estragar.

Kia sorriu e assentiu, apertando o copo morno em sua mão, ela colocou ele na mesa de cabeceira, ela não beberia nada que eles lhe dessem, todo e qualquer alimento ou líquido ela mandaria para o laboratório que Erin tinha em sua casa, ela havia se voluntariado para examinar as amostras. Kia adormeceu sem que Párduc estivesse na cama com ela, ainda podia ouvir as vozes que vinham da cozinha, embora não conseguisse entender o que eles diziam. Mas, Kia não tinha interesse no assunto, um deles a fez perder seu filho novamente e ela havia jurado pra si mesma que seria a última vez. 

-Eu vou trabalhar no turno da manhã, devo estar de volta às 13h - Kia ouviu seu companheiro avisar a sua mãe na manhã seguinte - Kia, amor, estarei em casa antes de você sentir minha falta.

Ela assentiu e fechou os olhos quando ele beijou sua testa, seria ela e sua mãe por algumas horas apenas, fazia tanto tempo que não ficaram sozinhas que Kia se sentiu desconfortável com a situação.

-Ele é um bom companheiro, no fim das contas - Anna falou.

-O que? - Kiara perguntou surpresa.

A porta mal havia sido fechada quando sua mãe falou isso, era o mais próximo de um elogio que ela havia feito a Párduc desde que o conhecera.

-Vamos tomar café da manhã, não faça essa cara de espanto - Anna reclamou.

Kia a seguiu para a cozinha, sentou em um dos bancos enquanto observava sua mãe trabalhar com os ingredientes e esperava que ela voltasse a falar.

-Não gosto de Párduc por ele ser um linhagem, no fim das contas não tenho nada contra ele, é apenas a forma como o relacionamento de vocês funcionam. A ideia de que ele precisa de você para viver me passa a sensação de uma responsabilidade que não deveria existir em um relacionamento - ela começou.

-Se era apenas isso, por que não conversou comigo antes? - Kia perguntou.

-Você teria me ouvido? Kia, eu a conheço bem o suficiente para saber que isso a motivaria ainda mais, estarei bem com Párduc desde que ele continue a cuidar de você. Quase precisei expulsá-lo essa manhã, Laurent o chamou com urgência, mas ele quase não foi. No que me diz respeito, não existe homem que a mereça, mas Párduc é o mais próximo que eu poderia esperar.

Kia não estava preparada para a confissão de sua mãe, para dizer o mínimo, e se limitou a comer com ela. Depois de ver que ela havia usado apenas ingredientes que não poderiam ser adulterados, ela se permitiu relaxar um pouco. Sua mãe cuidou de todos os afazeres enquanto ela ficava na sala com Hope, a gatinha pareceu mais a vontade em torno de Anna, caindo nos pés dela vez por outra e ronronando quando recebia atenção. Párduc havia dito que passaria na casa de Erin antes de voltar, para receber o resultado do leite que seu irmão lhe entregara na noite anterior, Kia estava quase implorando que acusasse algo para que esse pesadelo acabasse, mas isso não a  ajudaria muito, iria acusar sua mãe.

-Se você continuar ziguezagueando entre meus pés, vou acabar pisando no seu rabo, pequena travessa - Anna reclamou em um tom brincalhão, pegando a pequena gatinha no colo.

-Achei que você não gostasse de animais de estimação - Kia comentou.

-Eu os adoro, eles são uma ótima companhia.

-Depois que o Thor desapareceu, você nunca mais me deixou adotar nenhum.

-Você ficou realmente mau com isso e depois que eu descobri que o seu irmão...

Anna parou de falar como se percebesse o que estava prestes a contar, colocou Hope no chão e sorriu polidamente, Kia conhecia aquele sorriso, sua mãe sempre o usava para sair de situações desconfortáveis.

-Bem, não importa, agora que vocês já estão crescidos e em suas próprias casas, acho que vou considerar adotar um cachorro, vai ter um evento de adoção esse fim de semana de alguns animais que foram resgatados.

-É uma ótima ideia, você e papai teriam alguém com quem reclamar sobre a bagunça.

-Ora, sua pequena pirralha atrevida! Você sempre deixou seus brinquedos espalhados por todos os lugares e não queria que reclamássemos.

Kia acompanhou sua mãe na risada descontraída, esquecendo por alguns segundos o motivo pelo qual ambas estavam ali sozinhas.

-O que seu médico falou sobre uma caminhada? Vi que vocês têm um mercado na rua da frente e queria comprar umas frutas.

-Posso ir, desde que não faça muito esforço. 

Linhagens - PárducOnde histórias criam vida. Descubra agora