-Você só pode estar louco!
Anna olhou para o resultado do teste laboratorial em suas mãos e repassou as palavras de Párduc em sua mente. Ele a estava acusando de ser o culpado dos abortos de sua filha, isso parecia tão fora de órbita quanto um planeta desconhecido.
-Anna, sou a pessoa que mais deseja sua inocência, pelo bem de Kia, mas não posso negar os fatos - Párduc ponderou.
-O teste de um copo de leite que eu não sei de onde veio não é prova alguma.
Erin havia entregado o resultado naquela manhã, comprovando que o leite entregue à Kia na noite anterior tinha traços do remédio que a fez perder seu filho. Párduc havia deixado sua companheira na casa de Kat assim que Thunder trouxe Anna para o prédio de Laurent, ela iria ser interrogada na mesma sala em que os loucos que cometiam crime de ódio, a mulher ainda era sua sogra afinal de contas.
-Evan o entregou em seu nome.
-Meu filho não...
Anna suspirou, lembrando de tudo o que aconteceu na infância de seu filho, ela não tinha o direito de expor o passado dele, mas não seria condenada por algo que não fez e nem o deixaria ser julgado com ela.
-Párduc, nunca escondi o fato de que não gosto do seu relacionamento com minha filha e nem irei fazê-lo, mas existe um abismo de diferença entre não aprovar o companheiro dela e fazer com que Kiara perca seus bebês.
-Você ainda não se explicou - Párduc insistiu.
-Não, eu não gosto de você por mil e um motivos que todas as mães inventam sobre os companheiros de suas filhas, mas não sou capaz de interromper a gravidez da minha única filha. Quanto ao meu filho, ele nunca faria isso com Kiara, Evan quase morreu tentando salvar Thor, apenas porque sua irmã era muito apegada ao cachorro. Você sabe o que foi isso, Párduc? Tive que ceder a ele e deixá-lo aos cuidados dos avós por um mês, porque Evan não queria que sua irmã se culpasse pelo acidente dele, Kia o ignorou por semanas depois que ele voltou, acreditando que ele a tinha deixado sozinha depois que o bichinho dela desapareceu, mas Evan nunca contou a verdade e me fez prometer que não o faria também, tudo isso para proteger a irmã. Eu vivenciei isso e vários outros momentos assim e você está querendo me fazer acreditar que um de nós está causando o aborto da pessoa que sempre protegemos?
-Anna, eu daria minha vida para acreditar no que você fala, mas Erin não iria adulterar o resultado e nenhum linhagem faria isso com a companheira de um dos nossos, então eu não tenho muitas opções restantes.
A mãe de Kiara respirou fundo, ela parecia mais indignada do que qualquer outra coisa, sua filha realmente acreditava no que Párduc estava falando, ele não faria isso sem ter o apoio dela.
-Diga-me o que aconteceu, exatamente - Anna mandou.
Ela não seria mais a mãe preocupada, voltaria a ser a mulher profissional que fora antes de desistir de sua carreira. Anna ouviu Párduc falar o que Kia lhe disse e o que ele presenciou, ela só precisava que sua amiga lhe atendesse novamente e estaria fora dessa lista maluca de suspeitos. Anna discou o número de Sara, fazendo uma chamada de vídeo assim como na noite anterior.
-Duas ligações em menos de 24 horas. Você está flertando comigo como na nossa adolescência? - Sara brincou.
-Preciso que você fale para mim o que eu estava fazendo ontem durante a nossa ligação.
-Na varanda da sua filha fumando. Você está com amnésia alcoólica?
-Que horas a chamada começou? - Párduc perguntou.
-Quem é esse? - Sara perguntou depois que ele apareceu na chamada.
-O marido de minha filha, Párduc.
-Por que ele está fazendo essas perguntas?
-Apenas responda, eu lhe explico depois.
-Ok, vou olhar no meu histórico de chamadas.
Anna continuou imóvel enquanto esperava Sara voltar a falar, ela não diria nada que o linhagem pudesse interpretar erroneamente.
-Achei, você me ligou às 17h46m e ficamos até 19h23m em chamada de vídeo.
-Obrigada, Sara.
-Ligo pra você mais tarde, você me deve uma explicação.
Anna assentiu e desligou a chamada, voltando a guardar o celular. Párduc sentou novamente e suspirou, ele não parecia feliz com o resultado dessa conversa.
-Pela sua reação, parece que está decepcionado com minha inocência - Anna alfinetou.
-Não me julgue errado, como já disse, espero que vocês todos sejam inocentes, mas isso significa que preciso conversar com Evan sobre o assunto.
-Ele jamais faria isso com a irmã.
-Mães nunca esperam que seus filhos sejam capazes de coisas assim.
-Quem está julgando errado aqui? Antes de ser mãe eu trabalhei com perfis de criminosos, reconheço os sinais e, se um de meus filhos apresentassem um deles, eu seria a primeira a buscar um psicólogo. Sei os defeitos que tenho, mas não sou cega. Chame Evan, não vou deixar meu filho passar por isso sozinho.
Párduc assentiu, ele não tiraria o direito da mulher de ficar ao lado do filho nessa situação, ela tinha o direito de estar com ele. Evan pareceu confuso quando entrou no escritório, principalmente pelo clima, o companheiro de sua irmã e sua mãe estavam tensos.
-O que está acontecendo? - Evan perguntou.
-Sua irmã não perdeu os bebês naturalmente, alguém causou os abortos - Anna respondeu.
-Quê!? Por que só estamos sabendo disso agora? Já descobriram quem é o culpado?
-Aparentemente, somos nós.
-Evan, encontramos traços do remédio que causou isso no leite que você entregou a sua irmã ontem - Párduc falou.
-Você está brincando comigo? Minha mãe nunca faria algo assim.
-Alguém fez, preciso que me diga o que aconteceu exatamente - Anna interrompeu.
-Eu estava indo até a cozinha quando ouvi você falando com alguém na varanda, encontrei papai saindo de lá com o copo, disse que você mandou e que ajudaria ela a dormir melhor, mas ele estava com pressa e me pediu para entregar a Kia.
-Nunca fiz esse pedido - Anna discordou - Costumo fazer chá para sua irmã, não leite.
-Louis? Louis te entregou o leite? - Párduc perguntou incrédulo.
-Sim, foi o que eu acabei de dizer.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Linhagens - Párduc
RomansaKiara não sabe se vai ser capaz de aguentar perder outro filho, os pensamentos perigosos estão bem escondidos, mas ela sabe que não vai ser capaz de esconder isso de Párduc por muito mais tempo. Ela só quer acabar com a própria dor, até que o médico...