Capítulo 5

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-Um gato? - Kiara perguntou quando olhou para a coisinha minúscula na mão de Párduc.

Os olhos amarelos e redondos a encararam, o miado saindo logo em seguida. O filhotinho estava em cima das mãos de Párduc, o pelo preto parecia tão macio quanto um ursinho de pelúcia e o laço rosa ao redor do pescoço entregava que era uma fêmea.

-Você sempre disse que queria um bichinho de estimação, encontrei essa pequena na missão de ontem - Párduc falou - Nenhuma gatinha mãe por perto, ou irmãos também, apenas ela. Não tive estômago para deixá-la abandonada.

Kiara tentou segurar as lágrimas silenciosas, seu companheiro tinha o maior coração que ela já vira, desfazendo toda a pose de macho alfa e durão que sua aparência mostrava. Párduc interpretou errado as lágrimas e ficou um pouco triste com a recusa de sua companheira.

-Eu posso procurar um lar para ela aqui na Land - ele falou, enquanto fazia carinho na cabeça pequena.

A gatinha ronronou, contente com a atenção que recebia. Ela parecia pequena demais para não estar sendo amamentada, mas Kiara procuraria um veterinário para isso. Antes que seu companheiro percebesse, ela estava com os braços ao redor dele, deixando sua alegria ser notada.

-Isso quer dizer que você gostou dela? - Párduc perguntou.

-Eu a amo, ela é a coisinha mais fofa do mundo! - Kiara exclamou.

-Ótimo, porque eu já tinha me apegado, comprei uma caminha e as coisas necessárias para ela ficar com a gente.

Kiara pegou a gatinha logo depois de soltar Párduc, colocando-a em seu colo, sentindo o leve ronronar enquanto ela se aconchegava em seu peito. Ela observou Párduc sair, mas deixar a porta aberta, provavelmente para ir buscar as coisas no carro.

-Que tal Hope? - Kiara perguntou quando viu o linhagem entrar com várias sacolas em cada mão.

-É um lindo nome - ele respondeu.

Párduc tirou uma cama vermelho claro de dentro de uma das sacolas. Parecia muito com uma cabana de acampamento, a tenda era em um tom mais claro que a base, um pouco mais transparente e menos acolchoado, mas ainda em um vermelho suave.

-Onde ela vai dormir? - Párduc perguntou.

-No nosso quarto, ela ainda é muito pequena, precisamos ir ao veterinário.

-A levei hoje pela manhã, já tenho as vitaminas e tudo o que ela precisa comer.

O linhagem caminhava enquanto falava, colocando os sacos de areia perfumados na despensa, a pequena cama vermelha no quarto e os diversos brinquedos em lugares estratégicos. Kiara observou a torre com um uma casa em cima, ela era coberta com um material próprio para gatos afiarem as unhas, tinha duas torres ligados por uma ponte em que ela poderia caminhar e em tons de marrom e bege.

-Coloque a caixa de areia na varanda - Kiara falou quando ele parou perto dela com uma casa azul que ela percebeu ser uma versão mais elaborada de uma caixa de areia - Amor?

Párduc parou, olhando para sua companheira, ela o olhava como se ele fosse uma criança fazendo as coisas que criança fazem para serem fofas. Kiara bateu no espaço ao seu lado no sofá, pedindo que ele sentasse ao lado dela e ele o fez, observando como Hope se aconchegava nos seios de sua companheira. A pequena gatinha parecia feliz ali, dormindo encolhida como uma pequena bola de beisebol pintada em carvão.

-Você vai ser o melhor pai do mundo - ela sussurrou enquanto se curvava para dar um beijo em sua bochecha - Só espero que você não estrague nossa criança.

O linhagem abriu a boca para falar algo, mas a campainha o interrompeu. Ele não precisava abrir a porta para saber quem estava do outro lado, seus sogros e cunhado esperavam pacientemente que eles abrissem a porta.

-São seus pais e seu irmão - ele falou.

-Não conte sobre a gravidez ainda, certo? Quero ter mais algum tempo antes da enxurrada de perguntas e conselhos.

Párduc assentiu e se levantou para abrir a porta. A versão masculina de sua companheira foi o primeiro a entrar, seguido pela sua sogra e sogro. Anna foi a primeira a notar as coisas ao seu redor, sua sogra parecia ser treinada para encontrar qualquer mudança em um ambiente que ela já conhecia e a gatinha no colo de sua filha não era um detalhe fácil de se ignorar.

-Esse é o seu band-aid? - Anna perguntou.

-Mãe, não comece.

Kiara havia se encolhido com o comentário, mas ignorou quando a pequena felina se espreguiçou, ela olhou ao redor quando percebeu as pessoas que haviam entrado em seu lugar e chiou, lutando para se livrar do aconchego de Kiara e correu para o lugar mais de distante da sala, mas ainda lhe dando uma visão ampla de todas as pessoas. Ele conseguia entender seu instinto de auto proteção, eram muitas pessoas desconhecidas.

-A gatinha tem seu temperamento - seu cunhado brincou, olhando para Kiara.

Evan se parecia com Kiara em muitos aspectos, exceto o humor ácido que Párduc repudiava. Ele viu sua companheira revirar os olhos e levantar para abraçar seu pai.

-Párduc nos disse que você não pode sair da Land por ordens médicas, está tudo bem? - Louis perguntou.

-Sim, faz parte do tratamento, o médico pediu para fazer o mínimo esforço possível - Kiara mentiu, ela não se sentia confortável em mentir para seu pai, mas tão pouco queria falar a verdade naquele momento.

O clima estranho foi se dissolvendo enquanto eles conversavam, Párduc e Evan cozinhavam enquanto os outros conversavam ao redor da mesa, eles podiam não se dar bem na maior parte do tempo, as brincadeiras de Evan deixavam o linhagem irritado muito facilmente, mas conseguiam encontrar um ponto amigável quando cozinhavam juntos, ambos gostavam de cozinhar e compartilhar receitas novas. Exceto Anna, ela esquadrinhava a tudo ao seu redor, procurando alguma coisa pela qual pudesse criticar Párduc.

Linhagens - PárducOnde histórias criam vida. Descubra agora