Disneyland Paris
– André, André, André! – Ouviamos repetidamente o nome do internacional português e virámo-nos para trás dando de caras com três rapazes com os seus 14,15 anos. Pela forma como pronunciaram o nome do André percebemos rapidamente que não eram portugueses, nem sequer franceses mas sim alemães.
– Podemos tirar um foto contigo? Isto é um sonho! – Um dos rapazes pediu, num inglês um pouco atrapalhado. O moreno ao meu lado encarou-me e eu apenas sorri esticando a mão para que o rapaz me entregasse o seu telemóvel, a fim de ser eu a tirar a fotografia tão desejada.
Depois da foto, entreguei o telemóvel de novo ao rapaz e afastei-me um pouco para que eles conseguissem ter dois dedos de conversa com o seu ídolo.
Sorri com o sorriso do André. Era impossível não o fazer. Lembrava-me, como se fosse ontem, de todas as suas inseguranças quando ainda estava na equipa B do Porto. Nunca se considerou bom o suficiente, nem suficientemente talentoso e agora estava feito turista em Paris, a ser reconhecido por turistas alemães que o idolatravam.
– Porque estás a sorrir tanto? – Ouvi a sua voz ao meu lado, acordando-me dos meus pensamentos. Nem me tinha apercebido que a conversa tinha terminado e que ele já estava de novo ao meu lado. – Madalena?
– Só estava a achar engraçado e querido. – Comentei ao mesmo tempo que ele pegou na minha mão, levando-nos a começar a caminhar pelas ruas da DisneyLand novamente. – Há uns anos isto era impensável para ti, mandavas-te muitas vezes abaixo e a tua auto crítica desmotivava-te, e olha onde estás agora! No meio de Paris a passear e és abordado por miúdos que te idolatram! – Exclamei, vendo-o a sorrir levemente. Apercebi-me que havia ficado um pouco tímido com as minhas palavras.
– Eu não acreditava em mim, sabes? Na minha cabeça havia sempre alguém melhor que eu e com mais raça que eu. Aliás tu acompanhaste a minha luta interior.
– Há quem sempre tenha acreditado em ti... – Deixei o comentário no ar e de repente surpreendi-me quando se aproximou de mim e me depositou um beijo demorado na bocecha. – E pelos vistos essa pessoa estava certa quanto ao teu sucesso futuro.
– Só não estavas tão certa da maneira como essa pessoa ir agir contigo. Arrependo-me disso todos os dias, Madalena. Queria tanto compensar-te por tudo o que te fiz passar, mas infelizmente já me mentalizei que isso não passa de um sonho que, desta vez, não vou conseguir realizar.
Ouvia as suas palavras atentamente. Cada uma afetava-me de uma maneira diferente. Sentia pequenos buraquinhos a voltar a abrir a cada palavra sua. O meu estomâgo embrulhou-se e eu obriguei-me a fechar os olhos e a respirar fundo. Quando os voltei a abrir, ele encarava-me.
– Desculpa. – Ouvi o seu tom de voz rouco.
– André, por favor. Não vamos falar disso aqui, pode ser? Vamos esquecer isso por momentos e aproveitar o sítio onde.... Meu Deus! – Fui obrigada a fazer uma pausa no meu discurso e a soltar um pequeno guincho de surpresa e animação.
Sentia-me uma criança com os olhos brilhantes.
– Meu Deus André, olha! – Exclamei animada apontando para o sítio para onde ele deveria olhar, no entanto não lhe dei tempo para reagir e agarrei-o pelo braço começando a guiá-lo para onde pretendia ir. – É a Bela e o Monstro. Não aguento! Olha para este cenário André, que lindo! – A minha animação era evidente, o que fez o André soltar várias gargalhadas.
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HURRICANE ➛ ANDRE SILVA
Фанфик"Nunca quis ser o dedo que aponta, nem mesmo quando estendias o dedo da afronta, eu era louco por ti, tu eras louca, qual de nós a cabeça, qual a forca?"