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Dezasseis de Julho
16:30

- Querida, vai descansar. Nota-se que estás muito cansada e pareces-me meio adoentada, o que é melhor prevenir. Não te preocupes com a clínica, segunda já estás de volta. - Ouvia com a máxima atenção as palavras da minha patroa e receava qualquer problema.

No entanto, a sua empatia era gigante. Acabei por aceitar o que me propunha. Estava a sentir um cansaço imenso, precisava de descansar. O meu agradecimento foi repetido.

Após recolher as minhas coisas, entrei no carro e conduzi para casa. Sem conseguir descansar á noite e com os dias de trabalho, sentia-me uma fraca naquele momento. Não estava a separar a minha vida profissional da pessoal, um motivo que me tirava o sono. Porém, era nisso que me ia focar neste fim de semana.

Resolver todas as pontas soltas e retomar ao trabalho com a postura adequada. Precisava de me resolver comigo mesma, antes de falar com a minha irmã e com o André. Caso contrário, a situação iria piorar.

Ao entrar em casa, ouvi a minha cadela a ladrar e reparei na Mafalda adormecida com o gato ao seu colo no sofá da sala.

Dirigi-me ao quarto, onde troquei de roupa para um biquíni. Vesti uns calções e um top e a seguir calcei as minhas sandálias. Procurei pela mochila, onde coloquei a toalha, protetor solar, telemóvel, chaves e carteira.

Antes de sair de casa, tirei uma garrafa de água do frigorífico. Deixei um recado a Malfada, pois não queria mais confusões. Segurei a prancha e logo sai de casa em silêncio.

Ao atravessar a estrada para a praia, percorri o areal até uma das zonas menos movimentadas, reparando num grupo de surfistas. Mantendo a distância deles, pousei as minhas coisas e cobri a mochila com a toalha.

Alonguei o meu corpo durante alguns minutos, sentindo-me bastante dorida. Peguei na minha prancha e adentrei no mar, despindo os calções e a camisola preta que usava.

Sentei-me na mesma, levando-me para longe da costa. O mar estava ligeiramente agitado, as ondas rebentavam com alguma agressividade e faziam lembrar-me a mim mesma. Sempre usei o oceano como comparação a mim. Era uma das coisas que intrigava André, na altura e foi daí que nasceu a atração.

Perdida nos meus pensamentos, acabei por ser derrubada da prancha. Ao segurar-me nela, fui obrigada a limpar a minha mente e a deslizar a prancha pelas ondas de uma forma controlada, atenta e energética.

18:00

Enquanto me dirigia ás minhas coisas, deparei-me com a presença da Mafalda. Levantou-se ao ver-me aproximar, mostrando o saco que trazia consigo, levando-me a querer que queria meter um ponto final na nossa briga.

Tinha a minha toalha estendida na areia, essa que usei para secar o meu corpo. A minha irmã gémea tinha também estendido uma toalha tao larga, onde cabiam quatro pessoas. Sentei-me á ponta da mesma, vendo-a pousar as caixas com comida que havia comprado.

Não deixei de reparar na sua expressão calma, como se estivesse em paz. Deixei-a fazer aquilo que pretendia, sem lhe questionar.

- Tirei-te umas fotos super giras quando fui dar um mergulho. Enviei por WhatsApp. - Decidiu, ao fim de longos segundos, quebrar o silêncio e conversar comigo. - Trouxe um lanche. - Atou o cabelo, sentando-se.

HURRICANE  ➛  ANDRE SILVA Onde histórias criam vida. Descubra agora