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18:30

- Minha querida, há tanto tempo que não te via, como tens estado? - Anabela levou as mãos ao rosto, após fechar o portão de casa e virar-se para o carro, onde eu a esperava, fora deste. - Ó minha querida, estás tão linda.

Envolveu-me no seu abraço, murmurando o quão feliz estava por me ver. Afastou-me pouco depois, para me observar.

O seu sorriso era contagiante, rasgando o meu rosto igualmente com um sorriso. Sentir aquele amor todo foi o suficiente para desculpar todas as mensagens de Afonso durante o dia, mesmo com a insistência na manhã anterior. Sondava, de modo a que não desistisse do jantar. Sabia o porquê de o ter feito.

- Pensei que não te ia voltar a ver.

- Que exagero, dona Anabela. Todos os filhos voltam a casa e eu não sou a excepção. Mesmo gostando de Lisboa, não supera o Porto e todo o encanto que tem. A faculdade foi necessária, em Lisboa, mas o trabalho está aqui.

- A sério? Tens trabalho na tua área? - Dentro do carro conduzido por Álvaro, posteriormente também surpreendido por me ver, prolongou a sua curiosidade em relação a mim.

- Felizmente sim. Muitos currículos e uma professora com bons contactos em Portugal, foi tudo muito rápido, mas cá estou.

- Fico muito feliz por ti. O Afonso não para de falar de ti. - Encarei o rapaz, sentado no meio, entre mim e o André. - Como estão os teus pais querida? E a tua mana?

- Estão todos bem. A Mafalda está de fim de semana romântico. - Soltei uma risada. - Para a próxima, o jantar é na quinta dos meus pais. Só combinar e conciliar com o trabalho. Vai surgir uma boa oportunidade para todos.

- Claro que sim! E esse coração? Também estás a namorar ou é só a Mafalda?

Involuntariamente, quase encarei o André. No entanto, o meu auto-controlo estava firme. Não deixei de olhar pelo canto do olho, vendo que o rapaz estava atento a mim.

Balancei somente a cabeça, negando.

- Esses rapazes de Lisboa são uns tontos. Nem sabem o tesouro que perdem. - As gargalhadas, dos três, fizeram-se ouvir.

- Ela vai namorar comigo, mãe.

- Não faças isso á tua vida, Madalena. O Afonso tem quinze anos! - O rapaz revirou os olhos e o seu irmão acabou por sorrir, tal como eu. Nada que fosse mentira. 

Tapas N'Friends

- Espero que estejas com fome. - Afonso murmurou, afastando a porta do restaurante. A sua mãe foi a primeira a entrar. - Aqui o André, o nosso grande jogador, está a pagar. - Piscou o olho ao irmão, que passava por nós.

- Estou esfomeada. - Entrei na provocação, vendo o mais velho a revirar os olhos. O Afonso apenas lhe sorriu divertido. - Ainda por cima as escolhas são imensas.

Apercebi-me que tinha sido feita uma reserva para cinco pessoas, quando o funcionário que o Álvaro havia abordado, apontou rapidamente á mesa que estava situada no canto da sala. Mais discreta e com cinco cadeiras.

Afonso, Álvaro e André estavam de costas para o restante restaurante. Ao contrário de Anabela e de mim, de caras aos olhares.

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