Vinte e três de Março 2022
A minha perna tremia freneticamente, enquanto sentada no carro e bastante atenta ás pessoas que passavam pela porta do aeroporto, esperando ansiosamente por encontrar André e Afonso a abandonar as mesmas.
O rapaz não fazia ideia que estava á sua espera, achando que me tinha cansado de esperar, pois nos últimos meses as conversas diminuíam e as chamadas deixaram de existir.
Tornaram-se os piores meses da minha vida. O trabalho aumentou, a minha mãe adoeceu e ter o André longe não ajudava em nada. Precisava, na altura, de colocar prioridades. Mesmo que o rapaz fosse uma delas, deixou de ser a primeira ou a principal para mim. No entanto, nunca me arrependi de nada e o sentimento permaneceu, todos os dias, igual.
Felicitava-o após cada vitória, mas não passava disso. A última vez que senti o seu corpo contra o meu foi na altura do Natal. Parecia que nunca tínhamos estado longe um do outro. Mas desde então, tudo foi piorando.
Assim que reparei nos rapazes a abandonar o aeroporto e na expressão confusa de André que não encontrava ao carro, ganhei confiança para sair do meu e aproximar-me.
- E eu a achar que era impossível ficares mais bonito. - Comentei, captando a sua atenção. Os seus olhos arregalaram-se de imediato e a mala caiu-lhe da mão, o que me fez rir. - Saudades? - O rapaz apenas me abraçou, levantando-me do chão com a maior facilidade.
- Porra Madalena. Fizeste-me acreditar que a nossa história tinha acabado e que não fui forte o suficiente para a manter. - Sussurrou no meu aperto, soltando um suspiro cheio de mágoa. O moreno afastou-me.
- Eu disse-te que estava á tua espera, André. As coisas complicaram-se e a minha cabeça estava noutro lugar. Mas nunca me esqueci de ti. - Ele beijocou os meus lábios. - Vamos para casa. E a ideia foi toda do teu irmão, porque tinha quase a certeza que não me ias querer ver.
- Pelos vistos o Afonso conhece-me melhor que tu, não é? - Revirou os olhos, agradecendo logo ao irmão pelo que fez.
Balancei a cabeça, entrando novamente no meu carro, vendo-o sentar-se ao meu lado. Nos bancos de trás, Afonso passava várias fotos que havia tirado no exterior do aeroporto.
Mostrou-nos algumas pelo caminho, enviando as mesmas para nós. Pedi-lhe para garantir que estava tudo preparado em casa, devido ao facto de André não ter muito tempo connosco, pois a reunião com a equipa da seleção portuguesa, ás três da tarde, roubava-o de nós.
(...)
22:45
Deitada na sua cama, observava-o a trocar de roupa e a escovar os dentes, após um jantar tão tardio com a sua família. Apesar de ter dito que devia aproveitar com os seus pais e irmãos, ele fez questão que ficasse com ele. Algo a que não me recusei. Era ali que queria estar.
Deitou-se ao meu lado, puxando-me para o seu corpo trabalhado e quente. Brincava com o seu cabelo, agora bastante curto.
- Como tem corrido na Alemanha?
- Está a correr melhor do que esperava. E aqui? Como estás, Madalena?
- Estão a correr bem. Felizmente a minha mãe melhorou e não passou de um susto. Fica agora em casa e trabalha a partir do computador. - As suas mãos deslizaram pelo meu braço. - Foi um momento assustador. Está tudo a recompor-se, agora até tu estás aqui. - Sorri-lhe.
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HURRICANE ➛ ANDRE SILVA
أدب الهواة"Nunca quis ser o dedo que aponta, nem mesmo quando estendias o dedo da afronta, eu era louco por ti, tu eras louca, qual de nós a cabeça, qual a forca?"