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Dez de Julho
Leça da Palmeira
7:30

- Bom dia! - Saudei animada, encontrando um André ensonado, deitado na sua toalha. Avistei o meu fiel melhor amigo no mar, acenando-me, perdendo-se numa das ondas.

- Bom dia Madalena, como estás? - Despi a camisola comprida fina que usava, começando a alongar o corpo. Com a prancha pousada nos grãos de areia, ansiava por uma boa manhã nas ondas leves do mar. - O Afonso achava que não ias aparecer.

- Adormeci. Mas cá estou eu.

- Sobre ontem. Pensei em enviar-te mensagem, mas não quero mesmo abusar. - Encarei-o, não querendo que continuasse com o discurso. - Eu sei que a conversa ontem foi estranha, só quero saber se estás bem...

- Estou bem, André. Estou muito confusa com tudo isto, se queres que te seja sincera.  - Olhou para mim, claramente confuso.

- Confusa?

- O que achas? Achava que estava totalmente recuperada de ti, que me eras indiferente e que os meus sentimentos estavam resolvidos. - Um brilho renasceu nos seus olhos. - Foi só ver-te e estar contigo, para perceber que há muita coisa dentro de mim que nunca ficou encerrada, mas sim adormecida ao longo destes anos.

- Estás a dizer que ainda sentes algo por mim? Madalena, não brinques comigo assim. - O sua voz soou trémula.

- O que é que achas? Estou confusa. Não quero voltar a gostar de ti e a sofrer. André, foi muito mau. Tudo. Foi a pior altura da minha vida e eu recuso-me a confiar de novo em ti. - Agarrei na prancha, adentrando no mar.

Levei-me pelas ondas leves até ao Afonso, cumprimentado-o com um sorriso. Partilhou a sua meia hora no mar comigo, bastante alegre, visto que as ondas estavam ótimas.

Esbocei-lhe um sorriso, tentando tirar o André de minha mente, arrependendo-me por lhe ter admitido um certo sentimento.

- Prometo que não volto a tocar no assunto do André. Pelo que já vi, estão a voltar a falar e eu fico muito contente por isso. Só quero que tudo volte a ser como era antes Madalena e que não hesites em sair connosco. - Sem esperar, fiquei surpreendida com as suas palavras.

- Agradeço a preocupação e proteção, mas está tudo bem. Está a ser resolvido com o tempo. E fica descansado, não há qualquer hesitação. Só mesmo muito cansaço.

- Muito cansaço para um jantar?  

- Sim. Preciso de dormir a tarde toda. Mas sei que prometi um lanche na quinta e vou já falar com os meus pais hoje. Mando-te os detalhes e a confirmação mais logo. Agora, temos um mar para aproveitar.

(...)

10:45

- Nao aguento com tanta fome. Podemos, por favor, ir comer? - Afonso implorava, visto que o sol estava demasiado apetitoso naquela manhã, deixando-me completamente apática do que os dois iam falando.

Tentava guardar as minhas emoções de ambos, visto que toda a noite foi uma luta interior. Não conseguia explicar o porquê de sentir um misto sentimentos dentro de mim. Era algo a que não estava habituada, desde que tinha recuperado e decidido seguir com a minha vida longe do André e de tudo o que o rodeava.

HURRICANE  ➛  ANDRE SILVA Onde histórias criam vida. Descubra agora