19:00
Dentro do carro, após um longo dia de trabalho e com inúmeros casos de envenenamento, senti a vibração constante do telemóvel. Antes de me fazer á estrada movimentada do Porto, retirei o telemóvel da minha mala.
O nome do André surgiu no ecrã do mesmo. As duas chamadas não atendidas dele e uma outra da minha mãe. Conectei o telemóvel ao carro, a sua voz disparou pelas colunas pouco depois. A ansiedade tomava conta de mim, visto que nem uma mensagem recebi dele, após a conversa de irmão para irmão.
- Sim André, está tudo bem?
- Sim. Desculpa por não te ter dito mais nada, mas estou na casa de férias dos meus pais com o Afonso e só agora fui ao telemóvel. - A calma na sua voz, foi o bastante para me descansar. O rapaz prosseguiu. - Como estás?
- A aguentar-me. Como está o Afonso? Como correu a conversa? Estou preocupada. - Lancei-me por fim ao trânsito.
- Correu minimamente bem. Estou a segurar um saco de gelo na boca, porque ele passou-se com o que aconteceu quando acabamos. Ainda assim, correu bem. - Fiquei perplexa, deixando de estar tanto atenta á estrada.
- Ele bateu-te? Ai meu Deus...
Entretanto um carro buzinou atrás de mim, visto ter ficado parada após o sinal ter aberto, o que me assustou bastante. Arranquei, pedindo desculpa com a mão.
- Toma atenção á estrada, por amor de Deus! Não quero que te aconteça nada.
- Ele falou de mim?
- Claro, Madalena. Falamos muito sobre ti, sobre mim e sobre nós. Expliquei-lhe que fazia mais sentido manter segredo na altura do que agora e que tencionávamos contar-lhe. Disse-me que nunca me devias ter perdoado. Enfim, ele não te odeia, mas está muito magoado. Vai sair daqui uns dias com o Zé.
Lágrimas começaram a deslizar pelo meu rosto, pois queria muito falar com ele. Estava a ser difícil. Foram vinte e quatro horas horríveis e assim continuava a ser. Precisava de o ver. De falar com ele antes de ir embora.
Não podia deixar que o tempo continuasse a passar sem que conversássemos. Tentei manter a calma, visto que estava a conduzir.
- Achas que vai falar comigo?
- Sim. Ele vai mandar-te mensagem. Nem que seja só para te ouvir.
- Obrigada André, fico mais aliviada.
- Para de chorar e concentra-te na estrada, ainda tens algum acidente. Porra M'. Precisas que te vá buscar a algum sítio?
- Podemos dormir juntos hoje? Gostava de estar contigo. - Mudei totalmente o assunto. Ir para casa não me parecia um bom plano e estar sozinha muito menos. - Não quero estar sozinha. - O rapaz respirou fundo, mais calmo.
- Claro que sim. Vou buscar-te.
- Por favor. E obrigada. Até já, André.
Desliguei a chamada, tomando atenção ao restante caminho que me faltava percorrer. Ao chegar a casa, apressei-me a colocar uma muda de roupa na mala, roupa interior e os cremes e pertences pessoais. Sabia que a Mafalda estava no turno da noite, daí também não querer ficar sozinha em casa.
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HURRICANE ➛ ANDRE SILVA
Fanfic"Nunca quis ser o dedo que aponta, nem mesmo quando estendias o dedo da afronta, eu era louco por ti, tu eras louca, qual de nós a cabeça, qual a forca?"