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2021

Com a música a ecoar por todas as divisões, ainda vazias, do meu primeiro apartamento em conjunto com a minha irmã, fazia uma limpeza enorme pelos móveis e por cada canto. Desde a casa de banho, á sala de estar e a cada quarto, o que demorou imensas horas.

Com o cabelo desajeitadamente preso, sentada com as pernas á chinês no chão, começava uma aventura pelas molduras espalhadas diante dos meus olhos, numa vasta escolha.

Enquanto isso, Mafalda terminava de aspirar o pó que gradualmente pousava na madeira clara do chão flutuante escolhido.

Com as molduras espalhadas, decidi sair do prédio para despejar os dois sacos de lixo que a manhã nos levou a encher. Depois, a parte que, tanto eu como a Mafalda, tanto ansiamos. Ter a mobília toda montada.

Tudo em cada canto. Arrumado e organizado á nossa maneira. Sem caixas atiradas pela casa, o que acontecia há dois dias.

- Estou estafada. - A morena comentou, deitada no sofá com o telemóvel nas mãos e as pernas esticadas, encostadas á parede. - É bom que me leves a beber um copo. - Resmungou, o que me levou a sentar junto dela.

- Podemos ir beber um copo, sim. É Domingo, o bar da praia vai estar cheio. - Comentei com a mais velha por cinco minutos.

- Nem acredito que estamos de volta ao Porto, depois de tantos anos em Lisboa. - Entendia na perfeição o que dizia. - Nem que em dois meses já compramos casa, Mads.

- Mesmo. Aconteceu tudo muito rápido.

Aproveitei para abrir a porta da varanda, permitindo a entrada dos nossos animais, visto que estava tudo limpo.

O gato de dez anos aninhou-se rapidamente ao lado da minha irmã e a cadela preta de um ano, andava em busca da sua tigela da ração. Pousei duas tigelas com diferentes rações e uma maior com água perto da cozinha.

Rapidamente se deitou a comer.

- Bem, vamos acabar de arrumar estas caixas e desmancha-las. Temos que ter isto arrumado e limpo hoje. Já não aguento este caos.

Concordei com a mais velha, ajudando-a.

Continuávamos com a música alta, fazíamos algumas paragens para brincar com a Athena, a American Staffordshire Terrier, que levava na boca almofadas ou puxava as mantas, fazendo-as desenrolar pelo chão.

Acabamos por soltar umas boas gargalhadas e por fazer um cardio intensivo atrás dela. Com o telemóvel captei várias imagens.

Postava algumas e escondia as mais vergonhosas, onde apanhava a minha irmã ou as minhas risadas estridentes. Perto das seis da noite, tínhamos a nossa cozinha, sala de estar e casa de banho completas.

Tanto em arrumação, como em limpeza.

- Nem acredito que acabamos. - Ouvi o seu comentário, enquanto cozinhava algo para nós, visto termos falhado o almoço. - Mana, nada de explodir a cozinha no primeiro dia.

Revirei os olhos, levantando-lhe o dedo do meio, ouvindo de imediato as suas risadas. Não demorou a sentar-se num banco.

Preparei apenas ovos mexidos, bacon, sumo de laranja e coloquei a cesta do pão diante dela, de modo a ser mais fácil alcançar. Após sentar-me a seu lado, lanchamos.

HURRICANE  ➛  ANDRE SILVA Onde histórias criam vida. Descubra agora