Returns h.s

08🥀

Eu estava realmente tentando me divertir ali, mas já estava começando a me irritar o calor, a música alta que faziam meus ouvidos doerem e o sono que já começava a chegar por conta de tanta bebida.

Já se aproximava das três da manhã quando estava decidida a ir embora, peguei minha bolsa ainda segurando o drink em minha mão e logo a música parou.

Um homem animado e visivelmente bêbado pegou o microfone e começou um discurso bagunçado e desconexo.

- E claro, não podemos esquecer. – continuou ele. – Estamos aqui comemorando também a promoção do meu grande amigo Tony que está ali na companhia de sua namorada Sofia.

Engasguei levemente com o drink não acreditando em tamanha coincidência, mas Tony estava de plantão hoje.

Me inclinei para fora da mesa olhando para cima na hora em que ambos se beijaram e o copo caiu de minha mão.

Lá estavam eles, meu namorado com uma garota desconhecida aos beijos mostrando sua paixão a todos presentes.

Tony empalideceu quando olhou para baixo e seus olhos se encontraram com os meus. Sem dizer nada eu apenas comecei a caminhar rapidamente para fora daquele lugar e Olivia correu atrás de mim tentando me alcançar antes do meu agora, ex namorado.

Quando já estava próxima a porta pude ouvir sua voz atrás de mim e quando finalmente cheguei na parte de fora ignorando todas as suas desculpas e escondendo minhas lágrimas eu o vi.

Harry sorriu de lado inclinando levemente a sobrancelha como se dissesse, bem feito, é isso que você ganha por pensar tanto nos outros.

Como um capetinha lá estava ele com sua postura impecável, e suas feições provocadoras esperando sua próxima vítima cair em desgraça.

- Amanhã. – afirmei limpando meu rosto e me virando para Tony. – Nós vamos terminar amanhã. Hoje eu vou trair você. – afirmei ignorando seu olhar confuso e em passos firmes segui até Harry.

Um passo após o outro tentando manter uma confiança que eu não tinha me joguei em seus braços e pressionei meus lábios contra os seus.

Podia sentir sua boca contra a minha sem se mover nem um centímetro e seus olhos me encaravam com severa repreensão, mas ele não me afastou.

Ao contrário disso ele tirou a mão do bolso e tocou minha cintura me afastando lentamente de sua boca.

- Entra. – pediu quando o carro parou próximo a nós e abriu a porta para mim.

Olhei para trás vendo a feição indignada de Tony contrastando com a risada nada escondida da minha amiga e deslizei para dentro do carro, Harry entrou logo depois batendo a porta.

- Para o hotel Lúcio. – mandou e o olhei. – A moça quer trair o namorado essa noite.

Janet passou todo o caminho calada e o silêncio parecia sufocante no carro, eu esperei que em algum momento ela dissesse que queria ir para casa, mas não o fez.

Até mesmo Lúcio ficou confuso quando ela me seguiu para dentro do hotel e entrou na suíte comigo.

- Você... Quer beber alguma coisa? – perguntei desconfortável.

- Sim, por favor. – murmurou se sentando no sofá e peguei uma das garrafas de vinho do bar e duas taças me sentando ao seu lado.

As horas avançam enquanto em silêncio Janet bebia uma taça após a outra, e perto das quatro da manhã ela havia entornado uma garrafa e meia de vinho e chorava sem parar.

- Ele nem me disse que havia ganhado a promoção. – soluçou bebendo um gole da garrafa quase vazia e suspirei me acomodando no sofá. – Ele contou para todos aqueles amigos que eu nem mesmo conhecia e a Sofia... - murmurou sentindo o amargor do nome em sua boca. - Eu fui até lá no pior dia da minha vida só para deixá-lo ainda pior.

- É... Uma droga. – murmurei massageando as têmporas.

- E você! – gritou apontando o dedo e olhei para ela. – Por que me odeia tanto? – perguntou e suspirei. – Você acabou com tudo que eu tinha, estava lá a todo momento e acabou com a minha vida.

- Tudo já estava acabado, você só não queria ver isso. – afirmei me levantando e Janet largou a taça deixando o vinho cair pelo tapete enquanto me seguia.

- Não, isso é mentira, estava tudo bem até você chegar. – afirmou cambaleando.

- Antes de eu chegar você seria demitida de qualquer forma, a empresa iria à falência mais cedo ou mais tarde, seu namorado continuaria te traindo por tempo indeterminado, talvez até depois que vocês se casassem, eu só dei um empurrãozinho em algumas coisas.

- Você infernizou a minha vida. – acusou me encurralando contra a ilha da cozinha e respirei fundo apoiando minhas mãos no mármore enquanto a via cutucar meu peito. – Você brincou comigo, me enfiou no meio dos seus joguinhos e ficou furioso quando eu joguei de volta. Você é ridículo.

- Eu sei, você costuma dizer muito isso.

- Você é triste sabia Harry? E quando perceber que essa sua vingança não vai mudar nada do que aconteceu, que tudo isso só vai fazer mal a tantas pessoas inocentes, você vai ser mais triste ainda. – sorriu se embaralhando em meus pés e se segurando em minha camisa. – É por isso que eu estou aqui, eu vou ver você conseguir o que quer e vou ver você cair em sua própria desgraça depois disso.

- Por que acha que eu me importaria com essas pessoas? – perguntei e Janet sorriu segurando em meu rosto.

- Porque você se importa Harry, assim como se importa com Lúcio, assim como sempre tenta dar o melhor para as pessoas que trabalham com você, você se importa. – sorriu. – Mas eu consigo ver a mágoa apenas em olhar para você, consigo ver a forma que isso o destrói então mesmo após tudo, você ainda está mais miserável que eu. – afirmou se afastando até o congelador e respirei fundo.

Eu realmente havia perdido a noção ao trazer essa bêbada para a minha suíte essa noite.

- Agora que perdeu tudo, você virá trabalhar para mim? – perguntei e Janet sorriu achando o pote de sorvete no fundo do congelador.

- Eu perdi tudo realmente. – afirmou pegando uma colher na gaveta. – Mas ainda não perdi minha sanidade. – gargalhou voltando para a sala e pisquei confuso.

°°°°

Depois de cochilar até às sete me levantei da cama e tomei um banho morno, coloquei um dos ternos que Lúcio havia separado e me arrumei para ir a empresa.

Passei pela sala vendo Janet enrolada na manta do sofá e suspirei escrevendo uma pequena nota e colei em sua testa saindo da suíte.

- Bom dia senhor. – Lúcio sorriu me entregando um copo de chá.

- Fique aqui hoje e leve a senhorita Janet para casa quando ela acordar. – murmurei pegando a chave do carro reserva. – Se... Por acaso ela não tiver onde ficar. – sussurrei desconcertado. – Traga ela pra cá. – disse rápido.

- Não entendi senhor. – Lúcio sorriu ainda mais.

- Traga ela pra cá. – disse um pouco mais alto pigarreando e Lúcio assentiu contendo uma gargalhada. – Estou indo. – avisei saindo para o elevador.

Eu não iria dar um lugar para ela morar, claro que eu não faria isso por ela. Era só... Eu não faria!

- Acho que estou ficando louco. – resmunguei batendo a testa na porta do elevador e ouvi Lúcio gargalhar. – Você está demitido. – gritei para que ele ouvisse e o mesmo gargalhou ainda mais antes de responder.

- Sim senhor.

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