1 | O tratado de paz

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Férias de verão: o momento mais aguardado do ano por todos os estudantes, principalmente por João Paulo.

As férias eram o único momento em que realmente podia aproveitar a presença de seus amigos que moravam em outra cidade, afinal ele era o único do grupo de amigos que tinha continuado em Maringá para fazer faculdade. Maria Fernanda, sua namorada, Jade, sua prima, e Augusto, um de seus melhores amigos, moravam todos em Londrina, onde estudavam psicologia, letras e medicina, respectivamente. Nina, sua melhor amiga, morava em São Paulo, onde estudava teatro, e Felipe, seu outro melhor amigo, morava na Itália, para onde tinha se mudado ainda muito novo para seguir o sonho de ser piloto.

Claro que os amigos voltavam mais de uma vez por ano para casa, principalmente Jade, Maria Fernanda e Augusto, que moravam a poucos quilômetros da cidade natal, mas não era como nas férias de verão.

Dezembro e janeiro eram, sem sombra de dúvidas, os melhores meses do ano. O sol e o calor dos dias de verão eram um convite para atividades animadas, como trilhas, passeios ao ar livre, piqueniques no parque e dias na piscina. E se tudo corresse bem, até uma ida ao kartódromo para uma competição amigável entre amigos era bem vinda, a não ser que Jade e Felipe estivessem em um daqueles dias em que resolviam não concordar com nada do que o outro dissesse, aí nada estava feito, a não ser a tragédia anunciada que estava por vir.

Os amigos não sabiam quando essa conturbação na amizade de Jade e Felipe começou, pois em uma época muito distante, quando ainda eram crianças, os dois tinham sido bons amigos, Felipe, inclusive, era a criança preferida de Jade para brincar de alunos e professora. Ele sempre prestava atenção no que a menina falava enquanto João Paulo, Maria Fernanda, Nina e Augusto ficavam rabiscando os papéis que a professora os entregava.

A teoria de João Paulo era a de que o amigo e a prima eram apaixonados um pelo outro e brigar era o único jeito que tinham encontrado de não deixar isso transparecer e ainda assim um conseguir chamar a atenção do outro. Claro que quando disse isso aos dois quase apanhou e precisou se esconder atrás da namorada. Maria Fernanda, como a aluna aplicada de psicologia e a voz da razão do grupo, levantou a teoria de que alguma coisa muito grave tinha acontecido entre os dois e que nenhum dos outros amigos sabia. Essa era a teoria mais aceitável, mas não impediu que Nina e Augusto criassem uma teoria que só poderia ter saído de suas cabeças: na verdade Jade e Felipe não se odiavam, todas as brigas faziam parte de um plano dos dois para manter o grupo entretido ao longo do ano, porque sim, eles brigavam até mesmo quando estavam em continentes diferentes.

A verdade é que não importava o motivo, Jade e Felipe não conseguiam se dar bem, os outros quatro tinham até desistido de tentar, e quando os dois começavam mais uma de suas típicas discussões, Maria Fernanda, Nina, Augusto e João apenas deixavam os dois falarem tudo o que precisavam e depois seguiam com a vida como se nada tivesse acontecido.

No entanto, João Paulo estava determinado a mudar as coisas neste verão.

Os avós de Jade e João Paulo, dona Catarina e seu João, tinham oferecido a casa de praia para o grupo de amigos para eles aproveitarem alguns dias após o réveillon, apenas os seis, aproveitando a praia, a piscina e as festas da cidade. O único problema era que, até o momento, a única pessoa que sabia dessa oferta era João Paulo. Nem seus pais, nem seus tios, nem os pais dos amigos e muito menos os amigos tinham sido avisados do convite. Os pais de todos só ficariam sabendo quando tudo já estivesse combinado entre as crianças, afinal os adultos não os deixariam ir sabendo que a bomba relógio Jade-Felipe estava ainda para uma cidade afastada, juntos, para ficar duas semanas na mesma casa.

Na cabeça do estudante de administração já estava tudo certo. Quando todos chegassem à cidade natal eles iriam até a casa de Maria Fernanda, à noite, como já tinha sido combinado há meses. Lá João contaria da proposta dos avós para os outros cinco, mas antes de qualquer um falar alguma coisa, daria sua condição: a dupla dinâmica deveria fazer um tratado de paz. Não precisava ser nada extremo, eles só teriam que manter a boa convivência enquanto estivessem na frente dos pais quando fossem comunicar sobre a viagem no dia seguinte em um almoço na casa de dona Catarina e seu João para que os adultos vissem que estava tudo bem e deixassem que eles fossem para a casa de praia sem problemas, claro que se Jade e Felipe escolhessem manter a paz pelas duas semanas de viagem também seria perfeito para todos.

Season of Love | Felipe Drugovich Onde histórias criam vida. Descubra agora