Os dois primeiros dias na praia tinham sido como os dois primeiros dias na praia sempre são: animação e disposição para fazer qualquer coisa, principalmente por conta do calor e do sol escaldante, mas o terceiro dia amanheceu diferente.
Jade foi a primeira a acordar no terceiro dia na casa de praia, e logo que saiu do quarto após escovar os dentes e trocar de roupa percebeu que o tempo não estava como nos dois dias anteriores.
O ar estava frio, o céu estava nublado e uma garoa fina caía lá fora. Após voltar para o quarto e pegar um moletom fazendo o mínimo de barulho possível para não acordar Nina, a garota seguiu para a cozinha, onde fez café para todos e colocou duas fatias de pão de forma na torradeira. Ela tinha acordado com fome. Depois de comer seguiu em direção à sala, onde se aconchegou na poltrona preferida do avô com uma coberta que tinha sido largada em um dos sofás, e começou a ler o livro que tinha deixado separado na noite anterior. Na verdade Jade começou a reler o livro. Percy Jackson era sua saga preferida quando mais nova e ela já tinha lido todos os livros da saga do semideus várias vezes, e seu preferido dos cinco livros da série dos Olimpianos era A batalha do labirinto, mas o que tinha levado consigo para a viagem era o primeiro, O ladrão de raios.
Jade já tinha lido um quarto do livro quando ouviu o começo de uma movimentação na casa, e essa era a pior parte do chão de madeira, que apesar de muito bem cuidado fazia barulho como todo chão de madeira antigo. A estudante logo reconheceu os passos como sendo de Augusto. O futuro médico sempre andava com passos suaves, parecendo um gato, diferente dos outros cinco, que andavam parecendo elefantes e esbarravam em tudo, e se tinha uma coisa que Jade tinha certeza era de que Guto seria um ótimo cirurgião em um futuro não tão distante, pois não eram apenas seus passos que eram leves, todos seus gestos eram tranquilos.
– Bom dia, flor do dia. – cumprimentou o garoto com seu bom humor matinal, e Jade apenas respondeu porque já estava acordada há pelo menos uma hora e o café já tinha cumprido seu dever e acordado seu cérebro o suficiente para que ela não estivesse mais carregada por seu típico mau humor matinal.
– Bom dia, luz do meu dia. Tem café na cozinha.
– Eu já te disse que te amo hoje?
– Quem ama quem? – perguntou Felipe chegando na sala também.
– Ai, assombração! – reclamou Jade dando um pulo da poltrona pelo susto que tinha levado com a aparição do piloto na sala e Augusto caiu na risada com a reação da amiga e quase cuspiu o café que estava bebendo.
– Se você derrubar café no tapete é você quem vai limpar, Martins.
– Pode ficar sossegada que eu não vou derrubar, Pellegrini.
– Vocês ainda não me responderam quem ama quem. – reclamou Felipe se sentando no sofá com uma xícara de café.
– Eu amo a Jade porque ela fez café. – explicou Augusto e imediatamente o piloto arregalou os olhos e parou a xícara no meio do caminho entre a boca e a mesa de centro onde tinha deixado o prato com pão.
– Pode tomar tranquilo que não tem veneno não. Não sou tão ruim assim, por mais que eu ache que você mereça na maior parte dos dias.
– No café pode até não ter, mas e na xícara? – perguntou Felipe.
– Como se eu fosse adivinhar qual xícara você ia escolher. – falou Jade revirando os olhos e perdendo um pouco do seu bom humor que o café fresquinho e as aventuras de Percy, Grover e Annabeth tinham lhe dado.
– Eu vou lá saber, eu tenho certeza que você é uma bruxa. E louca.
A fala do piloto lhe rendeu um gesto indelicado vindo de Jade e Augusto, que estava filmando toda a cena sem os amigos perceberem, caiu na risada mais uma vez. Ele, assim como os outros três amigos, amava acompanhar essas interações entre a dupla de aminimigos. Os quatro apenas não gostavam quando Jade e Felipe brigavam para valer, com direito a ofensas e palavras de baixo calão, mas interações como essa, inofensivas, eram o principal alívio cômico do grupo depois das palhaçadas não intencionais de João Paulo.
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Season of Love | Felipe Drugovich
FanfictionSeis amigos, um verão, uma casa de praia e festas. Nada para dar errado, certo?