2 | Nem toda paz é duradoura

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Dar a notícia para os pais não tinha sido fácil. Dona Catarina e seu João precisaram intervir para que os adultos concordassem e permitissem que os filhos passassem duas semanas inteiras em uma cidade há mais de 700 quilômetros de Maringá, sozinhos e sem supervisão. O desespero dos amigos era tão grande que Jade e Felipe prometeram nunca mais brigar se fosse necessário, mas como a dupla dinâmica extremamente teimosa e cabeça dura a promessa não durou muito tempo.

01/01/2022. O ano mal tinha começado e Jade já se sentia pronta para esmagar Felipe da mesma forma que esmagaria uma barata. O motivo? Quando o relógio marcou meia noite e ambos se viram na obrigação de manter as aparências na frente dos pais pelo bem da viagem, os dois precisaram se cumprimentar, desejando feliz ano novo um para o outro como tinham feito com todos os outros presentes na casa de Jade, onde a ceia estava ocorrendo. Até aí tudo bem, não precisavam trocar mais que três palavras e um abraço tão rápido que seria impossível de ser capturado em alguma foto que algum dos presentes tentasse tirar. O problema foi depois do abraço forçado, enquanto os seis amigos estavam pegando lentilha.

Felipe, Augusto e João Paulo, sendo as crianças que eram quando estavam juntos, começaram a falar animadamente sobre o mais novo jogo de videogame que estavam jogando. Na emoção de contar para os amigos a proeza que tinha realizado no jogo mais cedo, Felipe se virou com tudo e trombou com Jade, que estava ao lado de Augusto, o que a fez perder o equilíbrio e quase cair em cima do piloto. Exatamente, quase. O tombo foi evitado pelo próprio causador do desequilíbrio, que segurou a estudante de letras pelos braços com toda a força que tinha, mesmo que isso tenha feito com que ele também perdesse o equilíbrio e quase caído de costas e com Jade por cima.

A cena tinha passado despercebida pelos adultos, mas os outro quatro jovens tinham prendido a respiração e estavam prontos para a chuva de insultos que começaria no momento em que ambos se recuperassem do quase acidente. Não tinha nada que pudessem fazer para evitar a discussão, a única coisa que poderiam fazer era mudá-la de lugar para onde não corressem o risco de terem a viagem cancelada pelos adultos que se diziam responsáveis, mas que estavam bêbados feito gambás.

– Três... – começou João Paulo.

– Dois... – continuou Augusto.

– Um. – finalizou Nina, mas antes que qualquer um dos dois briguentos pudesse abrir a boca para falar um a sequer, Maria Fernanda se colocou no meio deles e apenas apontou para os pais, sem dizer nada.

A atitude da futura psicóloga teve efeito, porque nem Jade nem Felipe abriram a boca para soltar nenhum insulto, apenas saíram cada um para um lado, bufando. João Paulo tinha certeza que tinha visto fumaça saindo das orelhas da prima, assim como em desenhos animados.

Aquela tinha sido uma vitória e tanto para o grupo de amigos, mas eles não podiam se esquecer que a noite era uma criança e ela estava apenas começando. Precisavam se preparar para uma possível guerra a qualquer momento da madrugada. Iriam para uma festa em menos de uma hora, e depois de algumas bebidas, o circo com certeza pegaria fogo.

*

A ida para a festa na casa de um dos ex-colegas de classe dos amigos tinha sido tranquila. Os seis se dividiram em dois grupos: Maria Fernanda, Jade e João Paulo em um carro, e Nina, Augusto e Felipe em outro. As garotas queriam ir sozinhas para poder conversar sem nenhum dos garotos ouvir, mas tinham sido vencidas por eles que não queriam que elas entrassem sozinhas em um carro com um desconhecido. Não que na opinião deles eles eram capazes de fazer alguma coisa caso acontecesse alguma coisa com elas, mas se pelo menos um deles estivesse junto com elas as chances eram menores.

Quando chegaram à casa, se reuniram em uma rodinha para combinar os detalhes da ida para casa após a festa.

– Não se esqueçam, todos aqui na frente às 6 horas. Nós viemos juntos, nós vamos voltar juntos e nós vamos tomar café da manhã juntos. Ninguém fica para trás. – falou João Paulo. Aquela era a principal regra deles. Não importava onde estivessem nem o horário, nenhum dos seis ficava para trás.

Season of Love | Felipe Drugovich Onde histórias criam vida. Descubra agora