Capítulo 34

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Pov Rachel

Amarela. A parede na minha frente é amarela.

Me concentro no que a psicóloga me disse, observando o lugar onde estou e o que está à minha volta. Meu quarto amarelo, os lençóis debaixo de mim, minhas mãos que tocam o meu ursinho de pelúcia.

O ursinho que meu bebê nunca vai segurar.

Eu o perdi. Eu a perdi e nem sequer pude ver seu rostinho. Eu nunca saberei se ela teria os meus olhos, o meu sorriso... se ele teria o sorriso tão lindo quanto o do pai. Pensar em tudo isso corta minha garganta como se eu estivesse no deserto e não houvesse mais água no planeta. Meu corpo inteiro dói, e minha cabeça ainda está zonza dos remédios que o psiquiatra passou. Não sei muito bem onde estou. Mas dói, tudo dói, dói demais.

A porta se abre, e minha cabeça vira automaticamente como um reflexo. Não me importo exatamente com quem está vindo.

Vejo Kurt andando em minha direção, com Quinn ao seu lado. Não sei se ele anda devagar ou se é a minha percepção do mundo em câmera lenta, mas ele se aproxima tão lentamente de mim. Cada segundo dura um milênio. Cada respiração me traz uma nova dor. Eu não sabia que podiam haver tantas.

Pov Kurt

Vejo Rachel ali, sentada em sua cama e encarando o vazio. Ela parece tão frágil, tão pequena... ainda não consigo acreditar que minha amiga está passando por tudo isso.

Quando finalmente me sento ao seu lado, ela desaba em lágrimas, e choramos até o mundo parar.

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"Sua mãe me contou." - digo, fazendo carinho em seu cabelo, sua cabeça apoiada no meu colo. Rachel chora repetidamente, para alguns segundos pra se recuperar, e quando penso que ficará bem, desata novamente a chorar. Nunca a vi assim, e não consigo sequer materializar o tamanho dessa dor. Quinn, com sua barriga gigantesca, acaricia os pés de Rachel, que estão sobre seu colo.

"Des..culpe... por não" - um soluço interrompe sua fala - "contar..."

"Tá tudo bem. Eu te amo. Nada vai mudar isso."

Não há palavras pra descrever o sentimento acumulado nesse quarto. Não há como descrever essa dor.

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Pov Jesse

2 semanas. 2 semanas desde que o mundo se abriu debaixo dos meus pés e eu desabei. Perdi meu futuro, minha mulher e melhor amiga, meu filho. Perdi tudo o que me fazia ser eu, e não sei como continuo de pé aqui, ou o porquê.

Estou sentado na cantina quando um sanduíche aparece na minha frente.

"Oi." - Quinn, com sua barriga do tamanho de uma melancia.

"Obrigado." - digo, e pego o sanduíche pra guardar na bolsa.

"Nada disso." - ela toma a minha bolsa de mim, abre o zíper e pega novamente o sanduíche. "Come. Na minha frente. Quero ver você comendo."

Eu dou de ombros, desembrulho o sanduíche e dou uma pequena mordida.

"Como ela tá?" - pergunto o mesmo de todos os dias. Quinn me estende uma garrafa d'água, ela só vai me contar se eu beber.

Quinn tem sido minha única fonte de notícias sobre Rachel. Shelby me atualizou do básico: ela está medicada, fazendo terapia e repousando. Perdeu 2 semanas de aula.

Quinn é minha única fonte real. Ela me diz que Rachel não está bem, que encara o vazio e chora o tempo todo. Que fala do bebê em praticamente todas as conversas.

All That Matters | St.Berry FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora