Só mais um dia comum.
Era isso que eu pensava, enquanto rabiscava meu caderno de álgebra. O senhor Harold explicava algo que eu provavelmente já sabia, então minha mente divagava enquanto ele falava, me tirando um pouco de toda a pressão da Mckinley High School.
Não é uma questão de ser nerd. Acho que ser ou não ser bom na escola tem a ver mais com sorte. E bem, prestar um pouco de atenção no que eles dizem.
"Senhor Schuster?"
Ótimo. Mais uma classe de alunos que vai passar o resto do semestre se perguntando por que o senhor Harold me chamou de "Senhor Schuster" ao invés de "Senhor St.James", como todos os professores com os quais eu conversei gentilmente me chamam. Mais uma classe de alunos que logo vai juntar os pontos, descobrir sobre o meu pai, e então começar a me isolar. Mais ainda.
"Sim, senhor Harold?"
"Poderia, por favor, vir ao quadro e mostrar aos seus colegas de classe como se resolve essa equação?"
E minhas teorias sobre mais um período isolado acabam de se confirmar.
Jesse St. James, o cara da escola que é bom em matemática. E em ciências. O garoto da McKinley High que se veste de forma normal, que fala de forma normal, que inexplicavelmente, apesar de sua óbvia falta de popularidade, namora a bela líder de torcida. O garoto que anda por aí com sua namorada Quinn Fabray e... com sua namorada Quinn Fabray. O cara caladão que não tem nada de extraordinário ou importante. Esse sou eu. Até descobrirem sobre o meu pai.
Will Schuester. Professor de espanhol, diretor do Clube Glee, queridinho dos alunos. E meu pai.
Não que eu tenha vergonha do meu pai, de jeito nenhum. Ele fez um excelente trabalho me criando sozinho desde que minha mãe nos abandonou assim que teve alta do hospital, não se dando sequer ao trabalho de me dar seu sobrenome. William St. James Schuster é meu único parente vivo, e o único nome que consta na minha certidão de nascimento. Jesse St. James Schuster é meu nome completo, para que eu não tenha que passar pelo constrangimento de não ter um nome por parte de mãe.
Constrangimento. Palavra interessante, por sinal.
Começou quando eu vim para a William McKinley High. Sabíamos que estudar na mesma escola em que meu pai leciona poderia me trazer problemas, mas essa é a única escola das redondezas. Então, no meu primeiro ano, quando eu ainda usava o sobrenome do meu pai, as pessoas começaram com suas porcarias de suposições. "Óbvio que ele se dá bem, o pai dele deve conseguir todas as respostas para ele.", "Soube que o pai dele pagou o diretor para que o filho tirasse 10 em geometria.", "Já repararam que o Jesse não tem mãe?".
No começo eu ignorava. Mas quando meu pai me encontrou trancado dentro da lata de lixo depois de um dez em espanhol, decidimos fazer algo. Passei a evitar a associação entre meu pai e eu. Comecei a usar o sobrenome "St. James", embora isso me faça lembrar que não tenho mãe. Mudei para a classe de alemão. E nunca contei ao meu pai sobre o idiota de moicano que me jogou na lixeira.
Talvez eu tenha uma tendência natural para ser rejeitado, visto que nem minha mãe me quis. Mas, considerando todas as pessoas que me amam, (que, segundo minha conta mental, devem ser umas 5 ou 6), pensar sobre isso é algo que eu considero "piegas" demais.
"Raiz quadrada de Pi." – respondi, após finalizar a conta no quadro negro. Em seguida, voltei ao meu lugar de costume, no fundo da sala.
Fim da aula. Só mais um tempo.
"Apressadinho! Onde vai?" – Quinn Fabray, a capitã das líderes de torcida e, inexplicavelmente, minha namorada. Ela se ergue nas pontas dos pés, e dá um beijo em meu rosto.
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All That Matters | St.Berry Fanfiction
RomanceJesse e Rachel são melhores amigos desde sempre. Vizinhos, seus pais são melhores amigos, e os dois cresceram como irmãos. Até que o emprego da mãe de Rachel em outra cidade os separa por um tempo. Cinco anos depois, Rachel está de volta à cidad...