Capítulo 11

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Pov Jesse

Estraguei tudo. Uma vida inteira de uma amizade perfeita, e eu estraguei tudo em cinco segundos, porque não consegui me conter.

Não sei o que deu em mim. Perdi totalmente o controle, a raiva e a emoção me dominaram, e eu simplesmente a beijei. Quando dei por mim, minhas mãos já tinham tomado o seu rosto e o atraído para os meus lábios. O beijo foi rápido e incompleto, mas posso afirmar com toda a certeza que foi o melhor da minha vida até agora. Os lábios da minha melhor amiga são macios e quentes. E como se eu já não tivesse problemas o bastante, o que mais me incomoda no momento é a certeza de que não poderei senti-los mais uma vez.

Como um covarde, dei-lhe as costas e saí de lá assim que pude. Não queria ter que pedir desculpas pelo beijo mais sincero que já dei em alguém.

Estou deitado em minha cama, olhando para o teto, quando ouço o barulho da porta do meu quarto abrindo, e ergo a cabeça na direção do som.

É ela.

Rachel está usando o vestido da apresentação, e caminha a passos curtíssimos em direção à minha cama.

"Oi." – ela diz, e sua voz é praticamente um sussurro. Está olhando para mim, e seu rosto fica mais vermelho a cada passo que dá. Não sei como está meu rosto nesse momento, mas estou nervoso, meu coração está acelerado no peito. É a primeira vez em que me sinto assim em todos esses anos de amizade, sem coragem de olhar pra ela.

"Oi." – respondo, e me sento na beirada da cama – "Como foi lá?" – eu sai antes do resultado final. Porque eu estava com raiva do beijo de Rachel e Finn. E porque eu a beijei. Realmente não foi o melhor assunto para puxar agora.

"Nos classificamos," – ela diz, se sentando ao meu lado, - "mas ficamos em terceiro. E Santana tentou me bater." – ela dá um sorriso tímido, e eu retribuo. Estou olhando-a nos olhos, e ela abaixa a cabeça, envergonhada.

"Meu pai veio com você?" – quero saber como ela entrou na minha casa.

"Não, ele foi levar o pessoal pra lanchar, acalmar os ânimos. Mas eu tava sem cabeça, depois de tudo." – me olha, e sei que se refere à culpa que sente por não terem conseguido o primeiro lugar. E ao beijo, o meu beijo – "Eu usei a chave de emergência." – ela me mostra a chave em sua mão, que meu pai deu à Shelby para eventuais situações de emergência, já que somos vizinhos. Nós também temos uma cópia da chave da casa delas.

Ficamos em silêncio por alguns minutos, sem coragem de nos olharmos nos olhos.

"A música..." – ela fala baixo, e está olhando pro chão – "é sobre mim, né?" – ergue a cabeça, e me olha. Eu tenho um milhão de palavras e explicações para dizer, mas estão todas presas na minha garganta. Afirmo com a cabeça, e não consigo dizer nada.

"Jesse, você gosta de mim? Desse jeito?"

"Gosto." – admitir isso é a coisa mais fácil que fiz na vida.

"Eu..." – ela gagueja. Ela não esperava isso. Certamente esperava que eu dissesse que foi um erro, uma loucura, até mesmo uma atração passageira, mas não é. Eu gosto dela de verdade, e sei que isso complica tudo, mas não posso mais fingir que não é isso que eu sinto – "eu nunca pensei na gente... desse jeito, Jesse. Quer dizer, você é quase meu irmão e..."

Não quero ouvir. Quero dizer-lhe que não interessa, que toda essa história de irmandade está me tirando do sério porque a quero como mulher, mas não posso, não consigo quebrar a barreira do silêncio, e não quero ouvir o seu não. Me mantive calado todo esse tempo porque eu sabia que ela não reagiria como eu gostaria, e porque não quero, não posso perder sua amizade. Eu não posso explicar tudo isso, mas sinto que ela sabe, que ela finalmente pode ler nos meus olhos.

All That Matters | St.Berry FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora