Long Story Short

165 18 15
                                    


Nayeon suspirou, olhando para a penumbra que o poste de luz provocava nas ruas. O restaurante ainda estava aberto, não mais para o almoço, mas para o jantar, o que a fez perceber o quão tarde estava e que havia alugado por tempo demais sua funcionária, mesmo quando a mesma tinha um prazo relativamente curto para a entrega dos materiais. Já Chaeyoung estava tão entretida que nem notou, havia já feito o décimo desenho e não queria parar. Era uma sensação parecida com saída de um museu, onde as ideias fervilham na cabeça.  

Sem mais, nem menos, Nayeon se levantou, ajeitando sua postura, pegou seu casaco na cadeira e deixou o dinheiro das duas refeições em cima da mesa. A pequena Son se assustou e fez o mesmo, notando que suas pernas estavam dormentes.  

“Ótimo dia para ir até o ponto há mais de um quilômetro de distância”, pensou, olhando para o céu que estava começando a ameaçar chover.  

— Vamos, vou lhe deixar em casa. — A chefe anunciou, já dando as costas para o local. Chaeyoung deu um leve aceno para Somi que estava no caixa, curiosa com a mulher que trajava roupas tão bonitas e com o conteúdo de uma conversa que havia durado longas horas.  

O ar frio tocava as bochechas de Nayeon, era quase um alento para a tempestades de sentimentos em sua cabeça. Ela respirou fundo duas vezes e olhou para a designer de canto de olho, como se estivesse desconfiada agora, imaginando se ela iria fofocar sobre sua vida com algumas pessoas do trabalho. No fundo sabia que não, ela não contaria nada, mas era difícil acreditar nas pessoas com a mesma facilidade de antes. A designer ficou quase ofendida pelo olhar, mas se manteve firme, tentando passar confiança. 

Entraram no carro de luxo da editora de moda, e Chaeyoung não queria parecer deslumbrada com o carro a ponto de passar o caminho todo reparando nos detalhes, então preferiu olhar para fora, enquanto sentia as gotas caírem devagar. Estava feliz por ter acertado sua rápida previsão e não precisar entrar em um ônibus. 

— Alguma hora vai me conta o resto? — A designer perguntou, hesitante depois de alguns minutos com um silêncio entre elas e o barulho forte da chuva.  

— Não tem mais muita coisa para contar... — A estilista olhava para a rua, desviando o seu olhar, às vezes, para reparar em algo no celular. Alguém parecia querer ligar para ela e era também bastante determinado em conseguir. — Não sei se me entende, mas não acho que o meio seja importante se a gente sabe exatamente como termina.  

— Meios explicam muita coisa. — Insistiu, querendo arrancar mais uma história, mas Nayeon havia se fechado novamente, irredutível. 

— Mas não mudam o fim. — Batucou seus dedos, querendo imediatamente voltar para o seu mundo real, onde as memórias haviam sido enterradas.  

Chaeyoung parecia notar a relutância de Nayeon com relação as chamadas que apareciam na tela, junto com o GPS ligado mostrando o seu endereço. Nayeon também estava ficando impaciente com a quantidade de ligações. 

“Kim Dahyun” 

O visor dava a noção mínima de uma mulher de cabelos pretos, olhos monólitos e sorriso bonito. Chaeyoung ficou intrigada, mas Nayeon logo cortou sua linha de raciocínio, perguntando: 

— Se importa de me guiar até a sua casa? Vou desligar meu celular. — Nayeon nem esperou a resposta de Chaeyoung e desligou o aparelho, desaparecendo assim com o rosto da mulher, enfim, suspirou aliviada.  

“Kim Dahyun”, a designer ficou matutando sobre o nome... só sabia que não era desconhecido. Estilista Kim? 

— Ela é famosa? — No "Ela" já estava intrínseco de quem se tratava, claro que Chaeyoung iria ter uma pequena ideia, pelo seu nome e, principalmente, pelo sobrenome da dona de todas aquelas ligações. Nayeon ignorou mais uma vez a conversa, estava se lembrando que da última vez que haviam se falado, Dahyun havia sido uma babaca, o que a irritou profundamente. — Kim, existem tantos Kims, mas... Kim Dahyun, espera... — Arregalou os olhos, surpresa, e quando o nome chegou aos ouvidos de Nayeon, seu bom humor havia desaparecido. Desligou o telefone para não ser atormentada, mas Chaeyoung é incontrolável em seus questionamentos.  

This Is Why We Cant Have Nice Things - MinayeonOnde histórias criam vida. Descubra agora