Capítulo 26

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Manuel saía do estúdio apressado. Ele tinha demorado mais que o normal gravando algumas músicas e Lucero o mataria se ele não chegasse ao consultório a tempo, bem que ela mesma quis ir sozinha, pois se o estivesse esperando, com certeza ela perderia a consulta. Quando ele se aproximava do carro, um homem esbarrou nele com força.

− Desculpa. – Manuel falou.

Sem que Manuel percebesse, o homem puxou o celular discretamente do seu bolso e apenas assentiu, saindo correndo. Manuel entrou no carro e tentou ligá-lo, mas não conseguiu, bufando. Ele passou a mão no bolso e não encontrou o celular, procurando por todos os lados, mas sem sucesso. Manuel pensou ter deixado no estúdio e desceu do carro, entrando lá rapidamente.

− Manuel? – Pablo, empresário de Manuel, ficou confuso ao vê-lo novamente.

− Cara, eu deixei meu celular por aqui? – Manuel perguntou já procurando.

− Hum, acho que não. – Pablo perguntou, ajudando Manuel a procurar.

− Eu combinei com a Lucero de irmos juntos para a consulta do bebê, mas o meu carro quebrou e para completar, meu celular sumiu.

− Usa o meu. – Pablo entregou o celular a Manuel.

− Obrigado, salvou minha vida. – Manuel discou para Lucero.

Lucero encarava o celular chamando sem parar com o nome de Pablo na tela. Com certeza era seu marido e ela precisava ganhar tempo para Manuel realmente achar que tinha perdido a consulta.

− Ela não atende, droga! – Manuel falou estressado, discando novamente.

− Tenta ligar para um táxi. Vocês não combinaram de se encontrar lá? Provavelmente ela estará te esperando.

− É, tem razão.

Manuel ligou para a companhia de táxis, pedindo um com urgência e agradeceu a ajuda de Pablo. O carro logo chegou, mas o trânsito naquele horário era infernal, deixando-o mais nervoso ainda. Lucero esperou o horário próximo à consulta para gravar um recado fingindo estar magoada com Manuel e se preocupou quando ele não atendeu, Carlos poderia ter feito qualquer coisa e ela jamais se perdoaria. Manuel viu que já se passava das três da tarde quando o carro começou a andar e suspirou, tinha perdido mesmo um dos momentos mais importantes da vida de um casal, a ultrassonografia de um filho.

− Pode ir para Santa Fe, motorista, por favor.

Manuel achava que Lucero jamais o perdoaria por perder a consulta e foi o caminho pensando em como se redimir, até que teve uma ideia. Ele sabia que nada do que fizesse diminuiria sua culpa, mas já era de grande ajuda.

− Não, muda a rota e me deixa no shopping mais próximo, por favor.

O motorista assentiu e fez o que Manuel pediu. Ele logo pagou e agradeceu, entrando no shopping e comprando um lindo colar de diamantes para Lucero na loja preferida dela. O homem pegou outro táxi e foi diretamente para casa, entrando e vendo tudo em silêncio.

− Lucero! – Manuel chamou alto.

Lucero estava no quarto e respirou fundo ouvindo Manuel chamá-la. Ela precisava fingir chateação por algo que seu marido não tinha culpa e que ela mesma ajudou a provocar.

− Amor. – Manuel se aproximou rapidamente de Lucero quando ela apareceu na sala e tentou beijá-la nos lábios, mas ela virou o rosto e ele beijou sua bochecha.

− Não está se esquecendo de nada, Manuel? – Lucero ergueu a sobrancelha.

− Eu sei que eu devia ter chegado à consulta e eu não cheguei, mas eu perdi meu celular e o carro parou, amor. Acredita em mim, eu jamais perderia esse momento por querer.

Lucero encarava Manuel desesperado, torcendo para não demonstrar nenhum sentimento além de raiva e decepção.

− Como foi lá? Está tudo bem? – Manuel perguntou, passando a mão no rosto.

Lucero demorou um pouco para responder.

− Sim, está tudo como antes, nada mudou.

− Bom, pelo menos isso. – Manuel deu de ombros. – Me perdoa? – ele agarrou a cintura de Lucero.

Era tão doloroso ver Manuel pedindo desculpas quando na verdade, era Lucero que tinha mil motivos para isso. Vendo que a proximidade estava ficando perigosa e ela ainda precisava se manter aparentemente chateada, ela se afastou.

− Olha o que eu trouxe para você. – Manuel pegou uma sacolinha de cima da mesa e entregou a Lucero.

Lucero reconheceu imediatamente o símbolo da sua loja de joias favorita. Todos os dias era mais difícil de continuar enganando Manuel daquele jeito se ele a amava, se importava com ela e ainda tinha lhe dado Isabela que ela amava como uma filha.

− Você realmente acha que isso pode me comprar? – Lucero apertou os olhos, puxando a sacola da mão de Manuel.

− É claro que não, meu amor, eu só ia te fazer um agrado que já estava planejando, sério. Mas se você não quer, eu posso devolver, me dá. – Manuel estendeu a mão.

Manuel achou melhor não contar para Lucero que o presente realmente era um ato de redenção e a mulher acreditou na história, pois ele tinha mesmo o costume de agradá-la sem motivo.

− Não, eu vou ver.

Lucero se virou de costas para Manuel e abriu a sacola, tirando uma caixa preta média de dentro e a abrindo, revelando um lindo colar de diamantes. Ela amava receber joias e seu marido sabia bem disso.

− Manuel, é lindo! – Lucero falou encantada, tocando no colar com delicadeza.

− Eu sabia que você iria gostar. – Manuel se aproximou de Lucero por trás e agarrou seus ombros, cheirando seu cabelo. – Quero que você o use esse fim de semana no meu próximo show. – ele falou baixo.

Por Lucero, ela se viraria e beijaria Manuel ali mesmo, mas Carlos lhe mandou continuar com o seu teatro de mulher ferida por alguns dias.

− Mas nem pense que isso vai mudar o que você fez. – Lucero fechou a caixa e saiu pisando duro para o quarto.

Manuel suspirou, passando a mão no cabelo. Lucero estava mudada, vivia estressada e mesmo ele estando completamente errado, em seu estado normal, ela não seria tão dura, mas ele precisava compreendê-la e esperar que o tempo curasse a raiva, mágoa ou seja lá o que ele causou a ela.

                                                                                  ~ * ~

Na escala de culpa, quem será que ganhou nesse capítulo, Lucero ou Manuel? :S

Crime De AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora