Capítulo 28

88 6 0
                                    

− O senhor vai precisar aguardar aqui fora. – um dos enfermeiros falou para Manuel.

Manuel parou sem soltar Lucero. Nem passava pela sua cabeça deixar a mulher sozinha naquela situação.

− Não, eu não posso. É minha mulher que carrega o meu filho. – Manuel enfatizou.

− Eu sinto muito, mas são regras. O senhor pode preencher a ficha dela enquanto aguarda o médico chamá-lo.

− Amor, nós sabemos que é assim. Eu vou ficar bem. – Lucero se manifestou com os olhos cheios de lágrimas.

Manuel simplesmente suspirou e beijou a testa de Lucero. Ele não poderia estar com ela naquele momento, mas ambos teriam o resto da vida para chorarem juntos a provável perda daquele bebê e festejar a chegada de outro porque ele não desistiria de ter um filho da mulher da sua vida e de dar o irmão que Isabela tanto queria.

− Eu te amo, estarei aqui esperando. – Manuel soltou Lucero.

Os enfermeiros finalmente empurraram Lucero para a sala de ultrassonografia e Manuel ainda passou algum tempo atônito até ir cuidar dos trâmites da internação da mulher. Na sala, após os enfermeiros saírem e deixarem Lucero sozinha com o médico, ela se livrou dos lençóis e se levantou, retirando a barriga falsa.

− Ai, não aguentava mais essa barriga. – Lucero bufou.

− Pois é, querida, mas eu sinto muito que você vai ter que passar uns dias usando uma menor porque sua barriga não pode sumir de repente depois de um aborto. Pega ali dentro. – o médico apontou para uma gaveta que tinha no móvel abaixo de uma televisão na parede.

Lucero se abaixou, abrindo a gaveta e pegando outra barriga falsa. Realmente aquela não parecia ser tão pesada porque precisava apenas demonstrar um certo inchaço e não que havia um bebê dentro dela. Era incrível como Carlos planejava cada detalhe e manipulava tudo ao redor para que atingisse seus objetivos.

− Bom, como o Carlos disse que você viria hoje, eu preparei tudo em sigilo, claro. Consegui umas imagens onde mostram o sangramento de um útero que no caso é o seu, você sofreu um aborto espontâneo, mas o motivo não foi detectado por nenhum médico nas consultas de rotina e eu vou precisar te deixar em observação por hoje, entendeu? – o médico explicava, entregando a ultrassonografia e o laudo a Lucero.

Lucero assentia no automático. Realmente era uma mentira bastante construída que Manuel só descobriria se alguém contasse.

− Agora se deite e trate de fazer uma carinha triste, afinal você perdeu um filho. – o doutor fez um bico falso e riu. – Vou te transferir para o quarto.

Lucero se deitou, suspirando. Até que não seria tão difícil se fazer de triste, até porque ela estava mesmo, mas por Manuel e Isabela que estavam sofrendo por uma mentira. Ela foi encaminhada para o quarto com o soro no braço, mas sem estar na veia, e logo chamaram Manuel que entrou devagar sem coragem de encarar a esposa, assim como ela não queria encará-lo.

− Você já soube? – Lucero perguntou com a voz falha.

Manuel não respondeu e foi até Lucero, a abraçando com força e começando a chorar. Ela também não aguentou e chorou ao vê-lo daquela forma, ela nunca tinha o visto demonstrar fraqueza e o que ela via era que ele a amava muito mais do que ela pensava, do contrário não estaria sofrendo tanto por perder um suposto vínculo eterno entre eles.

− Me perdoa. – Lucero falou novamente, acariciando o cabelo de Manuel.

− Não, meu amor, ninguém teve culpa. – Manuel soltou Lucero o suficiente para enxugar as próprias lágrimas e beijar o rosto dela. – O médico me falou que foi de um problema que não dava para detectar. Agora nós só precisamos ser fortes para passarmos por essa juntos e nós já temos uma filha que se tornou sua também, ela precisa muito da gente.

Crime De AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora