Capítulo 27

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UM MÊS DEPOIS

Como combinado, aos poucos Lucero foi voltando ao normal com Manuel, mas ainda mantendo uma certa distância para que ele não descobrisse da gravidez falsa que já estava prestes a ter um fim. A mulher chegou ao trabalho e foi diretamente à sala de Carlos, pois ele tinha lhe mandado uma mensagem avisando que queria conversar com ela.

− Bom dia, capitão. – Lucero bateu continência.

− Bom dia, tenente. – Carlos devolveu a continência. – Sente-se, precisamos conversar. – ele apontou a cadeira à sua frente.

Lucero se sentou, já esperando a bomba que viria a seguir.

− Chegou a hora que você tanto aguardava. Você vai perder esse bebê.

Lucero se levantou. Realmente era o momento mais aguardado por ela, onde ela finalmente poderia voltar a ser a mesma pessoa de sempre para Manuel e Isabela, mas de repente o medo lhe bateu. E se ela não soubesse disfarçar direito e seu marido descobrisse a mentira?

− Por que agora?

− E você não tinha me pedido para acabar com isso antes que essa gravidez avançasse mais? – Carlos ergueu a sobrancelha.

− Sim, mas é que... – Lucero suspirou. – Como eu vou fazer isso?

− Não se preocupe. – Carlos abriu uma gaveta e tirou um copinho com um líquido vermelho. – Você vai colocar isso dentro da sua calcinha e vai forjar uma queda, isso vai explodir e vai parecer que está saindo muito sangue de dentro de você, é o plano perfeito. – ele sorriu maldoso.

− O que é isso? – Lucero pegou o copinho com nojo.

− Sangue de boi.

− Que nojo, Carlos! – Lucero fez careta, largando o copinho rapidamente.

− Até parece que você nunca viu coisa pior, não é, Lucero? – Carlos deu risada. – Eu sinto muito, bonita, mas você vai ter que encarar isso por hoje.

Lucero suspirou novamente. E se ela recusasse, Carlos iria obrigá-la ou até fazer coisa pior.

− Tudo bem, fazer o quê? – Lucero pegou o copinho novamente e guardou dentro da bolsa com cuidado.

− Agora você está dispensada do trabalho. Pode fingir que está com dor, eu vou te levar em casa. – Carlos se levantou, pegando a chave do carro.

− É mesmo?! – Lucero arregalou os olhos.

− Claro, você não pode chegar em casa dirigindo estando prestes a abortar, além do mais, o Manuelzinho confia em mim como um bom amigo que ajuda nas horas difíceis. – Carlos sorriu irônico.

− E o que vamos fazer depois? Digo porque se supõe que ele vai querer me levar ao hospital depois de ver todo aquele sangue.

− Ah, sim, claro. Você vai dizer que quer vir ao hospital do regimento, o médico daqui está ciente dos nossos planos e vai contribuir com laudos, exames e afins. Viu como eu pensei em tudo? Não tem como dar errado. – Carlos sorriu.

Lucero não sabia como ainda se admirava quando descobria que se contava nos dedos as pessoas que tinham um trabalho completamente honesto naquele lugar, isso porque Carlos não precisava dessas pessoas, afinal quase todos dali eram empregados dele e quem se recusava, ele dava um jeito de se livrar. O homem saiu a abraçando de lado e por mais que ela se incomodasse, tinha que fingir, já que estava supostamente passando mal. Eles começaram o teatrinho ali quando Carlos explicou o motivo pelo qual tinha dispensado Lucero do trabalho e a levaria para casa, não demorando a chegar e entrando com ela da mesma forma.

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