Capítulo 8

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DIAS DEPOIS

O namoro de Lucero e Manuel ia muito bem mesmo com todas as implicâncias de Isabela que eram apenas por simples teimosia em não querer demonstrar que daquela vez seu pai tinha acertado em cheio numa namorada que gostava dela apesar do seu gênio difícil. A única coisa que estragava a felicidade da mulher era Carlos que sempre fazia questão de lhe lembrar da sua triste missão e todos os dias a obrigava a lhe passar um relatório de tudo que Manuel falava, para onde ia e o que fazia, coisa que ela sabia que era apenas para testá-la, pois ele tinha capangas que resguardavam até a ela mesma e conhecia todos os passos das pessoas envolvidas naquele caso.

− E sobre casamento, ele ainda não fala? – Carlos perguntou, rodando em sua cadeira na sala do regimento.

− Bom, ainda não, é tudo muito recente. – Lucero falou como se fosse óbvio. – Mas ele está cheio de planos. – ela desviou o olhar.

Carlos observou Lucero. Ela estava diferente por mais que tentasse disfarçar, seu olhar brilhava como nunca e ele daria uma parte do seu corpo para que ela o olhasse da maneira que olhava para Manuel. O que ela não podia se esquecer era que tudo era um plano e querendo ou não, ela iria com ele até o fim, pois ele não queria fazer com que ela pagasse por tê-lo traído.

− Lucero, você não está apaixonada, está? – Carlos perguntou, olhando nos olhos de Lucero.

Lucero engoliu o seco. Era impossível não se apaixonar por Manuel, ele era incrível em tudo, não só na hora do amor, mas também na questão do companheirismo e cavalheirismo, ela nunca teve ninguém que lhe completasse tanto, até mesmo por Isabela que a mulher tinha aprendido a amar mesmo com seu jeito difícil. Ela queria tudo com Manuel, mas adiava ao máximo todos os seus planos para que não precisasse logo dar um fim a ele e a sua própria vida, pois seus dias nunca mais seriam iguais por ter matado o seu amor e destruído o futuro que queria com ele.

− É claro que não, está maluco?! Eu estou apenas concentrada no que você me mandou fazer. – Lucero se levantou e ficou de costas para Carlos.

− Isso é muito bom, porque você sabe das consequências se algo não sair como o planejado.

− Como se você me deixasse esquecer. – Lucero suspirou. – Enfim, eu tenho muito o que fazer. Posso voltar ao trabalho? – ela perguntou, tentando parecer indiferente.

− Escute, meu amor, vai ter uma confraternização da polícia no próximo fim de semana. Quero que você o leve, ele e a menininha dele.

Lucero paralisou. Por que Carlos tinha inventado de ficar na presença de Manuel e Isabela se ele queria evitar de aparecer para nem ser cogitada a hipótese dele ter algo a ver com o futuro assassinato do homem?

− O quê? Por quê?

− Não é importante que um casal participe um da vida do outro? – Carlos ironizou. – Pois então, você até vai com ele nas apresentações dele, nada mais justo que ele também participe das suas coisas de trabalho.

Lucero suspirou. Além de não poder negar nada a Carlos, Manuel lhe pedia mesmo para acompanhá-la nas poucas festinhas que a polícia proporcionava, mas ela sempre inventava alguma desculpa porque não queria que ele se encontrasse com o pior rival sem saber quem ele era.

− Mas você não tinha dito que não queria encontrá-lo para nem sequer desconfiarem dos seus planos?

− Eu mudei de ideia, Lucero, e já estou cansado das suas perguntas. – Carlos falou impaciente. – Faça o que eu digo e volte ao trabalho, você mesma estava apressada para isso. – ele debochou.

Lucero nem contestou, apenas saiu da sala e passou o resto do seu trabalho torcendo para que Manuel não aceitasse o seu convite, mesmo sabendo que Carlos inventaria mil festas até encontrá-lo só para mostrar a ela que tudo era conforme ele queria.

~ ♥ ~

MAIS TARDE

− Eu não quero ir! – Isabela se jogou no sofá e cruzou os braços, emburrada.

Assim que saiu da delegacia, Lucero foi almoçar com Manuel e Isabela como de costume e fez o convite para a tal confraternização da polícia. O único problema era que Morgana tinha viajado com o namorado e não tinha ninguém para ficar com Isabela, já que o homem não tinha nenhuma babá de última hora para ela e a menina se recusava a ir à festa apenas para implicar com Lucero como sempre.

− Minha filha, você sabe que não tem com quem você ficar. – Manuel falou pela milésima vez e suspirou.

− Eu posso ficar sozinha. – Isabela falou simples.

− De jeito nenhum! Você é uma criança.

− Então você fica. – Isabela falou como se fosse óbvio.

Lucero achou a oportunidade perfeita para Manuel desistir de acompanhá-la, então ela usaria Isabela como desculpa para Carlos e poderia adiar mais um pouco o encontro deles.

− Amor, está tudo bem se não puder. Outra vez a gente vai. – Lucero interviu.

− Não, Lucero, a gente não pode ceder a todas as vontades da Isabela. Está decidido, nós vamos e você vai se arrumar. – Manuel falou sério para Isabela.

− Que saco! – Isabela bufou e saiu pisando duro para o quarto.

Como sempre era tudo culpa de Lucero, mesmo a mulher tendo tentado ao máximo fazer todas as suas vontades, inclusive aquela última de ficar em casa por ela, mas a menina sempre achava que ela fazia isso por pura falsidade, se ninguém além do seu pai gostava dela, por que uma namorada qualquer dele gostaria? Ao chegar ao quarto, ela sorriu perversa tendo uma ideia para matar Lucero de vergonha nesse jantar e após arrumar o que precisava, ela foi tomar banho e se vestir como Manuel mandou. Horas depois, ela saiu do quarto de preto como sempre e uma bolsinha de mão da mesma cor, vendo Manuel já de terno e Lucero em um vestido branco e rendado.

− Você se arrumou aqui? – Isabela perguntou.

− Sim, por quê?

− Hum, nada. – Isabela desviou o olhar e empinou o nariz.

Isabela estava vendo a relação de Manuel e Lucero ficar cada vez mais séria, a mulher até se arrumava na casa dela e ela sabia que sempre que seu pai passava a noite fora, não era em baladas como de costume, era dormindo com ela e aquilo lhe enciumava bastante, pois sentia que estava perto de Lucero se tornar oficialmente sua madrasta.

− Bom, já podemos ir? – Manuel perguntou.

Lucero e Isabela assentiram e Manuel saiu de mãos dadas com a mulher e uma mão no ombro da filha. No caminho, eles foram em silêncio. A única preocupação de Lucero era Carlos aprontar alguma coisa sem que ela estivesse preparada, mas o que ela não imaginava era que quem já tinha tudo certo para lhe pregar uma peça na verdade era a sua enteada.

                                                                                    ~ * ~

A pobi da Lucero não tem paz, quando não é Carlos, é Isabela :S

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