Capítulo 43

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DIAS DEPOIS

Lucero já tinha voltado para a casa de Manuel e tudo estava acontecendo como ela havia previsto, eles quase não se viam e quando se cruzavam na sala ou na hora do jantar, ele a evitava completamente. Aquilo machucava Lucero profundamente, mas ela tentava não focar nisso pelo bem do seu filho que sentia tudo que a mãe sentia e se dedicava a cuidar de Isabela que estava ainda mais carinhosa e atenciosa com ela. Um dia, quando Manuel chegou em casa, ele encontrou Lucero e Isabela sentadas no sofá e abraçadas enquanto brincavam com a barriga dela e a mulher ria de algo que a filha dizia. O homem respirou fundo, parecia muito a sua antiga família que ele sempre sonhou em ter e tinha perdido de uma hora para outra porque ele não conseguia voltar a confiar na mulher mesmo ainda a amando como antes e vendo tudo que ela tinha passado nas mãos de Carlos.

− Papai! – Isabela percebeu que Manuel tinha chegado e foi até ele, o abraçando de lado e beijando seu rosto. – Você não acha que a barriga da mamãe está crescendo rápido?

Lucero e Manuel se encararam. Sempre que tinha oportunidade, Isabela fazia eles ao menos falarem um sobre o outro.

− É, talvez. – Manuel coçou a nuca e desviou o olhar.

− Você se emocionava quando me via crescendo na barriga da minha mãe Mayte? – Isabela continuava perguntando animada.

− É claro, filha, mas era diferente. Você, eu tinha certeza de que era minha. – Manuel beijou a testa de Isabela. – O papai vai tomar um banho. Qualquer coisa chama. – ele subiu correndo sem olhar para Lucero.

Isabela encarou Lucero que olhava por onde Manuel subiu, com os olhos cheios de lágrimas. Ela entendia que era difícil para ele perdoá-la, mas não precisava lhe tratar daquele jeito na frente da menina.

− Mamãe... – Isabela falava, mas Lucero a interrompeu.

− Não se preocupe, minha vida, está tudo bem. Vai almoçar. – Lucero beijou a testa de Isabela e ia subindo a escada.

− Aonde você vai?

− Eu vou descansar um pouco, não sinto fome. – Lucero forçou um sorriso e saiu antes de Isabela contestar.

Lucero foi direto ao quarto de Manuel e entrou sem bater, o assustando. Quase ela o pegava sem camisa, pois ele já se preparava para tomar banho. O clima de repente esquentou, há muito tempo eles não ficavam sozinhos naquele quarto em que tantas vezes se amaram.

− Precisa de alguma coisa? – Manuel tentou perguntar normalmente.

− Preciso que você deixe de me tratar desse jeito na frente da Isabela. Ela não merece presenciar as coisas que você fala de mim.

− Perdão, mas eu não falei nada que ela já não soubesse. Realmente eu não tenho certeza se esse bebê é mesmo meu. – Manuel deu de ombros.

Os olhos de Lucero transbordavam encarando Manuel enquanto ele continuava indiferente. Podia estar sendo errado em usar a criança para atingir a mulher, mas no momento era o que tinha para continuar devolvendo tudo o que Lucero o fez passar.

− Se o problema é esse, amanhã mesmo eu vou falar com o meu médico para fazer o exame de DNA antes da criança nascer.

− Isso não é perigoso? – Manuel perguntou confuso.

− Pode ser, mas qualquer coisa é melhor do que essa humilhação que eu estou passando dentro dessa casa. Sei que estou incomodando e se ainda suporto tudo isso é pelos meus filhos, Isabela que sofreu muito passando tanto tempo longe da segunda mãe e desse bebê que mesmo sendo tão pequeno já passou por muita coisa, mas assim que eu puder, não se preocupe, eu vou lhe poupar da minha presença como você sempre quis. Com licença. – Lucero saiu chorando.

Manuel pensou em ir atrás de Lucero, mas desistiu. Às vezes ele sentia que estava exagerando, mas algo o travava e o fazia se lembrar de todas as mentiras, só lhe dando vontade de se vingar, não importava a que custo. Lucero parou no corredor com as mãos no rosto, tentando controlar o choro. Isabela não deveria vê-la daquele jeito outra vez, mas os hormônios da gravidez junto com tudo que estava acontecendo só faziam com que mais lágrimas e soluços escapassem dela e foi assim que a menina a encontrou quando subiu a escada após o almoço.

− Mamãe. – Isabela foi até Lucero e a abraçou.

Lucero retribuiu o abraço, acariciando o cabelo de Isabela. Seus filhos eram as únicas razões pelas quais ela vivia, pois tinha perdido absolutamente tudo, nem mesmo trabalhar poderia mais até Carlos ser preso.

                                                                                        ~ * ~

O jeito que Manuel destrata Lucero é diferente. Será que ele vai se arrepender um dia? :( <3

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