Capítulo 55

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UM MÊS DEPOIS

Nada tinha mudado, Lucero continuava presa e por mais que Manuel tentasse todos os recursos possíveis, a única resposta que recebia era que deveria aguardar o julgamento. O homem se desdobrava entre os cuidados com Isabela e Manuelzinho e as próprias dores da saudade e preocupações que sentia pela esposa, além de ter comprovado com um exame de DNA pedido pela justiça que realmente era meio irmão de Carlos. Com ela, não era diferente. Apesar de sempre receber notícias dos filhos pelo marido, ela nunca mais tinha os visto, pois não queria Isabela frequentando delegacia e o bebê também era muito pequeno para sair muito de casa, ainda mais para aquele ambiente. Além de tudo, os seios de Lucero doíam de tanto juntar leite sem poder amamentar e naquele momento ela chorava tentando limpar a blusa que quase sempre molhava de leite quando Márcia apareceu.

− Amiga, o que foi? – Márcia perguntou assustada e abriu e entrou na cela rapidamente.

− Não para de sair leite dos meus seios. O meu filho está precisando de mim, Márcia. – Lucero soluçou.

− Oh, amiga. – Márcia abraçou Lucero.

Lucero retribuiu e chorou alguns minutos. Por mais que não pudesse, outra vez Márcia estava sendo o seu ponto de apoio e ela precisava que alguém entendesse que ter o leite jorrando de dentro de si significava que ela precisava de Manuelzinho tanto quanto ele dela. Quando a sentiu mais calma, Márcia soltou Lucero e enxugou seu rosto.

− Olha, eu entendo como deve ser muito difícil isso que você está passando, mas eu tenho uma surpresa que pode te alegrar.

− O que é? – Lucero perguntou, terminando de limpar as lágrimas dos olhos.

Manuel entrou na cela. Ele tinha ouvido tudo e lhe doía tanto o fato de saber que assim como ele estava fingindo ser forte para Lucero, ela fazia o mesmo por ele. As coisas na sua casa não estavam fáceis, por mais que Manuelzinho tomasse o melhor leite indicado pela pediatra, não era suficiente para suprir toda a sua fome e ele acabava se acordando mais vezes à noite tanto por estar faminto como por sentir falta da mãe.

− Amor! – Lucero pulou nos braços de Manuel e o abraçou.

Manuel e Lucero passaram algum tempo abraçados, mas o homem logo a soltou o suficiente para beijar seus lábios apaixonadamente.

− Eu ouvi tudo, amor. – Manuel suspirou após o beijo, a puxando para se sentarem na cama.

− Me fala como ele está, Manuel, mas eu quero a verdade. Sei que você não quer me preocupar, mas eu já estou, então saber da verdade não vai mudar muita coisa.

Manuel suspirou, desviando o olhar. Realmente não estava adiantando esconder nada de Lucero, pois seu próprio corpo a mostrava o que tinha de errado.

− Como eu te falei, amor, ele está tomando o leite indicado pela pediatra, mas infelizmente não é o bastante para saciar a fome dele.

− Eu queria muito poder ajudar. – Lucero suspirou, olhando os próprios seios.

− E você pode, eu tenho uma ideia. – Márcia falou e Lucero e Manuel a olharam, com atenção. – Eu não sou mãe e nem sei como nada disso funciona, mas não existem umas bombinhas para extrair o leite e deixar armazenado em mamadeiras?

− Sim, mas você acha que vão deixar a gente fazer isso aqui? – Lucero perguntou preocupada.

− Hoje nós estamos sozinhos, tanto que o Manuel entrou aqui fora do horário de visita. Nos outros dias, a gente dá um jeito.

− Eu acho uma boa solução, amor. – Manuel falou, olhando para Lucero.

− É, pelo menos o nosso filho não vai ficar sem se alimentar. – Lucero suspirou.

Crime De AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora