Lucero e Manuel passaram boa parte do caminho calados, mas o homem refletia em toda a sua vida até ali e principalmente em como tudo ficou difícil depois que sua esposa saiu dela. Se Isabela já era impossível antes, depois de se apegar à nova mãe, ficou ainda mais, mas as coisas teriam que mudar por ali.
− A Isabela vai se ver comigo quando tudo isso acabar. – Manuel murmurou sem tirar a atenção do trânsito.
− Também não é assim, Manuel. Ela errou, mas foi o jeito dela de fazer justiça.
− E desde quando você sabe o que significa fazer justiça? – Manuel ergueu a sobrancelha, encarando Lucero rapidamente. – Você trabalhar com a polícia não é nada, queridinha, não se esqueça do que você fez.
− Eu sei que eu mereço todos os seus insultos pela mentira, mas quando você vai entender que eu fiz de tudo para não fazer mal a você? Até perdi a minha mãe por isso. – Lucero falou com os olhos marejados.
− Eu sinto muito pela sua mãe, mas talvez se você estivesse contado tudo desde o início, ela estaria aqui e nós dois estaríamos juntos para enfrentarmos esse homem fosse como fosse.
− Manuel, nada do que eu falar aqui vai adiantar. Desde que tudo aconteceu, o que eu tenho feito é tentar fazer você acreditar que eu também fui uma vítima, eu também fui ameaçada o tempo inteiro, passei metade de um ano sendo obrigada a prestar conta de cada passo meu, nunca pude me entregar completamente ao homem que eu amo e a família que ele me deu, por isso eu prefiro não tocar mais nesse assunto e me concentrar na nossa filha que mesmo distante, ainda é o único amor que me resta na vida. – Lucero terminou de falar ofegante.
Lucero enxugou as lágrimas que escaparam sem querer e se virou para o lado oposto de Manuel que a encarava, atônito. Ele a conhecia como ninguém e via a dor e a verdade em seus olhos, mas algo o impedia de acreditar e perdoá-la. O homem se acordou do transe quando buzinaram atrás dele, fazendo-o ver que o sinal estava aberto e acelerar novamente. A mulher olhava pela janela, procurando Isabela em cada canto com o olhar até que a viu sentada em um banquinho, com a cabeça abaixada.
− Ali está ela, Manuel! – Lucero apontou, já tirando o cinto.
Manuel estacionou por ali rapidamente e desceu junto com Lucero. De qualquer forma, pelo menos ele tinha a ela para dividir as preocupações com Isabela.
− Filha! – Lucero chamou alto e correu até Isabela.
Isabela levantou a cabeça, aliviada por ver Lucero, mas não teve tempo de fazer nada, pois a mulher a puxou para um abraço apertado que foi retribuído imediatamente. Ela sentia falta de um abraço que lhe mostrasse que alguém a amava e se importava com ela.
− Como você está? – Lucero segurou o rosto de Isabela com as duas mãos.
− Eu estou bem.
Nessa hora, Manuel se aproximou também, aliviado por ter encontrado Isabela, mas também bravo por ela ter fugido.
− O que você fez, Isabela?
Isabela encarou Manuel rapidamente e abaixou a cabeça. Ela estaria muito encrencada se Lucero não a ajudasse.
− Desculpa.
− Agora não, Manuel! – Lucero encarou Manuel, séria.
Manuel suspirou. Realmente ele estava muito nervoso, não seria bom conversar com Isabela daquele jeito.
− Vamos para casa tomar um banho, comer alguma coisa e aí seu pai e eu vamos ter uma conversa séria com você. – Lucero se levantou, puxando Isabela para fazer o mesmo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crime De Amor
Roman d'amourLucero era uma policial, a melhor e mais requisitada de todo o batalhão. Contratada por Carlos Gómez, seu inescrupuloso chefe, para se aproximar do cantor Manuel Mijares, se casar com ele, roubar toda a sua fortuna e matá-lo em seguida, a bela tenen...