Capítulo 10 - Quero Partir

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No dia seguinte ao enterro, o advogado da família foi até nossa casa.

Eu preparava minhas coisas, pensando em partir rumo a New Jersey, quando vovó adentrou meu quarto.

_ Lucy?

_ Sim? — eu a encarei.

_ O advogado da família está aí. Quer falar com você.

Desci as escadas apressada.

O dia estava parcialmente nublado. Eu não me sentia feliz e minha sensação era a de que estava completamente sozinha, mesmo com a companhia de vovó e vovô.

_ Senhorita Lucy! — ele me abraçou. — Como você cresceu! Sinto muito pelos seus pais.

_ Tudo bem. Ahn... O que quer comigo?

_ Tratar de negócios. — ele olhou para o chão. — Eles deixaram tudo para você, incluindo a casa.

_ Tudo? — arregalei os olhos.

_ Tudo. — o advogado, cujo nome eu não recordava, deixou que um sorriso escapasse pelo canto de sua boca. — Suponho que você não permanecerá nesta casa.

_ Não. — murmurei. — Irei morar com vovó em New Jersey.

_ Então... O que pretende fazer com ela?

_ Posso decidir isso mais tarde? Mais tarde como daqui há uns dez anos.

O advogado riu.

_ Quando atingir a idade adulta voltaremos a falar disso, já que se recusa a tomar uma decisão agora. — afirmou, acalmando meus pensamentos que estavam mais confusos que minha própria vida.

Assenti.

De repente, perco minha mãe. Meses depois, fico sem meu pai. Vou mudar para New Jersey para morar com meus avós e, como se isso fosse normal, descubro que todos os bens de minha família foram transmitidos ao meu nome. Não que sejamos ricos, mas é uma boa quantia de dinheiro...

_ Julia? — chamou ele.

_ Sim? — minha avó apareceu na sala.

_ Vou embora. Encontraremo-nos novamente quando Lucy chegar a idade adulta. — ele abraçou vovó, sorriu para mim, abriu a porta e se foi.

Creio que este advogado não é muito normal. Que raios de pessoa mal te cumprimenta e já vai se despedindo?!


_ Está arrumando suas coisas? — perguntou minha avó, tirando-me de meus inúteis pensamentos.

Já havia ido para meu quarto no intuito de terminar minha mala para a mudança.

_ Sim. — respondi. Ela riu e eu não entendi o motivo. — O que foi? Do que está rindo?

_ Minha neta, temos que acertar a papelada para ter sua guarda. Você se muda para New Jersey em, aproximadamente, um mês. — murmurou ela sorrindo quando fiz uma careta como quem diz "tudo isso?". — Vai passar rápido.

Dito isto, abraçou-me e saiu, deixando-me sozinha.

O mês não passou rápido. Pelo contrário! Passou rastejando.

Tudo naquela casa lembrava-me meu pai ou minha mãe e, sempre que me lembrava deles, chorava.

_ Chegou o grande dia, Lucy! — vovó abriu subitamente a porta do quarto, fazendo com que eu desse um pulo na cama. — Você estava dormindo? Desculpe! Mas é que estou com saudades de New Jersey.

Vovó vinha sacrificando muitas coisas por mim. A pacata New Jersey havia sido abandonada por cerca de um mês, para que minha avó prestasse a mim, seus cuidados. Além disso, vovô passava a semana em casa, mas vovó ficava aqui, comigo.

O Ciclo de Sangue - Traçado pelo Destino (livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora