Capítulo 12 - Encontro nem um Pouco Comum

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_ Fique calma! — uma mão cobriu minha boca, abafando um grito que, inevitavelmente, saíra por entre meus lábios.

Virei-me com os olhos arregalados. Eu tremia muito e minhas pernas cambaleavam, mas quando vi quem me segurava, senti alívio.

Era um rapaz pouco mais alto que eu, com olhos azuis penetrantes, além de cabelos curtos e negros. Era lindo!

Magro e com pele clara, vestia um jeans surrado e uma blusa completamente branca, o que não contribuía para destacar seu rosto. Entretanto, sua própria aparência destacava-se por si só.

_ Quem é você? — consegui dizer após observá-lo.

Ele não respondeu. Simplesmente voltou-se para a floresta, murmurou algo como "cedo demais!" e saiu correndo por entre as árvores.

Eu fiquei parada ali por mais alguns minutos enquanto tentava entender o que acabara de acontecer.

Por fim, resolvi que era melhor ir para casa.

Estava organizando meu novo quarto quando ouvi o carro estacionar.

_ Lucy? — vovó chamou enquanto destrancava a porta e adentrava a casa.

_ Sim? — coloquei a cabeça para fora do quarto.

_ Você começa na segunda! — ela vinha em minha direção toda sorridente.

Minha avó estava sendo a melhor pessoa do mundo. Estava deixando seus próprios afazeres de lado para dar-me assistência. Além disso, fazia de tudo para manter-me integrada as conversas e por dentro dos assuntos.

Dava pra ver a exaustão em seus grandes olhos cor de mel, mesmo assim, ela não parava de me ajudar.

_ A escola é longe daqui? - perguntei.

_ Não. É a mais próxima que encontramos.

_ Então vou poder ir a pé?

Não estranhe, mas, durante toda a minha infância, sonhei em ir a pé para a escola.

_ Sim! — exclamou vovó ao ver minha animação. — Segunda-feira será uma aula experimental para que você possa se adaptar.

_ Vou estudar pela manhã?

_ Sim. A aula começa às 8 horas, portanto você precisará acordar às 7 horas, para que às 7:30 já esteja saindo de casa.

_ Ok. — murmurei, exalando felicidade.

Nova escola, novas pessoas, novas oportunidades de fazer amizade... Será ótimo!

Além disso, secretamente eu torcia para que aquele garoto que esbarrei na floresta estudasse naquela escola. Estava muito curiosa para saber quem era aquele rapaz e tinha a estranha sensação de que deveria conhecê-lo.

Logo a hora de dormir chegou. 

Seus avós vão para a cama cedo? Imagina que os meus também? Se engana quem pensa isso. Eram 23 horas e eles estavam assistindo TV sem nenhuma pretensão de dormir. Eu estava junto deles, mas resolvi ir me deitar.

_ Boa noite para vocês... — bocejei. — Vou me deitar.

_ Boa noite! — eles responderam em uníssono.

Escovei os dentes e fui para meu quarto.

O dia teria sido perfeito se aquela noite não tivesse existido. Eu virava de um lado para outro, mas todas as posições eram desconfortáveis.

O pior era que aquele garoto em que esbarrei na floresta não saía de minha cabeça! Além disso, eu ainda sentia a sensação de que deveria conhecê-lo.

Demorei muito para pegar no sono, porém, quando acordei, parecia que havia apenas cochilado por cinco minutos!

Abri os olhos meio desnorteada. Por alguns segundos eu esquecera de minha mudança.

Levantei calmamente e olhei para o relógio: 10 horas da manhã!

O Ciclo de Sangue - Traçado pelo Destino (livro 01)Onde histórias criam vida. Descubra agora