O Ciclo de Sangue - Traçado pelo Destino (livro 01)

Capítulo 31 - É Chegada a Hora

Após seis dias de intensa preparação, rodeada de sorrisos e alegria, eu sentia o medo pesar em meu coração.

_ Posso sentir a batalha se aproximando. – sussurrei para Ícaro.

Estávamos sentados a mesa, no grande salão, a espera do jantar. 

A insegurança era clara, expressa em meus olhos. Creio que os outros membros dos Luminescentes percebiam, pois olhavam em minha direção com caras assustadas.

_ Você está certa. Vê como há poucas pessoas aqui conosco? - murmurou Ícaro.

_ Sim. – respondi, observando as várias cadeiras vazias ao nosso redor. 

O frescor da noite invadia o local de forma intensa. Parecia espetar-me cada vez mais fundo! Meus braços tremiam. 

_ Estão se preparando. – afirmou ele num suspiro.

_ Queria não ter que passar por isso. - lamentei.

_ Nenhum de nós queria.

Dito isto, o jantar chegou. Comemos em silêncio e, logo em seguida, fomos dormir. 

Não tive sonho algum. Estava preocupada demais até para sonhar...

O dia amanheceu frio. O céu estava tomado por nuvens negras.

Todos estavam agitados.

_ Lucy? – chamou Aurora, abrindo a porta de meu quarto.

_ Sim?

Era de manhã e eu havia acordado há pouco tempo.

_ Vamos tomar café?

_ Vamos. – respondi enquanto levantava-me.

Caminhamos em silêncio e sentamo-nos a mesa. O clima pesado que nos circundava era torturante.

_ O que seu coração diz? – murmurou ela para mim enquanto sentava-se a meu lado.

_ Que é chegado o dia. – respondi com pesar.

_ Não tenho certeza, mas também acho isso. Devemos nos preparar.

As nuvens lá fora pareciam prestes a derramar rios de água.

_ Este clima não me anima em nada. - reclamei.

_ Nem a mim. – concordou ela.

Comemos em silêncio.

Ao fim do lanche, dispensei a todos como sempre fazia.

_ Lucy? – chamou Aurora antes que me retirasse. – Vista a roupa que está sobre sua cama. Depois pegue sua espada e mantenha-a sempre no cinto.

_ Ok. 

Mais que nunca sentia um nó na garganta. 

_ Encontre-me aqui assim que estiver pronta. – disse ela enquanto saía.

Assenti e fiz o que me foi ordenado.

Troquei de roupa rapidamente e peguei minha espada.

Mesmo não sendo característica da luz, a blusa e a calça eram pretas. Ambas coladas ao corpo, ajeitavam-se perfeitamente a mim, dando-me liberdade completa de movimentos.

Prendi meu cabelo e, enquanto ajeitava minha arma no cinto, ouvi batidas desesperadas, quebrando o silêncio do ambiente e levando junto o resto de paz que habitava meu peito.

_ LUCY! – gritava Aurora.

Corri até a porta e a abri.

_ É chegada a hora! – exclamou ela com os olhos arregalados.

Meu mundo despencou. Um choque percorreu meu corpo e fui abalada por uma imensa vontade de chorar.

_ Eles...? – balbuciei enquanto saía correndo do quarto atrás de minha líder.

_ Invadiram nosso território? Sim! – afirmou ela.

Descemos as escadas o mais rápido possível.

Quando alcançamos o grande salão pude ver um monte de gente discutindo e falando alto, todos buscando uma solução.

Entre a multidão avistei Ícaro e Marcel, cada qual portando, respectivamente, uma espada e um arco. Marcel, além do arco, trazia  nas costas uma aljava cheia de flechas.

_ Silêncio! – Ordenou Aurora. Depois me encarou, como se quisesse que eu solucionasse o problema.

_ Bom... – comecei. – Vou à frente. A meu lado devem estar Aurora, Marcel e meu guardião.

Os três assentiram como se aprovassem o que acabaram de ouvir.

_ E o resto de nós? – perguntou Ana.

_ Quem sentir-se preparado deve nos seguir. – suspirei. – Entretanto, afirmo que cada Luminescente que lutar conosco fará toda a diferença.

Uma salva de palmas soou e eu caminhei até chegar à frente de todos.

A meu lado direito posicionou-se Ícaro. Logo atrás de nós estavam Aurora e Marcel.

_ Obrigada por estar a meu lado. – sussurrei para meu guardião.

Ele sorriu e, disfarçadamente, segurou minha mão.

Um calafrio percorreu meu corpo e cada vez mais sentia a adrenalina invadir minha alma.