O Ciclo de Sangue - Traçado pelo Destino (livro 01)

Capítulo 35 - O Retorno

Férias! Graças a Deus! Não aguentava mais... Enfim vou descansar.

Na primeira segunda-feira, após minha chegada, voltei para a escola. Rapidamente recuperei os dias perdidos. Quer dizer, não só eu, como também meu lindo namorado.

Jake não apareceu mais, o que era óbvio. Entretanto, ninguém perguntou sobre ele... Até hoje, pergunto-me se a magia do Caos encobriu seu desaparecimento.

Nem mesmo Ícaro deixava transparecer a culpa que carregava por ter visto seu irmão morrer, mesmo que, no fundo, eu sabia que ele não ficara completamente feliz. Creio que ele ainda esperava ver o irmão de volta à Luz, mas preferi simplesmente esquecer esse cara... Só assim viveríamos felizes e em paz.

Eu via Ícaro todos os dias e, nos fins de semana, passeávamos pelas redondezas.

Nunca mais retornei a sede dos Luminescentes. Sequer ouvi falar deles.

Hoje foi meu último dia de aula... Depois de quase seis meses estudando, já podia sentir a paz invadir meu coração.

_ Você vai almoçar na minha casa, certo? - perguntei a Ícaro enquanto deixávamos a escola.

Neste meio tempo em que estudamos, estivemos muito próximos um do outro. Ele confiou a mim vários segredos, desde os mais bobos aos mais comprometedores. Dentre eles, fiquei sabendo que Ícaro perdeu a mãe quando era criança, mas, graças a Jake, eles uniram-se aos Luminescentes e constituíram uma vida naquele lugar. Ironia do destino...

Além disso, meu guardião nunca conheceu o pai. O cara abandonou Lillian (mãe de Ícaro) e seus dois filhos - Jake com dois anos de idade e Ícaro com apenas seis meses de vida.

Meu namorado vivia numa espécie de república que ficava há poucos metros da escola. Entretanto, odiava aquele lugar. Era apenas para rapazes, sendo que todos eles eram uns completos brutamontes. Nunca fui até lá por recomendação de Ícaro. Ele diz que não quer que eu corra tamanho risco... Creio que seja exagero da parte dele, mas não vou arriscar.

_ Certo. - exclamou ele.

Abri um enorme e terno sorriso. Ele aproximou-se lentamente de mim - como sempre fazia - e deu-me um beijo.

_ Eu te amo! - sussurrou em meu ouvido.

Dei-lhe um beijo na bochecha enquanto me afastava e murmurei:

_ Eu te amo mais.

Em seguida, segurei em sua mão e forcei-o a caminhar.

Ele sorriu e abraçou-me meio de lado, seguindo caminho lentamente rumo à minha casa.

_ Chegamos! - exclamei enquanto abria a porta de casa, para anunciar à vovó que estávamos entrando.

_ Como foi o último dia de aula? - perguntou ela da cozinha.

_ Foi ótimo. - respondeu Ícaro enquanto ria de minha careta, que afirmava o contrário.

_ Mentira! Foi chato como todos os outros dias letivos do ano. - afirmei, jogando-me no sofá em seguida.

Meu guardião sentou a meu lado e ficou mexendo em meu cabelo, carinhosamente.

_ Vó, quer ajuda? - perguntei.

_ Não, querida. - respondeu ela.

_ OLÁ, FAMÍLIA! - gritou vovô, abrindo a porta num estrondo.

Ícaro e eu demos um pulo no sofá. Vovó apareceu na sala com os olhos arregalados.

_ Quer me matar de susto, Michael?! - perguntou, irritada.