O Ciclo de Sangue - Traçado pelo Destino (livro 01)

Capítulo 23 - Eu Não vi a Realidade

A semana passou preguiçosa e não continuei aquela conversa com vovó. Na verdade, fugi do sermão durante todos aqueles dias.

Definitivamente não queria ouvir alguém falando mal do rapaz que eu gostava. Ou que me forçava a gostar...

Na sexta-feira, após a aula, fui passear com Jake.

_ Vamos tomar um sorvete? – perguntou ele, gentilmente.

_ Sim! – respondi, animada.

O dia estava abafado, então um sorvete seria mais que bem vindo.

_ Conheço uma sorveteria não muito longe daqui que faz sorvetes deliciosos. – exclamou ele, tomando-me pela mão e mostrando-me o caminho.

Caminhamos em silêncio. A mão de Jake não largava a minha por um minuto sequer. Entretanto, não sei dizer se aquilo me agradava mais que me incomodava.

Logo alcançamos nosso destino.

O lugar era uma graça! Por ser climatizado, estava bem mais agradável que a rua lá fora.

Montamos nossos sorvetes e sentamo-nos numa mesa mais afastada, um ao lado do outro.

_ É realmente muito bom. – murmurei enquanto me lambuzava por inteiro.

A delícia gelada escorria por minhas mãos, como se eu fosse uma criança desastrada. Jake sorria para mim com ternura.

Quando dei fim ao sorvete, percebi que Jake não estava nem na metade e, pacientemente, deliciava-se. Pouco a pouco ia dando fim a seu doce.

_ Vou lavar minhas mãos. – avisei enquanto levantava-me para ir ao banheiro.

Quando voltei, Jake estava quase terminando.

_ Lucy, preciso ter uma conversa séria com você. – disse ele, surpreendendo-me.

Fui tomada por um terrível frio na barriga.

_ O que foi? – perguntei preocupada enquanto sentava novamente.

_ Você sabe a que família pertence? Quero dizer, tem conhecimento da importância de sua existência?

_ Ahn... Do que está falando?

_ Eu sei da função exercida pelas moças de sua família. – exclamou impaciente, como se minhas dúvidas quanto ao assunto da conversa fossem ridículas.

_ Como sabe?

_ Pertenço a um dos lados. Infelizmente, o oposto ao seu, mas há como resolver isso.

Jake segurou minhas mãos com ansiedade e um leve brilho passou por seus olhos.

Uma enxurrada de pensamentos passou por minha cabeça. No fim, vovó tinha razão! E Ícaro também... Jake realmente era do Caos e, se eu não estivesse enganada, iria tentar arrastar-me para lá.

_ Há? – perguntei, louca para ver até onde este idiota postado a meu lado iria com isso.

_ Sim! Basta que você se deixe levar pelo Caos.

Soltei suas mãos.

Por que não dei ouvidos a vovó e meu guardião? Tudo estava tão óbvio agora. Ele houvera aproximado-se de mim para incitar-me a trocar de lado. Idiota!

_ Deixar que o Caos me domine? Está ficando louco? – exclamei.

_ Não, não estou ficando louco. Lucy, o Caos não é nada do que dizem a você.

_ É pior. – disse, levantando-me, pronta para ir embora.

No mesmo instante, Jake levantou-se e segurou-me fortemente pelo pulso.