- Deuses! — gritou Celine. — Ela realmente falou!
Dario impressionou-se e depois sorriu.
- Ué? Se não queria que ele falasse com você, por que chamou?
- Isso é muito sério, senhor Dario — repreendeu Mondegärd. — Celine, diga mais alguma coisa. Vamos tentar descobrir algo!
- O Monde tá cada vez mais parecido com o Gerolt... — emendou Adriel, parecendo não se importar com os fatos que se desenrolavam.
Quando percebeu a piada que fizera, entretanto, logo repreendeu-se por zombar dos mortos. "Como posso brincar com aquele que doou sua vida por mim?", questionou. Algo em seu interior, no entanto, o fez mudar de ideia subitamente. "O que adianta perder a felicidade pelos que foram? Tenho certeza que não foram por isso que eles se sacrificaram" e de olhos fechados, o rosto erguido para cima, como se procurasse sua irmã querida e o amigo de infância nos céus, orou: "Por favor, Celia, Grey... Por favor deuses, cuidem da Isa por mim...". Então abriu os olhos e o peso das mortes pareciam ter diminuído sobre seus ombros.
Renovado e finalmente disposto a lutar, olhou para Celine. A jovem estava assustada, quase cambaleante, por conta da resposta dada pela armadura. A voz era soturna e grave, feito lamento ecoando em caverna profunda.
- Ah... Ah... — gaguejou a arqueira. — Olá! Quem é o senhor? — conseguiu falar, tímida e acuada.
Uma voz foi ouvida novamente por todos:
- Matar... Matar...
O som era captado, entretanto, parecia não ser pelos ouvidos. É como se alma de cada um dos guerreiros pudesse perceber, de alguma forma, os desejos do espírito no interior da armadura.
- Ele só fala isso! — Celine estava ficando apreensiva. Dario aproximou-se da jovem e tocou seu ombro, falando baixinho em seu ouvido:
- Você está indo bem; já vez mais do que qualquer um aqui faria. Agora continue assim. Pergunte sobre ele, qualquer coisa que vier à sua cabeça.
Celine virou-se para a armadura novamente, que continuava parada sobre a ponte.
- Senhor, como é seu nome?
- Matar... Ma... Nome...
- Isso! — entusiasmou-se a jovem. — Seu nome!
- Nome... Meu nome...
Neste instante, para surpresa de todos, um grito ensurdecedor ecoou pela sala. Celine tentou levar as mãos aos ouvidos para se proteger, mas não conseguiu. Seus braços não a respondiam.
- Estou paralisada! — berrou desesperada.
A armadura tremeu e começou a andar em direção a ela.
Dario sentiu um choque percorrer o corpo, iniciando pela mão descansada sobre o ombro da companheira. Com alguma dificuldade, adiantou a perna e se prostrou entre Celine e a armadura. O inimigo, no entanto, moveu-se até onde a ponte se emendava à primeira parte da sala. Ali, parou de se movimentar. Por sorte, Celine estava fora do alcance de seu ataque.
- Consegue se mover?! — perguntou Dario.
- Não consigo! — falou Celine. — Sinto algo gelado em meu corpo...
- O Toque dos Mortos! — gritou Mondegärd. — Só pode ser isso!
- O que é isso? — quis saber Adriel, olhando para a armadura com o espelho.
- É como chamamos quando o espírito de alguém que já morreu entra em contato com o corpo de alguém que está vivo — explicou o mago. — Quando o espírito faz isso, o choque entre o espírito do morto com o do vivo faz com que os dois experimentem uma paralisia momentânea.
- Mas estou olhando e o espírito continua dentro da armadura...
- Esperem... — falou Celine com alguma dificuldade. — Se a armadura não consegue nem falar, como o dono da relíquia pode passar por ela? Ele precisa se comunicar de alguma forma... Talvez a armadura não esteja sozinha...
- Você tem razão! — gritou Dario. — Adriel! Deve haver outro espírito nesta sala!
Adriel moveu o espelho e o direcionou para Celine. Foi quando viu o espírito de uma mulher de longos cabelos loiros em frente da amiga. A mulher morta estava com o braço esquerdo estendido, tocando gentilmente a face de Celine, as duas imóveis.
- Eu vejo! É o espírito de uma mulher! Está em frente à Celine tocando-lhe a face!
- Foi assim que mataram a Isa! — reagiu a guerreira paralisada.
- Muito bem! — Todos ouviram. — Foi exatamente assim... — Uma voz feminina penetrava o âmago dos membros do grupo, como se estivesse fazendo zunir o coração.
Celine conseguiu se mover e Adriel acompanhou o movimento da mulher com o espelho.
- Quem é você?! — gritou ele.
- Eu sou Aelinne, noiva de Holmër, o Espada de Sangue.
- Holmër Espada de Sangue... Aelinne... Eu já ouvi esses nomes... — divagou Mondegärd.
- Você já ouviu — explicou Dario. — Holmër Espada de Sangue era um gladiador famoso em Dehör há muitos anos. Sem nunca ter sido ferido em combate, Holmër foi acometido por uma doença e morreu anos atrás.
- Ele não morreu! — O grito estridente fez todos contorcerem a face. — Eu o salvei! Não estão vendo?! Holmër continua vivo! E assim que matarmos vocês, estaremos livres para sair deste lugar...
As palavras de Aelinne fizeram todos perderem a fala. O que significava tudo aquilo?
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Era Perdida: O Globo da Morte
FantasiaSaiba mais no site - www.eraperdida.com.br Até onde você iria para fazer a vontade de seu rei? Arriscaria sua vida e a de seus melhores amigos? Quando um conhecido e poderoso mago chegou ao castelo para uma reunião com o rei e seu primogênito, t...