Capítulo 49 - Eu ou ela?

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- Permita-me discordar, comandante – respondeu Isa. Todos olharam para ela. – Não há dúvidas de que você é o mais poderoso deste grupo. Você e o Monde podem acabar com qualquer um de nós, tenho consciência disso. No entanto, eu sou a mais indicada para esta luta. Sou maior, mais forte e minha armadura garante maior resistência.

Dario sorriu e não respondeu.

- Ela está certa, senhor – Mondegärd concordou; seus olhos mostravam um brilho diferente do habitual. – Mesmo o senhor sendo mais poderoso, em um campo aberto, com um quilômetro de distância entre ambos, quem venceria: o senhor ou Celine? Antes que pudesse alcançá-la, ela teria colocado uma flecha em seus dois braços, pernas, uma na testa e uma no coração. O senhor tem defendido que os comandados tenham liberdade, esta é a hora adequada para bancar esta premissa.

- Eu temia que isso acontecesse – Dario começou a falar, por fim. – Vocês estão corretos. Nesta luta, agilidade não conta. O espaço é curto e a esquiva só pode ser feita para trás. Não há locais para contragolpear e nem pontos fracos aparentes. Para esta luta, precisaremos de força e resistência. Isa e seu machado são os candidatos perfeitos.

Isa e Mondegärd sorriram, impressionados. Nem eles próprios poderiam ter defendido suas ideias de forma tão coerente. Entretanto, o príncipe prosseguiu:

- Mas vocês se esquecem de algo. Eu sou o capitão deste grupo e é minha responsabilidade proteger meus comandados. Não deixarei Isa lutar sem ter informações. Eu vou lá, e se falhar, ela lutará em meu lugar, assim como Adriel conseguiu o espelho depois da minha derrota naquele teste. Quando o Adriel entrou na sala anterior, Mondegärd me disse “seja como for, você é responsável”. E ele estava certo. De forma que não permitirei que Isa lute sem saber contra o que está lutando. Se algo acontecesse com ela, não conseguiria me perdoar.

Mondegärd colocou a mão no ombro de Dario e sorriu acenando positivamente com a cabeça. Para o mago, o capitão estava assumindo o controle da situação, como era sua responsabilidade.

- Comandante, você é um cara bacana – disse Isa, também sorrindo. – É muito bonzinho e responsável. Por conta dessas qualidades eu tenho grande prazer em seguir suas ordens sem nunca questionar. Não o sigo por medo ou por dever, mas por admiração. – A mulher de franja parou por um tempo e depois arrematou: - Mas você é um cabeça dura também. E por isso não seguirei suas ordens, ao menos desta vez. Espero que entenda.

Os olhos do comandante arregalaram. Os outros também ficaram surpresos. Celine e Mondegärd iam revoltar-se com Isa, mas Dario sorriu e acenou positivamente.

- Legal! – comemorou a guerreira. – Vou mostrar àquele demônio como é bonita a lâmina do meu machado. Ele poderá ver bem de perto, quando ela atravessar aquele capacete.

- Senhor... – Mondegärd virou-se para Dario, preocupado.

- Desculpe-me – respondeu o príncipe, sem ter certeza se fizera o correto. – A responsabilidade continua sendo minha.

Isa foi andando em direção à ponte quando Dario a agarrou pelo braço.

- Isa, escute bem. Não importa o que aconteça, se nós dois fôssemos lutar um contra o outro naquela ponte, com certeza você me derrotaria facilmente. Itens que são trazidos à vida magicamente são mais lerdos e menos inteligentes. Não sinta medo, você tem tudo para se sair bem. Não tenha confiança em demasia, no entanto; mantenha o foco e pense somente na luta. Ele será lerdo e atacará forte. Se achar que não conseguirá suportar a defesa, recue e contra-ataque enfiando o machado no capacete. Se as coisas saírem do controle, volte e vamos pensar em alguma coisa. Se algo acontecer com você, não sei o que farei.

- Obrigada, comandante. Não se preocupe, vou acabar com ela.

- Desculpe-me por ficar preocupado, sei que é uma grande guerreira.

Isa sorriu e olhou para Adriel. Ele parecia preocupado, mas sorriu desejando boa sorte. Celine não estava gostando da ideia: “Se até Meriedro foi derrotado, com certeza não será assim tão fácil. Qual será a resposta para o enigma? O dono do artefato não enfrentará essa armadura quando vier pegar seu tesouro. Dario e Mondegärd estão certos... Seria impensável ter que a enfrentar todas as vezes... Deve ter outra forma...”. A jovem olhava para os lados, para o teto, para a ponte, para o lago, mas não via nada.

Enquanto isso, Isa aproximou-se da ponte e parou por um instante. Respirou fundo e deu o primeiro passo – firme – sobre as pedras da passagem. A armadura tremeu.

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Era Perdida: O Globo da MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora